O diretor e roteirista M. Night Shyamalan sempre surpreende para bem ou para o mal, isso é fato que quem for conferir qualquer filme seu sairá da sessão vibrando ou xingando, e aqui ele trabalhou tão bem a ideia de passagem temporal, de situações e conflitos entre personagens, de doenças, de clima e de tudo o que se possa pensar, que mesmo sendo um realismo tão abstrato acabamos entendendo e envolvendo com suas técnicas, ao ponto que quando tudo se fecha (ou melhor uma cena antes do encerramento) ficamos vidrados com o que é mostrado e de certa forma concordamos com o que ocorreu, mesmo sendo algo ruim e também estranho de se pensar na existência de tal lugar, mas como isso já ocorre normalmente com animais e ou pessoas numa escala maior de tempo, o filme acaba sendo bem encaixado, assustador e muito bem feito tanto pelos ângulos, quanto pelas passagens de tempo, quanto pelas mudanças de atores com as diferentes idades e maquiagens, mostrando um trabalho imenso tão preciso que não apenas encanta como acaba valendo a reflexão em cima de tudo. Ou seja, mais do que apenas um filme de suspense, o que nos é entregue é uma reflexão maior de algo real no mundo que nem irei detalhar tanto para não dar spoilers, mas que vai chocar e agradar bastante.
Diria que todos os atores se entregaram bem para a proposta do filme, ao ponto que assim como eles não acreditamos tanto na ideia, por estar vendo acontecer e não saber como agir, de tal forma que suas caras são sempre de espanto e indagação, meio que quase víssemos um gigante ponto de interrogação na cabeça de cada um deles, e por trabalharem com mil ideias, com desesperos de tentar fugir dali, de se encaixar nos momentos, de ir vendo se envelhecer e morrer, todos acabam funcionando demais dentro da proposta, e o resultado acaba ainda mais agradável que tudo. Claro que o ato conflitivo da mente deles, e de toda a proposta acaba sendo exagerado os diálogos e ideias, porém vemos um Gael Garcia Bernal tão bem colocado com seu Guy, trabalhando com diversas suposições, desesperado com a quebra da família, mas principalmente quando chega nos atos mais fortes da velhice, já praticamente não enxergando mais nada fica tão bem envolvido e com emoções tão bem colocadas que acaba agradando demais. Da mesma forma Vicky Krieps trabalhou sua Prisca com uma sintonia ampla, demonstrando inicialmente um carisma grande com os filhos, mas mantendo em segredo a ruptura do lar, vamos vendo ela mais singela e sem um desespero iminente ao menos se dar tão bem com todos que até parece estar em outro lugar. Já Rufus Sewel foi o famoso maluco que surta com a velhice, e com a perda de noção que a idade vai entregando, ao ponto que seu Charles fica impactante durante toda a trama e agrada bastante com tudo. Agora mudando um pouco a forma de falar é bacana vermos todas as versões de Trent, ao ponto que o garotinho Nolan River demonstrou trejeitos bobinhos e sem muito fundamento, mas que serão usados no final do filme, já sua versão adolescente ficou levemente perdida com Luca Faustino Rodriguez, para depois sua versão jovem recair para algo até que bem espertinha com nuances mais dinâmicas, mostrando até muita personalidade de Alex Wolff, para então chegarmos na sua versão adulta e impactante mostrada por Emun Elliott num acerto bem plausível e marcado de intensões, ou seja, com um ótimo fechamento expressivo bem colocado e interessante de ver. Da mesma forma as diversas versões da garotinha Maddox foram bem pontuadas e marcantes pela curiosidade em si, ao ponto que desde Alexa Swinton aos 11, passando por Thomasin McKenzie aos 16, chegando na adulta Embeth Davidtz foram colocadas com precisão e chamaram muita atenção. Quanto aos demais, cada um da sua forma surpreendeu desde a epilética psicóloga vivida por Nikki Amuka-Bird, passando pelo rapper vivido por Aaron Pierre completamente incógnito e estranho, até vermos Abbey Lee completamente maluca com a beleza de sua Crystal indo embora, ou seja, todos muito bons e chamativos bem dentro da proposta ao ponto que até o garotinho Kailen Jude com seu Idlib e Jeffrey Holsman com seu Mr. Brody aparecendo bem rapidamente agradam bastante.
Visualmente o longa praticamente fica só na praia, tendo alguns momentos num hotel bem chique, e finalizando em um lugar bem interessante cheio de elementos cênicos, ao ponto que o foco mesmo ficou nas maquiagens, e nas situações vividas nessa praia bem paradisíaca, e isso não é ruim, pois o filme tem uma boa estética e chama atenção nesse sentido criando o ambiente misterioso perfeito para que nas mudanças sutis de câmera de um lado para o outro o personagem já estivesse velho, ou seja, a equipe teve bem mais trabalho com marcações de posição para que o outro ator entrasse bem no lugar aonde o outro parou, a maquiagem deixasse eles mais próximos esteticamente, do que realmente em criar as locações, e isso ficou muito bom de ser visto.
Enfim, é um longa realmente incrível, que fui conferir esperando muito dele, porém bem receoso por ser um longa de Shyamalan que geralmente não entendemos nada, mas que saí tão feliz e empolgado com tudo que ocorreu, com a forma entregue e com as devidas surpresas que quero recomendar ele para todos, e principalmente estou me segurando ao máximo para não lotar os amigos de spoilers, pois qualquer detalhe certamente estragará a experiência completa, sendo assim recomendo que vá para o cinema sem saber quase nada, mas vá, pois certamente a surpresa será boa. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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