HBO Max - Nem Um Passo Em Falso (No Sudden Move)

7/05/2021 01:16:00 AM |

Sempre que vou conferir filmes envolvendo máfias, com ladrões usando extorsão para ter algum tipo de ganho, e ainda envolvendo diversos personagens secundários que em algum momento da trama passam a ter conexões maiores que as dos principais já fico preparado para tentar captar todas as ideias que desejam, e confesso, é sempre muito difícil, pois começa a virar uma bagunça total, surgir personagens que nem sabemos mais quem é na trama, e o resultado acaba ficando bem confuso. E comecei o texto do filme "Nem Um Passo Em Falso" da HBO Max dessa forma, pois é exatamente isso que acaba ocorrendo com a trama: um verdadeiro combinado completo de ideias, muitos personagens, muitas negociações, e um fechamento meio que absurdo demais, daqueles que talvez numa série bem dividida, com boas apresentações talvez funcionasse mais, mas aqui o resultado é um filme até que intenso de boas atuações, mas sem nada que você surpreenda com algo, parecendo que nem viu nada de interessante, e olha que pelos créditos finais tudo ocorreu mais ou menos dessa forma na concepção de partes de projetos dos automóveis. Ou seja, tem bons atores, tem diretor imponente, tem bastante história, mas é fraco demais no conceito geral.

O longa acompanha um grupo de pequenos criminosos em Detroit na década de 1950. Eles são contratados por uma pessoa anônima para roubar um importante documento. Mas quando seu plano dá terrivelmente errado, o grupo descobre que se envolveu em uma rede de conspirações muito maior do que poderiam imaginar.

O estilo do diretor Steven Soderbergh é daqueles que muitos não conseguem gostar de forma alguma, pois ele raramente entrega um longa "fácil" de se assimilar, brincando geralmente com tantas facetas que por vezes acabam até fluindo de uma maneira ruim, já que caem em conflitos de personalidades, personagens muitas vezes jogados, e alguns até não tendo a devida importância, porém quando acerta a mão acaba entregando obras que encantam ao máximo com tudo o que passa. Porém aqui seu filme caiu no primeiro caso, o de uma bagunça completa, fazendo com que um filme cheio de artimanhas que foi provavelmente muito bem escrito por Ed Solomon ficasse muito amplo de ideias, com conflitos inacabados, e principalmente com muitos personagens sem apresentações devidas, ao ponto que em alguns atos cheguei a pensar até que tinha dormido ou pulado algo, mas não, o filme rolou completamente perfeito e o resultado é estranho de se envolver, e não é algo que não dê grandes conexões, mas sim um estilo que acaba não pegando bem, e não flui de uma forma agradável de assistir, ficando mais estranho a cada cena, e bagunçando tudo ainda mais com a aparição de novos personagens a cada ato. Ou seja, é daquelas tramas que alguns até podem amar demais tudo, mas dificilmente veremos alguém daqui a certo tempo falando realmente tudo o que rolou, pois é impossível.

Sobre as atuações, é aquele velho ditado, que com muitos paus se faz uma canoa, mas nem sempre ela flutua, e aqui temos um elenco de peso, com grandes nomes do cinema, mas a harmonia entre todos parece meio que conflitiva, e mesmo a dupla principal vivida por Don Cheadle e Benício Del Toro não se encaixa bem em alguns momentos. Don Cheadle trabalhou seu Curt com muito envolvimento e se mostrou daqueles que está disposto a só ir aumentando a aposta, ao ponto que vamos nos conectando bem com seu personagem, mas em momento algum vemos ele explodir como poderia, sendo daqueles que seguram a trama para si, mas não vão além, o que é ruim de ver. Já Benício Del Toro brinca com seu Russo, criando um ambiente de negociações com tantas pessoas, que pensamos até que ele vai se dar realmente bem com tudo, mas sabemos que em filmes de máfia não é bem assim que rola, e mesmo fazendo grandes nuances e facetas expressivas, ele ainda conseguiu cair em um golpe também. David Harbour trabalhou seu Matt de uma forma meio que desesperada de estilo, ao ponto que tudo parece que vai desabar em cima dele, e ele até trabalha bem esse estilo de sentimentos, mas pareceu frouxo demais de atitudes, e assim não vamos muito além com ele, e dentro de sua família ainda tivemos um Noah Jupe bem colocado com seu Matthew se impondo, e Amy Seimetz trabalhando uma Mary pronta para tudo, e sabendo que não é a prioridade do marido, com olhares e expressões bem marcantes em cima disso. Ainda tivemos ótimas facetas através de Julia Fox com sua Vanessa (principalmente nos atos finais), Brendan Fraser com um Doug cheio das negociações, um Kieran Culkin completamente maluco e desesperado com seu Charley, além de Hugh Maguirre bem usado como Mel Forbert, Jon Hamm como o policial Joe Finney e Ray Liotta como Frank Capeli, mas a surpresa máxima foi Matt Damon surgir como o grande negociador no final com seu Mike, ou seja, é gente boa a beça num único filme que acaba não sendo bom suficiente para usara todos.

Visualmente a trama tem um bom eixo, com um tom clássico remetendo aos filmes mais densos, com uma ambientação noir, e claro muita classe nos figurinos, mostrando claro o estilo da máfia, as várias negociações, muitas armas, dinheiros, planos, e claro uma roupagem mais de época, o que acaba funcionando dentro da proposta, além claro de carros elegantes e muita sintonia cênica nas casas e hotéis por onde os personagens passam, ou seja, a equipe de arte fez um bom trabalho, ousou em algumas cenas com chuva, e o resultado ao menos nesse quesito é bem interessante de ver.

Enfim, é certamente um filme com uma proposta mais clássica, que quem gosta vai entrar de cabeça e poderá amar demais cada detalhe da trama, porém volto a frisar que o estilo de Soderbergh costuma funcionar mais em dinâmicas rápidas, o que não é o caso aqui, então quem não for realmente acostumado com isso vai mais reclamar do que gostar do que é mostrado, e ainda cito que por ter tantos personagens, uma forma seriada agradaria bem mais do que um filme alongado como foi o caso aqui. Sendo assim recomendo ele com tantas ressalvas que não tem como dizer que gostei muito do que vi, então fica a dica, e eu fico por aqui hoje, deixo meus abraços e até breve com mais textos.


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