O Homem Nas Trevas 2 (Don't Breathe 2)

8/13/2021 01:40:00 AM |

Eu já sabia bem o que esperar de "O Homem Nas Trevas 2", então fui pronto para os mais diversos absurdos possíveis, o que fez com que o filme tivesse uma certa tensão e me envolvesse bem durante mais da metade da trama que o protagonista passa dentro de sua casa com os bandidos, mesmo que tudo o que rolasse ali fosse exageradamente exagerado (sim, coloquei em duplicidade mesmo para reforçar!), porém quando vamos para o ponto de virada e a garotinha é levada para o hotel aonde vivem os vilões, já me preparei psicologicamente e falei ele vai usar isso, dito e feito usou, na sequência ele em terreno completamente desconhecido começa a fazer mil coisas impossíveis e apenas balancei a cabeça, pois ou você entra no clima ou só vai reclamar, e já tinha dito isso hoje pela manhã ao falar sobre as estreias da semana dizendo que ou você abre a mente e ignora tudo ou então o filme acaba virando um lixo completo. Então é melhor relevar os absurdos, acreditar que o senhor cego é a versão melhorada do herói Demolidor, e pronto, o filme fica intenso, com cenas violentíssimas do jeito que gostamos de ver, e o resultado até surpreende. Mas volto a frisar, é um absurdo atrás do outro ao ponto que até chegamos a falar: é impossível ele não estar vendo.

A sinopse nos conta que escondido por anos em uma cabana isolada, Norman Nordstrom acolheu e criou uma menina que ficou órfã de um incêndio em sua casa. Sua existência tranquila é destruída quando um grupo de sequestradores aparece e leva a garota, forçando Norman a deixar seu porto seguro para salvá-la.

Dessa vez o diretor do primeiro filme Fede Alvarez apenas escreveu o roteiro junto do novo diretor Rodo Sayagues, e ambos colocaram uma boa intensidade de estilo, souberam conduzir a narrativa para algo intenso e bem trabalhado, e como já disse, tiveram a serenidade em mostrar que ou você aceita que o protagonista é um cego e tem capacidades fora do comum ou nem vá para a sala do cinema, pois diria que abusaram completamente de tanta coisa para que o filme ficasse mais violento que tudo passa a ser irreal, afinal já era forçado imaginar as coisas que o protagonista fez no primeiro filme sendo cego, mas dava pra imaginar que um ex-fuzileiro americano cego em casa por muitos anos soubesse dominar bem todo seu ambiente, e ali resolver suas paradas com quem quer que aparecesse, mas aí sair pulando, rolando, "vendo" se luzes estão acesas ou apagadas, e o pior ir para outro lugar muito longe dali pegando coisas espalhadas numa van que sabe lá como ele achou tudo lá para pôr em uma bolsa foi apelar demais. Ou seja, confira a primeira parte, acredite no que está acontecendo, fique feliz, tenso e empolgado, e abstraia tudo o que ocorre no hotel, pois ali é só o charme para terem um fechamento, e nada mais.

Sobre as atuações, basicamente tudo fica bem em cima de Stephen Lang com seu Norman completamente intenso e muito mais imponente do que no primeiro filme, mostrando que o ator treinou muito e que sabia completamente dominar seu estilo para o que o personagem necessitava, e claro usando também um pouco de uns dublês fez cenas violentíssimas, impactou com estilo e agradou bastante, fazendo diálogos com tons diretos e lutas com muita dinâmica, acertando em cheio. A garotinha Madelyn Grace até trouxe uma certa intensidade expressiva para sua Phoenix, porém ficou sempre retraída em cena, parecendo estar mais com medo de atuar do que das coisas que estavam ocorrendo ali, e isso pesou um pouco, mas não chegou a atrapalhar o andamento da trama, e assim sendo foi bem até no que tentou fazer. O vilão Raylan vivido por Brendan Sexton III foi bem imponente e até bem desenvolvido na trama, ao ponto que seus atos foram fortes e intensos, e suas intenções soaram meio que bizarras, mas comandou bem seu time de malucos, e se expressou bem com o que precisava fazer para ficar marcante, agradando bastante em cena. Quanto aos demais, é muito divertido ver as mortes e besteiras que cada um acaba fazendo ao ficar bravo com o cego e tentar lutar com ele, então cada um da sua maneira vai caindo e sofrendo demais com tudo, mas sem ter destaque expressivo positivo para nenhum, pois são tantas caras e bocas que fazem que nem em show de lutas vemos tantos exageros.

Visualmente o longa é bem marcante, cheio de lugares completamente rústicos de estilos, desde a casa do protagonista com muitas coisas possíveis de serem usadas como armas, muitos elementos cênicos prontos para quebrarem ou servirem de esconderijos para a garota, e principalmente muita ambientação para dar o clima tenso e escuro, mas sem ficar invisível para o público, o que acaba dando um charme extra em tons de cinza e preto, depois vamos para o hotel abandonado repleto de ambientes desde um hospital improvisado, uma piscina imensa vazia, várias escadarias e tudo mais, ou seja, é algo que foi muito bem pensado pela equipe de arte, e valorizado na medida pelo diretor para aparecer em detalhes.

Enfim, é um bom filme do gênero, com muito mais violência do que o original, porém bem abaixo dele na qualidade, pois aqui abusaram demais de tudo para funcionar, e assim sendo até vale a conferida como uma diversão intensa pelo estilo, cheia de nuances tensas e intensas, mas que se não aceitar o que é entregue o resultado vira um desastre com certeza, e sendo assim recomendo ele com a ressalva máxima de ir conferir acreditando que um cego pode fazer tudo que o protagonista faz, e aí o resultado vai agradar bastante. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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