domingo, 24 de outubro de 2021

HBO Max - Coração Errante (Errante Corazón) (Wandering Heart)

Costumo dizer que quando pensamos em longas dramáticos temos que ter algo de impacto para causar o drama realmente, ter a intensidade bem colocada e ir além de algo que se não for surpreender, pelo menos faça refletir, e o cinema argentino tem muitos bons atores e diretores do estilo, ao ponto que quando você vê um filme deles ainda bem avaliado é claro que vai dar o play para conferir. E foi exatamente dessa forma que pensei ao escolher para ver "Coração Errante" hoje, porém acredito que fui com muita sede ao pote, contando com um filme que até tem uma boa desenvoltura, nos mostra o protagonista completamente solto num filme completamente solto (recomendo não conferir com crianças por perto!), porém vemos algo meio conflituoso demais tanto pelo roteiro quanto pela personalidade do protagonista, e assim sendo o filme não flui como poderia e nem choca como deveria, ficando bem no meio do caminho.

O filme nos conta que Santiago está tentando se recuperar do fim de um relacionamento enquanto reconstrói a vida com a filha adolescente, Laila. Depois de decepcionar a jovem diversas vezes, ele decide que precisa fazer algo para refazer o relacionamento dos dois. Ela pede que ele a leve para reencontrar a mãe e Santiago aceita. Assim, pai e filha saem em uma jornada complicada entre Argentina e Brasil na expectativa de reconectar a jovem com a mãe.

Diria que o diretor Leonardo Brzezicki tentou algo maior do que uma essência singela e reflexiva em cima de alguém que procura amar demais, que em todo relacionamento quer explodir e ir além, porém isso é algo muito difícil de demonstrar, ainda mais no mundo rotativo que hoje as pessoas apenas se aglomeram no momento e depois já era, e assim sendo o filme em diversos atos parece até falso demais, mas que dentro das possibilidades acabamos até fluindo junto com o protagonista, mas sempre fica parecendo faltar aquele algo a mais, e talvez até uma reviravolta mais contundente para que o filme realmente saísse do básico, o que não acontece, e mesmo no momento mais explosivo de todos, aonde a garota surta na mesa, descobrem a morte de uma pessoa, e o pai ainda apanha na balada, tudo ali é  tão normal que parece ser aceito fácil e sem firulas. Ou seja, é um filme até que representativo, mas que faltou muito para ser realmente um drama marcante.

Sobre as atuações, o fato é que Leonardo Sbaraglia é um tremendo ator e sabe se entregar muito bem para os personagens que faz, e aqui seu Santiago é completamente livre de tudo, menos de seus dramas pessoais, pois se entrega demais aos amores, tendo o título em si baseado no seu coração que erra demais e se joga completamente muito fácil, e assim o resultado do ator é algo realmente bem sentimental, mas que não atinge nenhum grande momento por tudo ser aberto e intenso demais, mostrando que ele é bom no que faz, mas só isso. Já Miranda de la Serna entregou a tradicional adolescente que explode facilmente com sua Laila, mas também com tudo o que ocorre até eu acho que explodiria, e a jovem teve alguns momentos fortes, mas sempre escapando de se entregar, o que é meio ruim de ver, sendo que o filme necessitava de ambos os lados, e eles ficaram abertos para algo que não entra em um bom fluxo, mas tem futuro. Eva Llorach foi muito mal usada com sua Eloisa, ao ponto que a atriz mostrou que a estrutura familiar dela é tão bagunçada quanto a do protagonista, mas apareceu e desapareceu tão rápido que é quase uma participação. Agora quem dá boas lições e marca a presença com trejeitos bem colocados foi Iván González com seu Federico, de forma que o jovem entrega verdade na atuação e seu personagem é quase uma boa base para o protagonista, e foi bem bacana ver o fechamento do filme com o protagonista em sua casa, pois ali talvez ele volte a ser ele. Sobre os demais vemos vários garotos em suas devidas nuances com o protagonista, vemos participações nacionais bem conhecidas como Tuca Andrada como Silvio e Thalita Carauta como Julia, mas usando mais as nuances em si do roteiro do que grandes expressividades.

Visualmente o longa brinca entre locações grandiosas como a casa de Federico lotada de homens nus numa grandiosa festa, um sítio aonde vive o ex do protagonista, o apartamento do protagonista numa bagunça imensa, alguns momentos envolvendo danças já que a filha faz parte de um grupo de dança, e claro os momentos no Réveillon do Rio de Janeiro, com alguns atos em casas noturnas, outras numa casa de um jovem, e algumas praias até vazias demais para a época do ano, mas tudo de forma bem simbólica e bem usada.

Enfim, não chega a ser um filme ruim, mas faltou dizer realmente aonde desejava chegar, e talvez algumas pessoas possam até se conectar mais com tudo o que é mostrado, mas ao meu ver o longa é mediano demais e não dá para recomendar. Bem é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais. 


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