Amazon Prime Video - Pássaros de Liberdade (Birds of Paradise)

9/28/2021 12:29:00 AM |

Toda vez que confiro um longa envolvendo balé vejo que embora seja algo bonito de ver tem todo o processo tanto doloroso por parte dos treinos e insano por parte da competição entre os jovens para conseguir papeis melhores no espetáculo ou premiações para entrar para grandes companhias, e toda essa disputa geralmente entra em crise fazendo com que muitos entrem com uma cabeça e acabem usando drogas para suportar a dor ou para aliviar a tensão, outros acabam surtando com a pressão, e principalmente o resultado da cobrança acaba sendo até maior do que os louros colhidos após um grande ato. Dito isso, o lançamento da semana da Amazon Prime Video, "Pássaros de Liberdade", consegue nos remeter um pouco ao famoso "Cisne Negro", mas mantendo a sanidade num nível mais light puxado para algo mais jovem, e que acaba brincando mais com a nuance da competição em si e claro dos esforços que cada um cede para conseguir chegar aonde desejou, e numa ode bem intrigante e bacana vemos um pouco dos bastidores desse meio que assim como outros artísticos não é tão singelo e bonito pelas coisas que ocorrem. Claro que o filme tem seu impacto bem marcado, porém faltou um pouco de atitude para o lado do surto em si, que certamente causaria um pouco mais em cima de tudo.

A sinopse nos conta que Kate é uma bailarina aspirante que recebeu uma bolsa de estudos em uma escola de balé de prestígio em Paris. Ao chegar, sua confiança é testada por uma colega dançarina, Marine, que recentemente perdeu seu irmão. Repleto de conflitos no início, seu relacionamento se torna competitivo, cercado por mentiras e descobertas sexuais, enquanto elas arriscam tudo para ingressar na Ópera Nacional de Paris.

Já tinha ficado curioso pelo longa anterior da diretora Sarah Adina Smith somente por aqueles slides que passam quando largamos a tela aberta na plataforma de streaming, bem antes mesmo de conferir o longa de hoje, mas agora certamente irei dar o play no filme de 2016 afinal vi que ela tem um estilo bem marcante, uma formatação direta sem muitas enrolações, e principalmente uma desenvoltura clássica para cima dos protagonistas, não deixando que caíssem em trejeitos clichês e muito menos em cenas sem qualquer desenvoltura marcante. Ou seja, a história pode até nos remeter ao clássico do Aronofsky de 2010, mas aqui temos algo mais jovem e com um propósito diferente, que foca mais no ar dramático do balé em si ao invés de ser algo mais propício de um suspense, e assim sendo o resultado chama a atenção e flui com uma boa desenvoltura própria, que em alguns atos até causa um certo estranhamento, mas que na essência funciona bem para o lado juvenil e intenso de uma competição para um propósito maior.

Sobre as atuações diria que Diana Silvers não tenha sido a melhor opção para o papel principal de Kate, pois é uma garota completamente diferente do estilo que sabemos que existem nas companhias de balé, e facilmente seria cortada numa primeira leva por diversos motivos, mas quiseram ser ousados pelo diferente e a atriz se saiu bem com as caras de espanto em diversos atos, fazendo trejeitos marcantes ao descobrir um mundo completamente diferente, e passa uma boa conexão com os demais, ao ponto que acaba até entrando no eixo necessário de sutilezas, e acaba agradando de certa forma com tudo o que fez. Já Kristine Froseth é a clássica garota de balé, com nuances sutis, cheia de posturas, mas que pela rebeldia em si de sua Marine acaba entregando nuances fortes e bem marcantes, ao ponto de seu ato final de dança ser daqueles que chocariam facilmente todos que estivessem assistindo a apresentação, como é o caso mostrado, e a garota soube dominar os ambientes, soube cativar a protagonista para ter a devida conexão, e em alguns atos até chega a passar na frente de tudo, o que lhe joga como uma antagonista mais imponente que tudo, e agrada demais. Ainda tivemos atos bem marcantes com Jacqueline Bisset fazendo a dona da companhia Madame Brunelle com olhares diretos e mensagens fortes que acabaram chamando muita atenção, a mãe da antagonista como uma embaixadora dos EUA muito bem feita por Caroline Goodall, além claro de diversos bailarinos verdadeiros que apenas contracenaram com as protagonistas, entre eles o brasileiro Daniel Camargo com seu Felipe todo desejado por todas do corpo de balé, não apenas pela dança, mas por tudo o que faz com elas nos bastidores, inclusive mandando vários textos em português que deu um ar ainda mais diferenciado para a trama.

Visualmente a trama tem uma boa intensidade dentro do alojamento/academia de balé aonde todos os jovens vivem e disputam as vagas para as apresentações finais e claro o grande prêmio, com muitas interações nos quartos, drogas, todo o visual poético do convívio das protagonistas com todas as alegorias possíveis do conhecimento sensual e sexual entre eles, temos ainda um grande teatro de balé aonde as jovens vão ver apresentações, temos um ambiente de selva com apresentações mais psicóticas e claro regada a drogas diferentes, e um jantar da embaixada com o caos acontecendo, além de uma passada rápida na casa da antagonista, vários momentos de diálogo e passeio pelos ambientes do balé, e assim mostrando que a equipe de arte ficou mais fechada, mas nem por isso deixou de ousar e criar situações bem marcantes.

Enfim, é um longa diferente e com uma proposta interessante, que certamente poderia impactar mais com toda a história de bastidor que teria para ser desenvolvida, com mais nuances em cima da antagonista do que da protagonista, mas para isso toda a intensidade do filme teria de ser mudada, e talvez até caísse mais próximo de outros filmes já feitos, então vale o que foi entregue e é uma boa trama, que agrada e funciona, sendo daqueles que vai marcar mais alguns do que outros, mas que de certa forma vale a indicação. Bem é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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