O longa nos conta que Wendy e Paul viajam em um trailer com o objetivo de acampar com sua filha. Quando de repente a jovem desaparece sem deixar vestígios, o casal sai em busca da menina pedindo ajuda a todos. Ao perceberem que nenhum avanço acontece, eles decidem ser mais radicais, indo até as últimas consequências para resgatarem seu bem mais precioso.
Anda uma moda de migração da maioria dos atores para a cadeira de diretor e roteirista que é uma beleza, e certamente a maioria já viu algum filme com Peter Facinelli (o vampiro loiro de "Crepúsculo" para ajudar na lembrança) como ator, mas como diretor e roteirista esse é apenas o seu segundo exemplar, e ele conseguiu incorporar o tradicional feitio de um longa bem amarrado, daqueles que ficamos o tempo todo conversando com a TV e falando "ele não vai fazer isso", "para com isso", "você ta maluca!", e por aí vai, de modo que sua síntese nem é tão simples, e fez algo que aparentemente era bem simples, fácil de pegar, e tudo mais, ficar tão amarrado, tão cheio de arestas e ao mesmo tempo tão preparado para surpreender, que não conseguimos acreditar quando o filme nos revela, pois tudo fez muito sentido, e mesmo sendo cansativo por nos amarrar, o resultado explode numa intensidade tão boa que não temos mais do que reclamar. Ou seja, é daqueles longas que você passa 90 minutos xingando, pensando e tudo mais, para no final falar: "não acredito!", e assim o resultado ser perfeito.
Sobre as atuações, diria que Anne Heche e Thomas Jane se entregaram muito bem na personalidade marcante de seus Wendy e Paul, ao ponto que acreditamos em cada uma das situações que o casal vive na trama, ficando tensos em praticamente todo o filme, nervosos com as besteiras que fazem com armas na mão, mas que até entendemos bem o desespero de pais ao não verem resultado numa investigação, mas certamente a maioria faria num tom abaixo de loucura, e claro que os trejeitos e sensações que cada um acaba passando é melhor ainda a cada reviravolta. O xerife Baker vivido por Jason Patric também teve cenas bem intensas e dramatizadas, mas raspou a trave de puxar o filme para si quebrando o eixo da história para algo novelesco com dois núcleos, porém manteve bem seus trejeitos e vivenciou bem os momentos da família entregando boas cenas. Outro que foi bem com trejeitos de claro viciado meio estranho que acaba jogando muitas suspeitas para si foi Alex Haydon com seu Justin, mas o jovem certamente poderia ter ido além em diversos momentos, o que deu uma certa brecada nas nuances. O casal vivido por Kristopher Wente e Aleksei Archer até teve algumas boas nuances, mas ficou muito sem fluxo nas cenas, parecendo ser daqueles que não entenderam o que tinham de fazer em cena, mas não ficou ruim de todo modo, além claro das nuances sensuais de Miranda que chama atenção do protagonista. Logo de cara já dá para ter desconfiança dos problemas de John D. Hickman com seu Tom, pois ninguém é tão estranho assim na primeira cena, mas seus atos de reviravolta foram bem intensos e interessantes de acompanhar, e isso não é um spoiler. E claro para fechar, diria que o diretor apareceu demais com cenas tão jogadas para seu Rakes, só falando de FBI isso, FBI ligou, liguei para o FBI, que olha fez diálogos para todos os personagens e esqueceu os seus, ficando repetitivo demais, e dispensável demais.
Visualmente o longa foi bem simples, com um lago rodeado por muita floresta, uma lojinha/sede do camping com vários produtos para compra/locação, com cartazes simples sem nada muito chamativo, dois ônibus/trailer bem completos de recursos e claro muitas pistas nos objetos cênicos, alguns carros da polícia, a casa do xerife apenas para uma nuance de reflexão, algumas cenas em hospitais, a frente da delegacia para algumas entrevistas, o pequeno trailer do jovem drogado completamente bagunçado, alguns latões de lixo importantes, e claro um quartinho secreto de vídeos que vai ser usado mais no fim, ou seja, tudo deve ser bem olhado para pegar pistas, e mostrando que a equipe de arte brincou demais com nossa mente, usando claro o roteiro com muito afinco, mas sem pesar a mão em nada.
Enfim, é um filme que tem um ritmo meio que cansativo e amarras exageradas no miolo, mas que tem um fechamento tão bom, que compensa todo o tempo que ficamos esperando por algo, sendo daqueles longas que a surpresa vem e nos bota no chão, inclusive mudando tudo o que achávamos que tinha acontecido na cena anterior. Ou seja, recomendo ver o filme com calma, descansado para não dormir nas partes do miolo, e se surpreender bem com o fechamento chocante. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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