O longa conta a história real e angustiante do jovem fotógrafo de guerra Daniel. Durante uma viagem à Síria em 2013, ele foi sequestrado enquanto tentava documentar a crise dos refugiados em meio à guerra civil. Por mais de um ano, ele foi mantido refém pelo Estado Islâmico, enquanto sua família tentava de tudo para conseguir sua liberdade.
Diria que o diretor Niels Arden Oplev foi preciso em suas intenções, utilizando bem o livro de Puk Dansgaard Andersen, pois vemos nuances claras de cada capítulo, de cada sentimento, conseguimos quase sentir exatamente o folhear das páginas de alguém nos contando toda a vivência do protagonista que certamente num primeiro momento pensou "o que eu fui inventar de fazer com a minha vida", "irei morrer aqui", "prefiro morrer logo", e por aí vai, pois tudo é humilhante, degradante e que com muitos símbolos vamos entrando nos diversos conflitos passados, e o mais bacana da trama foi utilizarem a ideia de não retratar quem são os terroristas, seus afincos e tudo mais, afinal isso nem o personagem principal ficou sabendo, pois eles os chamavam de Beatles pelos portes, e os negociadores conversavam com sub negociadores, nunca chegando realmente ao grupo, e assim sendo vemos que são infinitos grupos terroristas, cada um na sua luta separada, na sua própria guerra, negociando reféns entre si, e tudo mais. Ou seja, o diretor conseguiu criar duas frentes igualmente tensas ao retratar a vida do refém nesses 13 meses, e toda a loucura da família em conseguir doações, empréstimos e tudo mais para pagar o resgate, algo impróprio para maioria dos países, e assim a intensidade de olhares, o desespero dos pais em não ter mais o que fazer é tão semelhante ao desespero do jovem em não saber o que mais fazer para sobreviver ali, tendo um ou outro alento quebrado em seguida. Ou seja, uma perfeição nítida de intensidades, e muito bem dirigida, que só não é melhor por querer quase que o público passasse também os 13 meses na tela, mas de resto é precisa e muito bem feita.
Sobre as atuações, a base recai sobre o jovem Esben Smed que fez muito bem o protagonista Daniel, sofrendo de todos os lados, fazendo trejeitos e expressões tanto de dor quanto de desespero, e se jogando completamente em tudo o que o filme pedia que seu papel fizesse, pois muitas vezes víamos em seu olhar a visão de que não iria sobreviver, e mesmo sem esperança nenhuma via algo indo além, ou seja, foi muito bem no que fez, e agradou bastante. Mas claro sabemos o desespero de uma mãe faz a diferença, e as cenas de Christiane Gjelleruph Koch com sua Susanne são de cortar o coração, ver ela não podendo falar nada se fazendo de tudo está bem, depois indo conversar com o dono da empresa que trabalha, ou seja, algo muito claro e perfeito de olhares. Ainda tivemos muita imponência nos atos de Sofie Torp com sua Anita em busca de empresas, se fazendo de intermediadora e indo muito bem em trejeitos fortes, e Anders W. Berthelsen entregando um Arthur misterioso, mas tremendo negociador entre as partes. E claro o mais conhecido do elenco Toby Kebbell vivendo de uma forma forte e bem colocada seu James Foley, que por um certo momento achei que nem apareceria na produção, pois só se falava dele nas negociações, e o ator fez atos bem claros e colocados para serem marcantes dentro da proposta toda.
Visualmente o longa foi bem intenso ao trabalhar os diversos cativeiros por onde o protagonista passou, cada um com diferentes objetos cênicos bem presentes, desde algemas, correntes, lacres e tudo mais que lhe foi colocado, passando pelos diversos figurinos sujos e destruídos após diversos açoitamentos dos terroristas, além claro de mostrar do outro lado a família simples em busca de recursos, a cena junto do executivo com um contraponto incrível e simbólico pela mãe pagando as poucas coroas do café, e claro ainda toda a tensão de guerra que os EUA fizeram em cima dos locais, além de muitas cenas de execução fortes e bem colocadas. Ou seja, a equipe de arte fez um bom trabalho de pesquisa e soube criar todas as nuances clássicas do estilo sem precisar apelar muito.
Enfim, é um filme bem trabalhado, com um tema e uma montagem forte e muito bem feita, porém um pouco alongado para criar a tensão das duas frentes também nos espectadores, ao ponto que talvez alguns momentos poderiam ter sido mais sucintos para sobrar espaço para alguns atos eliminados, ou seja, é daqueles que vamos nos lembrar do tema e do caso, mas talvez não das cenas em si, pois faltou um pouco mais de dinâmica em tudo para a perfeição cair bem em tudo. Sendo assim recomendo com certeza o filme para todos, mas diria que ele cai quase para um lado mais artístico do que o comercial realmente que pegaria todo tipo de público. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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