sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Duna (Dune: Part One)

Tenho certeza absoluta que muitos que viram o trailer de "Duna" e imaginaram ser alguém sem muita criatividade entregando um novo "Star Wars", mas não é, pois o livro "Duna" foi escrito antes dos filmes "Star Wars", e é a base da maioria dos filmes de ficção científica envolvendo espaço e guerras entre planetas, então "Duna" seria sim o pai de tudo, tanto que já teve um filme bem ruim no passado e uma série que alguns gostam e outros nem tanto, ou seja, aqui apenas temos algo novo muito bem criado como uma superprodução estrelada de gigantes, que felizmente segue um ritmo possível de se adaptar um livro gigante, e claro que com isso precisará de mais do que um único filme, sendo agora lançado apenas a primeira parte, e daqui uns anos virão com a segunda parte. Ou seja, você deve estar xingando por saber que não vai ver um final aqui, e a resposta é que não verá o final completo da saga, mas sim aqui tem um estilo de fechamento do ato em si, e que a partir dali ocorrerá muitas outras coisas, e que felizmente esse primeiro ato é bem explicativo, tem muita coisa para entender, e passa um envolvimento gigantesco que impressiona tanto pela história quanto pela cenografia, e principalmente pela sonoridade que encontraram para envolver todo o público, sendo daqueles que quanto maior o lugar que for conferir (no caso vi em Imax) melhor será, pois o som e todo o visual em uma tela imensa fará toda a diferença. E agora é aguardar falarem a data da continuação, pois queremos ver o a pancadaria comer solta do outro lado.

O longa conta a história de Paul Atreides, um jovem brilhante e talentoso nascido para ter um grande destino além de sua imaginação e que deve viajar para o planeta mais perigoso do universo para garantir o futuro de sua família e seu povo. À medida que forças malévolas iniciam um conflito sobre a oferta exclusiva do recurso mais precioso existente no planeta – uma mercadoria capaz de desbloquear o maior potencial da humanidade – somente aqueles que podem conquistar seu medo sobreviverão.

Que o diretor Denis Villeneuve é daqueles que sabem conduzir uma obra prima com primor todos já sabíamos, mas que iria conseguir ousar em cima de uma trama que outros já fizeram de forma tão criticada não imaginaríamos, e ele foi lá, exigiu carta branca da Warner para seguir exatamente o livro linha por linha, trabalhar todo o tempo clássico para não ter correrias, e conseguiu um feitio único de um filme que é apenas metade de um todo, e ainda assim consegue envolver e fazer com que o público saia satisfeito da sessão. Claro que vai ter muita crítica negativa, afinal é uma ficção lotada de cenas de ação, mas ainda assim segue um ritmo mais lento, uma pegada tensa e pesada, cheia de nuances fortes e bem marcadas, que quem for esperando algo cheio de pulos e tiros acabará decepcionado, mas o diretor foi condizente em trabalhar cada detalhe, em mostrar técnicas e principalmente fazer com que o filme tivesse a sua cara, pois errar a mão aqui era algo muito fácil e qualquer exagero faria o filme ficar estranho, mas não, tudo é simbólico, tudo tem um motivo, e claro vemos algo que facilmente se tornará um clássico, pois estilo tem, força tem, e claro conflitos tem, e assim o resultado pode até não explodir nas bilheterias, mas será um longa bem lembrado sempre que alguém pensar em um épico de ficção.

Se eu for falar de todo o elenco gigantesco do filme vou ficar aqui durante pelo menos umas duas horas escrevendo, e o texto vai ficar maior que o filme, pois é muito ator bom que por vezes é até menos usado do que poderia, mas com certeza marcou em sua cena e com isso fez o filme ficar ainda mais imponente. E claro tenho de começar falando do protagonista máximo da trama Timothée Chalamet com seu Paul Atreides, que realmente estava com muito medo do que faria em cena, pois é um ator que tem uma base dramática muito marcante, e aqui o personagem precisava de algo mais intenso de força e dinâmicas, mas o diretor soube usar as características próprias do jovem para que o personagem ficasse muito melhor sem muita explosão (ao menos nessa primeira parte que ele ainda não luta tanto), e assim ele foi carismático o suficiente para seu papel denso e marcou com estilo do começo ao fim, dando nuances precisas e muito claras sobre quem é o personagem em si, e assim acertou demais. Agora em segundo plano, mas ainda muito importante para esse primeiro momento vemos uma Rebecca Ferguson completamente diferente de tudo o que já fez na carreira, ao ponto que sua Jessica é direta nos atos, tem todo um mistério inconsequente dentro da personagem, e a atriz conseguiu segurar tudo só com olhares e diálogos explosivos, não tendo atitudes marcantes, mas para onde quer que olhemos ela está presente, e isso foi muito bom de ver. Jason Momoa fez lutas bem coreografadas com seu Duncan, se jogou bem como um defensor nato, e principalmente se expressou muito bem sem precisar ter seu ar cômico tradicional, e ainda foi bem estiloso em atos mais pegados fazendo um papel que não lhe marcará tanto na carreira, mas que envolve pelo que faz. Oscar Isaac fez bem seu Leto com algumas cenas imponentes e tudo mais, mas mereceria um pouco mais de cenas para mostrar realmente quem foi o personagem. Da mesma forma Josh Brolin lutou bem em alguns atos com o protagonista, fazendo seu Gurney um exímio general de batalha, mas não indo muito além também, e embora não o vejamos morrer em cena, evaporou do mapa. Dave Bautista e Stellan Skarsgård trabalharam bem os vilões da trama, ao ponto que Dave foi mais explosivo e Stellan deu umas nuances mais nojentas para seu Barão, com um corpo maquiado estranho gigante e bizarro. Javier Barden se entregou bem para seu Stilgar, marcando cenas diretas e bem colocadas e certamente vai ser muito usado na continuação, pois além de um tremendo ator, fez atos fortes aqui. Aí você deve estar achando que esqueci de falar de Zendaya, mas não, sua Chani aqui é mero sonho praticamente do protagonista, aparecendo somente em carne e osso nos minutos finais, ou seja, vai servir para a continuação, mas aqui foi enfeite. 

Visualmente o longa é gigantesco, com cenas desérticas tão imponentes e bem feitas, com construções simples porém tecnológicas e marcantes e toda uma simbologia meio que mística nos devidos atos, com cada ambiente bem preparado tanto para as cenas de diálogos aonde todos estão bem ocupados, como para os atos de batalhas gigantescas com muitos figurantes (e claro algumas duplicações de personagens), com naves parecendo libélulas, outras ovais, mas tudo muito grande que dá uma imposição marcante, e claro com muitas explosões, muitos tiros e ainda muitas lutas corporais com espadas e escudos virtuais, cheios de ação marcante e muita desenvoltura tanto dos personagens, quanto das escolhas de ângulos para que o público ficasse ainda mais próximo das cenas. E claro ainda tem o minhocão Shai-Hulud monstruoso andando por baixo das areias e atacando na medida, ou seja, teve seu ar místico bem marcado e chamando a atenção. Detalhe claro que como o filme se passa num deserto, com muita poeira, e claro o pozinho que chamam de especiaria, a fotografia amarelada em tudo deu um show incrível com granulações, texturas e muita perspectiva, que talvez quem for conferir o longa em 3D veja até mais profundidades cênicas, mas aparentemente não será nada a mais para a trama.

E se ultimamente estávamos reclamando tanto que todas as trilhas sonoras de Hans Zimmer eram muito semelhantes, sem as devidas imponências e expressividades, aqui ele colocou para fora seus milhares de anos de carreira e criou algo completamente novo e forte, que chegamos até a sentir a orquestra tocando cada elemento para tudo explodir em conjunto, e que junto de uma mixagem de som com muitos tiros, explosões e muito mais, resultou em algo incrivelmente delicioso de ouvir cada barulho a distância montando uma simbologia incrível e mágica para a trama toda. E ainda contou com a canção meio que cantada, meio que gritada de uma forma tribal bem marcante por Czarina Russell.

Enfim, é um tremendo filmaço que faz valer seus 155 minutos muito bem aproveitados, e que talvez até poderia ter um ritmo um pouquinho só mais rápido para empolgar ainda mais, mas sairia do eixo simbólico que o livro tanto trabalha, e assim sendo o resultado funciona. Claro que dá para ficar bravo de não ver um grandioso desfecho completo, que só acontecerá daqui alguns anos (afinal nem começar a filmar a parte dois começaram!!), mas a síntese da história foi bem contada e agradará quem for disposto a entrar no clima, sendo uma boa recomendação para todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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