Amazon Prime Video - Viajantes: Instinto e Desejo (Voyagers)

9/13/2021 01:07:00 AM |

Sinceramente não sei o que estava esperando do novo filme de Neil Burger, "Viajantes: Instinto e Desejo", que estreou na plataforma da Amazon Prime Video, mas com toda certeza não era isso que me foi apresentado, pois a ideia de pessoas presas no espaço por 86 anos, que já nasceram confinadas e que irão se reproduzir para ir criando outras gerações na própria nave até chegar no planeta pré-determinado, é até que boa e claro que conflitiva se não manter o ambiente 100% controlado, mas quando algo dá errado tudo passa a ser insano por parte dos jovens com instintos mais animalescos, ou seja, entramos naquela velha sina de que a pessoa já nasce com suas ideologias formadas ou se o meio a influencia. Ou seja, é uma trama intensa, cheia de desenvolturas fortes e marcantes quando os jovens que estavam sendo drogados desde o nascimento param com o medicamento, mas que tem alguns absurdos não muito aceitáveis no miolo, e além disso o ritmo nem parece ser de um filme de um diretor de longas de ação, e sendo assim ficou parecendo aqueles filmes que não sabiam muito como desenvolver e apenas deixaram ir no fluxo, o que acaba não agradando ninguém.

A sinopse nos conta que situado em um futuro próximo, o longa narra a odisseia de 30 homens e mulheres que são enviados para o espaço em uma missão multigeracional em busca de um novo lar. A missão entra em uma espiral de loucura à medida que a tripulação volta ao seu estado mais primitivo, sem saber se a verdadeira ameaça que enfrentam está fora da nave ou dentro dela.

Acredito que fui com sede demais ao pote esperando ver uma direção clássica de Neil Burger, pois seus filmes sempre são cheios de interações, de personificações, e principalmente de atitudes, aonde cada ato poderia surpreender com algo a mais, e além disso, o próprio nome que traduziram no Brasil parecia dar intensidades a mais para um filme digamos adolescente. Ou seja, está bem longe de ser uma trama ruim, pois mostra a sina que falei de descobrirmos um pouco mais de uma pessoa, de entendermos o instinto de alguém, porém faltou aquele algo a mais de filmes espaciais que tanto gostamos de ver, faltou uma desenvoltura mais própria em cima das personalidades de cada um, e claro uma tensão maior em cima de tudo, pois alguns atos explodem fácil demais e são rapidamente resolvidos, enquanto outros acabam enrolando e não fluindo como casualmente ocorreria, e assim sendo faltou um pouco do estilo do diretor realmente para que não ficássemos apenas como uma trama jovem, mas sim dar a jovialidade clássica que ele colocou em "Divergente" e "Sem Limites", para aí sim o filme ficar bom de ver.

Sobre as atuações, diria que esperaram um pouco demais de Tye Sheridan com seu Christopher, pois o jovem claramente não incorporou um ar de liderança na nave, fazendo mais caras emburradas com tudo do que se prontificando e entrando no clima de guerra realmente que estava ocorrendo, ao ponto que pareceu até mais erro de estilo escolhido pelo ator do que do papel em si, e isso é um grande problema. Já Fionn Whitehead botou para jogo todo o ar animalesco de um adolescente lotado de hormônios, e soltou tudo o que tinha reprimido por anos com a medicação que seu Zac tomava, ao ponto que em determinado momento chega a passar até medo nos demais com o surto completo, e isso foi bom, pois mostrou que ele tem atitude, e agradou de certa forma. Lily-Rose Depp trabalhou até que bem sua Sela, misturando nuances centradas com atitudes desesperadas, mas sempre sendo coerente com todo o percurso ao ponto de ficarmos bem colocados dentro do que a jovem tentava nos passar, e assim ela fluiu bem e manteve atos marcantes funcionais sem desaparecer do cerne completo da trama. Talvez Colin Farrell pudesse ser mais dinâmico nos atos de seu Richard, pois ele usou olhares e trejeitos tão mornos que parecia estar desanimado em cena, o que não é comum de vermos em um papel, e com isso seus atos não foram muito além também, mas ao menos manteve o mesmo ar o tempo todo, podendo ser algo que o diretor tivesse pedido, ou seja, fez as cenas e o resto que sobrevivesse. Quanto aos demais, a maioria dos jovens apenas seguiu os demais, tendo um ou outro ato mais marcante com Chanté Adams e sua Phoebe regrada demais, e com Archie Madekwe trabalhando seu Kai como alguém exagerado e jogado no ritmo do outro maluco, mas sem grandes expressões para lembrarmos deles daqui alguns dias.

Visualmente por ser uma nave de viagem de anos esperava ver algo mais trabalhado lá dentro como já vimos em outros filmes, pois com apenas quartinhos minúsculos, uma academia bem pequena, uma enfermaria, um refeitório de mesas retas e algumas cabines de comando nem em sonho alguém aguentaria passar 86 anos ali, e teriam de drogar muito todos para passar esse tempo apenas andando pelos corredores. Ou seja, faltou criatividade para a equipe criar algum estilo de cruzeiro espacial com mais atividades, pois é tudo muito cinza, tudo sem grandiosas e chamativas cenas, e até mesmo nos atos mais de guerra com as armas atirando a simplicidade não sai do lugar, e sendo assim o filme ficou morno demais. 

Enfim, é um filme com uma proposta interessante que acabou sendo mal desenvolvida, pois não empolga, não cria nada demais, e nem explode com nenhum ator da nova geração, fazendo com que todos apenas tivessem participado ali do filme. Ou seja, não é algo que você vai assistir e achar que perdeu duas horas da sua vida na frente da TV, mas certamente poderiam ter ido muito além em tudo para algo desse porte, e sendo assim recomendo ele com mais ressalvas que tudo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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