O longa nos conta que Robert viaja de Londres à Toscana, na Itália, para revisitar um imóvel caindo aos pedaços deixado pela falecida esposa. Com a ajuda de Jack, filho com quem mantém uma complexa relação, o artista tenta reconstruir o local ao passo que estabelecem uma nova conexão.
Diria que a estreia do ator James D'Arcy na direção e como roteirista foi bem precisa de técnicas, soube criar uma história comovente bem interessante de ser acompanhada, e principalmente não exagerou na trama para que ficasse forçado os momentos clássicos do filme, fazendo com que seu filme fluísse bem, tivesse toda a história em cima do protagonista ocorrendo dentro do comum, e claro usando de simples e tradicionais clichês do gênero envolvesse e criasse as devidas dinâmicas para seu filme funcionar bem. Claro que como já disse não é nenhum filme genial, mas tem um estilo bonito dentro do gênero, vemos uma história bem feita em cima do luto, e que junto de uma amarração clássica misturando romance com drama entrega bons momentos e vai fluindo de uma forma singela e gostosa de ver, mostrando principalmente que o agora diretor pode ir longe sabendo segurar um filme sem precisar de apelações estéticas, bastando gastar o bom feijão com arroz, e no caso aqui risoto com macarrão.
Sobre as atuações, estamos acostumados com Liam Neeson sentando a porrada em todo mundo, mas sabemos muito bem que o ator também tem um bom perfil dramático, e aqui ele usou bem esse seu estilo para compor seu Robert e agradar na desenvoltura dele com o filho, e claro que sendo pai e filho também na vida real, conseguiu dominar bem as dinâmicas, e encontrar um estilo gostoso, boêmio e com muita classe para seu pintor já desgastado pós-morte da esposa, chamando bem a atenção nos atos e agradando no que fez. Da mesma forma seu filho Micheál Richardson trabalhou muito bem seu Jack, criando situações interessantes com boa postura, olhares apaixonados e emocionados, e ainda cadenciou o estilo, mostrando que tem personalidade, e isso é sempre bom de ver na tela. Valeria Bilello entregou uma boa Natalia, sendo bem cheia de desenvoltura, dando as nuances italianas tradicionais, e criando claro o laço amoroso logo de cara (aliás foi rápida demais com os olhares, nem dando tempo de pensarmos em não criar o clima romântico), e assim sendo se sai bem e agrada bastante. Quanto aos demais, praticamente todos entregaram rápidas cenas de conexão com os protagonistas, não indo muito além em nada, tendo um leve destaque para Lindsay Duncan com sua Kate estilosa e direta nos diálogos.
Visualmente a trama começou meio que jogada na galeria, mostrando nem tanto o amor do protagonista pela arte, mas sim já algo rolando da ex querendo o local só para ela, meio que num estilo conflitivo, mas ao que o jovem passa na casa bagunçada do pai e já vai para a casa na Toscana ainda mais bagunçada, aliás praticamente caindo os pedaços, tudo vai mudando, vão reformando de uma forma meio zoada, mas o visual da locação é daqueles que a equipe de arte não só escolheu bem tudo, mas foi direto demais no melhor ponto possível de ambientação, com nuances clássicas dos filmes italianos, junto com todo o ar romantizado do ambiente, num acerto bem bonito e interessante de ver com as situações clássicas que vão ocorrendo desde jantares em cantinas, filmes na praça, corridas de vespa, romances em banquinhos e lagos, e por aí vai, mostrando que pesquisaram bem tudo.
Enfim, é um filme muito gostoso de ver, que tem toda sua graciosidade, e que mesmo não sendo muito original tem estilo, agradando com simplicidade e valendo demais tanto para quem gosta de um filme estilo clássico de festivais, quanto para quem gosta de um passatempo que mistura momentos dramáticos e românticos em uma única sessão. O filme só estreia comercialmente em Setembro, e felizmente pude ver no Festival do Rio que está passando no Telecine Play, então recomendo que assim que surgir todos vejam. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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