TeleCine Play - Synchronic

8/16/2021 12:10:00 AM |

Quando pego para conferir um longa que trabalha drogas já vou sabendo que irão fantasiar as situações, ir por um lado positivo ou negativo forte, mas que certamente irão discutir algum feitio interessante sobre o tema, e claro vamos falar sobre as viagens que alguns sentem ao tomar alguma droga ilícita dentre as diversas que já foram mostradas, porém falar de viagem temporal, de um comprimido que faz com que a pessoa vá para uma determinada época na exata posição aonde estava é algo que certamente os roteiristas tomaram muitas drogas para conseguir imaginar, e essa é a premissa do longa "Synchronic", que entrou em cartaz no Telecine Play, e até poderia trabalhar bem o tema, poderia fantasiar mais as situações, criar desenvolturas entre as épocas, e tudo mais, mas tentou trabalhar um casos de família antes com as vantagens ou não de ser solteiro e casado, colocou doença no meio, parcerias, e tudo mais que fosse melodramático, ao ponto que o longa acabou desandando um pouco, não sendo algo ruim de ver, mas que ficou parecendo que o diretor não sabia exatamente o rumo que desejava entregar, e o resultado acabou se perdendo. Ou seja, é daqueles filmes que vemos dois grandes atores se entregando para a loucura total, mas que na metade do caminho nem eles mais sabem o que realmente estão fazendo ali, e isso é algo que não é muito bom de acontecer.

No longa acompanhamos a história de Steve e Dennis, dois paramédicos que costumam trabalhar no período da noite. De repente, a dupla nota que uma série de mortes sem explicação começa a ocorrer. Logo, eles descobrem que uma nova droga chamada Synchronic está circulando nas ruas. Tudo piora quando Brianna, a filha de Dennis, desaparece.

Diria que os diretores Justin Benson e Aaron Moorhead tentaram seguir uma linha interessante que muitos filmes de viagem temporal costumam funcionar bem, porém quiseram dar um algo a mais para a trama deles e acabaram se perdendo no que desejavam, pois se olharmos de cima tudo o que o filme tinha para entregar temos muitos elos de parceria, elos de diferentes tipos de família, elos de drogas, e claro a viagem temporal, e praticamente nada se conecta entre si de uma forma densa bem efetivada. Ou seja, é daqueles roteiros que quando alguém lê até vê o potencial, imagina todo o ambiente, prepara as cenas, mas quando vai juntar tudo o que filmou fica olhando e pensando o que foi que eu fiz? E nenhum dos vértices entregues são ruins, mas sim complexos demais para andarem conectados, e assim quando pensamos num plano maior até dá para se emocionar com a doença do protagonista, do amor do pai pela garotinha e claro como o personagem vê o elo familiar bonito ali e deseja ser fundamental para a continuidade, mas falta aquele elo maior, e isso certamente poderia ter recaído de cara, sem precisar de todas as loucuras com os demais drogados, sem precisar da invasão do cientista, e muito mais, pois funcionaria bem sem esses estorvos, e o resultado daria para ser mais focado nas viagens, que aí sim agradaria bem mais.

Quanto das atuações, Anthony Mackie sempre entrega boas personalidades para seus personagens, ao ponto que cria um carisma próprio, faz caras e bocas marcantes, e quando está disposto até vai além do que o personagem precisa para chamar atenção, e foi exatamente o que rolou aqui com seu Steve, pois o personagem em si é bem aberto aos planos, mas em momento algum parece ser marcante na trama, porém resolve atacar todas as facetas experimentais para ajudar a família do amigo que acaba emocionando em seu último ato, ou seja, volto a falar que o ideal era ter focado mais nessas viagens, que certamente o filme ficaria incrível, e o ator ajudaria muito nesse sentido, pois ele é muito bom no que faz. Jamie Dornan até tentou puxar um lado sentimental, fazer trejeitos fortes e interessantes, mas seu Dennis é meio que dependente de todos os demais personagens, e isso é algo que em filmes que não vão muito para frente acaba resultando em ficar em segundo plano, o que é ruim de ver, porém em suas cenas mais fortes mostrou atitude e foi marcante ao menos. A jovem Ally Ionnides até teve algumas nuances interessantes para sua Brianna, mas aparece praticamente só em duas cenas, e assim sendo não chama atenção, enquanto sua mãe vivida por Katie Aselton teve um pouco mais de expressividade nas poucas cenas de sua Tara também, mas com olhares e situações ao menos mais desesperadas e marcantes. Já quanto aos demais, vale apenas um leve destaque para a loucura do químico vivido por Ramiz Monsef nas cenas na casa do protagonista, mas nada que chamasse muito atenção, sendo apenas divertido ver seu desespero frente a um taco de beisebol na sua cara.

Visualmente o longa até tem uma pegada bem interessante, mostrando que a equipe de arte teve um trabalho gigantesco que pode ser notado já no pôster, pois o filme se passa em várias épocas, mostrando desde um inverno monstruoso na Era do Gelo com um homem da época usando todo o figurino, vemos um pântano com colonizadores espanhóis, tivemos a época da ku-klux-kan com caipiras bem tradicionalistas, época da guerra civil com muitos tiroteios e baixas, além de outros personagens viajando com a droga para florestas, desertos e tudo mais, ou seja é um filme com muitos detalhes cênicos que certamente poderiam até ter explorado mais, mas não rolou, e além disso tivemos o protagonista num hospital para tratamento, várias cenas deles indo resgatar pessoas já em fim de drogas quase morrendo ou mortas, e muitos atos em bares também, mostrando que o pessoal gastou um bom orçamento com tudo.

Enfim, é um longa que tinha muito potencial, mas que não focou em nenhum vértice próprio para seguir e acabou levemente perdido em tudo, mas ainda assim faz valer o passatempo com a conferida, principalmente pelas boas atuações e pelas épocas que se passam, mas certamente poderiam ter ido bem além, e o resultado seria muito melhor. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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