terça-feira, 26 de outubro de 2021

Netflix - Sem Rastros (Leave No Trace)

É até engraçado pensar que um filme meio indie de aventura também possa ser reflexivo, mas a ideia que a trama de "Sem Rastros", que pode ser conferido na Netflix, nos entrega meio que envolve através da abstração que a mente surta num pós-guerra, pois o jovem pai até tenta fazer um agrado para a filha, mas quando se vê acalmando já precisa sair e mudar novamente. Diria que fiquei mais bravo com o protagonista do que entretido com o filme, pois a trama em si é bonita, mas o cara é muito burro, com uma casa ganhada, com a filha começando a viver, ele pega e fala vamos embora, depois a mesma coisa novamente, ou seja, o cara é muito problemático e não dá para aceitar, mas se analisarmos pelo problema de surtos de suicídio que a garota acha nas coisas, com os traumas de guerra, até é aceitável ele não desejar ficar preso a um lugar só, mas irrita querer estragar a vida da filha. Ou seja, a essência geral é reflexiva sobre um tema, mas dá para brigar com vários, e o resultado funciona bem.

A sinopse nos conta que Will e sua filha adolescente, Tom, viveram felizes e indetectados pelas autoridades durante anos em uma vasta reserva na fronteira de Portland, nos EUA. Após um encontro inesperado, eles são retirados do acampamento e colocados sob a responsabilidade do serviço social. Will e Tom tentam retornar ao mundo selvagem enquanto são forçados a lidar com desejos conflitantes.

A diretora e roteirista Debra Granik foi bem coesa em toda a situação, soube dimensionar seus atos para tornara a trama toda uma aventura moderna e bem marcada pelos atos da dupla, e mesmo tendo diversos outros atores, tudo flui para o pai e para a filha, colocando eles como um dependente do outro, quase como a falta de um corte umbilical, e toda essa síntese é bem interpretada, bem colocada, e cada ato fala por si, pois fica claro que a jovem não liga para outras coisas até conhecer algo melhor, e o pai deixa claro que sua vivência é cheia de problemas. Ou seja, vemos uma ação gostosa se pararmos para pensar, pois todos os atos têm sua devida definição e funcionamento, porém o que me incomodou pode não incomodar outras pessoas, que é a jovem querer fazer o pai mudar, e isso não existe em família alguma, e o cara é maluco, ao ponto que a diretora soube passar isso e nem precisaria do jornal, mas reforçou e até entendemos suas nuances. Sendo assim, o resultado é meio amarrado, e até poderia fluir para outros rumos, mas são escolhas, e ela optou pela abertura dos vértices e deixar que o público se emocionasse com a ideia do saco de comida que a outra senhora ensina para a garota.

Sobre as atuações tenho de falar que ambos os protagonistas se entregaram demais para seus papeis, fazendo olhares, tensões e diálogos muito bem encaixados, e todos os secundários pareceram nem ser atores, mas sim pessoas do meio realmente de projetos sociais, policiais e assim atuaram de formas bem simples sem ir muito além, então nem vou falar sobre eles. Dito isso, Ben Foster trabalhou seu Will com muita intensidade, olhares abertos marcantes, e toda uma paixão real pela filha, que mesmo atrapalhando ela acaba fluindo bem e sendo gostoso ver a interação entre eles. Da mesma forma Thomasin McKenzie trouxe para sua Tom uma personalidade ímpar e muito responsável pelos atos, ao ponto que a jovem faz trejeitos simples com envolvimento e mostra também uma adoração marcante para com seu pai, e isso faz com que o filme fique bonito de ver pelos seus atos.

Visualmente a trama tem toda uma conexão completa com o mato, tendo um início b marcante com técnicas de sobreviver e fuga no meio da barraca bem organizada pela família, tem toda a simbologia com os elementos entregues ali, e principalmente vai sendo funcional para a vivência deles, depois vamos para a delegacia social, para a fazenda de árvores natalinas, até caírem novamente na estrada e chegar no casebre no meio do nada, para na sequência ir para o camping bem rústico e envolvente, que mostra que a equipe de arte pesquisou bem esses ambientes para ser o mais representativo possível, acertando na medida.

Enfim, é daquelas tramas que trabalham de forma envolvente um ar simbólico maior, que pode fluir de tantas maneiras que alguns vão ir além na reflexão e outros apenas vão reclamar de tudo, mas que de certa forma vale os momentos entregues, pois é algo bonito de ver pela relação dos protagonistas e pelo ambiente em si, e sendo assim até recomendo o longa. Bem é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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