Amazon Prime Video - Raça e Redenção (The Best of Enemies)

8/24/2021 01:36:00 AM |

Tem filmes que vamos conferir meio que já sabendo aonde vai dar, mas valem a pena por toda a intensidade, pela forma que escolhem para representar o momento da trama, e até mesmo para ver a ideologia por trás de tudo, e com o longa que entrou por esses dias na Amazon Prime Video, "Raça e Redenção", de cara já vemos que iremos ficar bravos e tensos com as atitudes da Klan, e fica nítido tamém que haverá algum tipo de mudança drástica que precisará ocorrer para a situação não ser tão contundente, pois é um filme baseado em uma história real, e dificilmente colocam situações que não deram muito certo em dramas de época. Ou seja, o filme vem preparado para o público, mas é tão forte e tão cheio de situações que vemos que hoje mesmo tendo tudo da forma que rola e nos dá raiva, certamente viver nos anos 70 nos EUA era algo muito complicado para ambos os lados, e mesmo tudo tendo mudado muito nos dias atuais, ainda acho que existem em minorias pessoas e associações que seguem a mesma linhagem do passado. Sendo assim, posso recomendar com certeza o filme, pois a trama tem um certame bem marcado e envolve com muita sintonia tanto pela história quanto pelas boas atuações, valendo ver e refletir sobre tudo o que ocorre lá, e ainda vemos pelo mundo afora acontecendo.

A sinopse é bem simples e nos mostra a ativista de direitos civis Ann Atwater, batendo de frente com C.P. Ellis, líder exaltado do Ku Klux Klan em Durham, na Carolina do Norte, de 1971, sobre a questão de integração nas escolas.

Diria que o diretor e roteirista Robin Bissell foi seguro demais com o que queria adaptar dos eventos reais ocorridos, pois sua abrangência foi sim limitada para mostrar um acontecimento completamente inesperado, mas ele dominou bem os ambientes, criou os vários atos bem marcados sendo alguns bem fortes, e principalmente deu uma boa abertura para que os protagonistas se jogassem em cena, tendo claramente atos bem dinâmicos e outros mais presos a olhares e desenvolturas próprias. Ou seja, o filme tem um conteúdo que vai até além da parte cênica mostrada, pois pode ser usado para reflexões e discussões bem diversas sobre o tema integração, sobre os conflitos entre os negros e a Klan americana, e claro sobre os conceitos de "raça" tão discutidos abertamente em cena, mas por focar somente na integração estudantil e mostrando alguns elos de votações, o filme acaba ficando um pouco preso, o que de certa forma não é ruim de ver, e assim sendo o resultado tanto da direção, quanto da história foi bem feito e bem desenvolvido no longa.

Sobre as atuações, tenho de pontuar o quanto mudaram o visual de Taraji P. Henson, pois parecia totalmente outra pessoa tanto pela estética quanto pela forma de atuar, sendo precisa demais com sua Ann, encarando trejeitos marcantes do começo ao fim e se expressando com muita intensidade, aliás não com muita, mas com a intensidade necessária que o papel pedia, e foi incrivelmente perfeita na totalidade dos atos. Da mesma forma Sam Rockwell entregou seu C.P. Ellis de uma forma imponente, cheio de atitude, trabalhando inicialmente como um real líder da Ku Klux Klan, mas num segundo momento se pegou retraído tanto pela ajuda que tem com seu filho excepcional quanto com a ideia clara de que eles valorizam tanto os heróis de guerra, e com isso temos uma mudança até que brusca demais no personagem, mas se ocorreu realmente dessa forma, souberam passar para o ator que fez muito bem em cena, emocionando e envolvendo bem. Ainda tivemos boas atuações marcantes de Babou Ceesay com seu Bill Ridick apaziguador, tentando resolver todo o problema na conversa, e olha que encarou bem tudo, Wes Bentley com seu Floyd canastrão e bem rebelde de atitudes, e Bruce McGill com seu Oldham bem politizado, entre outros que apareceram com menor tempo de tela mas foram bem como a esposa do protagonista, o dono da loja de jardinagem e até mesmo a enfermeira que sofre repreensão dos membros da Klan, mas mais pelos bons momentos deles sem grandes atos explosivos.

Visualmente a trama foi bem representada com um trabalho de época bem marcado, mostrando algumas reuniões da Klan seja na klaverna quanto no campo de treino de tiro, vemos algumas reuniões públicas da prefeitura para discussão de temas, vemos um hospital para jovens excepcionais, e claro vemos todo o desenvolvimento da charrete (aliás um nome bem estranho, pois só conhecia charrete de cavalos!) com muitas discussões, cenas bem representativas com figurinos, elementos alegóricos fortes, e claro os almoços inusitados, ou seja, a equipe de arte trabalhou bem para termos a época bem mostrada na tela.

Enfim, é um filme bem forte, cheio de detalhes, que até tem certos problemas técnicos que poderiam ter sido minimizados, e como já disse é muito fechado na dupla, então o filme já vem pré-preparado, o que é algo que incomoda muitos, mas vale demais a conferida para a discussão do tema e para conhecermos um pouco mais da forma que os negros eram tratados na época por lá (apesar de achar que ainda rola muito disso atualmente, de uma forma menos visível ao menos). Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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