terça-feira, 16 de novembro de 2021

A Sogra Perfeita

Acho que agora posso dizer que a pandemia acaba finalmente nos cinemas, pois começou a voltar oficialmente as comédias clássicas nacionais para as salas! Digo isso, pois quem gosta do estilo comédia mais escrachada tradicional andava com poucas opções de lançamento nos cinemas, e com a trama de "A Sogra Perfeita" vemos desde o exagero em algumas piadas, como boas sacadas em cima do ambiente de filhos que não saem de casa, a velha pegada de tentar fazer dar certo e depois tentar fazer dar tudo errado entre um casal, e claro as devidas reconciliações, que aqui ainda contam claro com o músico mais experiente em casamentos: Fábio Jr. e sua clássica "Alma Gêmea". Claro que não é daqueles filmes que você rola de rir do começo ao fim, mas quem me conhece que é difícil uma comédia me pegar a fundo e aqui pelo menos ri em uma boa quantidade de cenas, e assim sendo posso dizer que vai ter gente que vai gargalhar muito então, ou seja, é um filme que felizmente não tem uma pegada novelesca, sendo mais puxado para algumas dessas séries especiais de um dia, mas que funciona como filme tendo um bom começo, meio e fim que diverte pelo menos.

A sinopse nos conta que Neide está chegando aos 45 anos e é dona do salão de beleza mais badalado do bairro, no subúrbio de São Paulo. Desde que se separou do marido encostado e colocou dois filhos na faculdade, ela sonha em aproveitar a vida de solteira. Paulo Ricardo é advogado e já saiu de casa, mas o outro, Fábio Junior, não dá nenhum sinal de que vai deixar a casa da mãe. Nerd e cheio de manias, ele adora os mimos da casa de Neide. A presença do filho marmanjo é a única coisa que separa Neide da sua tão sonhada liberdade. É aí que Neide cria um ambicioso plano: treinar uma funcionária do salão para se tornar a nora perfeita. A escolhida é Ciléia, moça simples e caipira que se interessa de verdade por Fábio Junior. Neide então faz tudo o que pode para transformar Ciléia e juntar o casal – mas acaba entrando numa confusão maior ainda!

Quem conhece os filmes da diretora Cris D'Amato sabe que ela uma das que mais oscila no mercado nacional, trazendo de filmes que você rola de rir ("S.O.S. Mulheres ao Mar" e "Linda de Morrer") até aqueles que você não sabe se o que viu era pra rir ou para chorar ("É Fada" e "Os Parças 2"), mas isso sabemos que rola bem com vários diretores mundo afora e nem sempre dá para acertar a mão, mas uma coisa é bem nítida no seu estilo é que não faz filmes lentos, tendo sempre uma boa dinâmica que consegue segurar a onda pelo menos do começo ao fim, e outro ponto é não ficar tanto no eixo novelesco que muitos diretores de comédia nacional optam para não errar a mão (e aí é que ela se arrisca), fazendo claro um filme propriamente dito, e aqui ela ficou bem mais próxima dos primeiros filmes, trazendo algo gostoso de ver, divertido, que tem toda uma pegada levemente forçada, mas que é casual, pois já vimos muitos casos desse estilo de famílias de encostados e que desejam por pra correr para ter a liberdade, e com dois bons vértices como falei no começo, primeiro vemos a sogra alegre que quer ajudar em tudo para a moça se conectar com o filho, e depois todo o desespero para quebrar o encanto já que acha que está sendo traída pela confiança que deu para moça, e nesse segundo ato que a risada é garantida, pois a protagonista detona literalmente nas coisas que faz, e o resultado agrada muito. Ou seja, é um filme com muitos altos e baixos, mas que no final das contas funciona bem e diverte, que é a proposta de uma boa comédia, e assim vai agradar bem quem gosta do estilo.

Sobre as atuações, o filme é claro de Cacau Protásio com sua Neide irreverente, desboca e cheia de atitude, ao ponto que nem deveriam tirar a câmera dela, pois a atriz tem muito estilo e sabe segurar o filme do começo ao fim, e quando sai dela a trama tem leves desabamentos, o que não é legal, mas voltando para a atriz sua desenvoltura no filme é tão bem colocada que já é uma das atrizes de comédia mais chamadas nos filmes nacionais, mas deve ir muito além, pois é boa no que faz, mesmo que para isso precise gritar ao máximo. Luis Navarro e Poliana Alleixo até que entregaram bons momentos como um casal, com Navarro dando nuances até infantis e bobas demais com seu Fabio Jr, mas sendo parte do personagem e Alleixo sendo ingênua demais em alguns momentos para tentar passar um ar de interiorana, mas certamente poderia ter explodido um pouco mais. Já Evellyn Castro trabalhou até que bem sua Sheila, mas ficando muito em segundo plano e dando um pouco mais de abertura para os exageros de Rodrigo Sant'anna com seu Eddy, ao ponto que ambos juntos funcionam, mas separados acabaram ficando exagerados demais. Quanto aos demais foram usados mais para piadas espaçadas, desde o ex-marido vivido por André Mattos, até o português da padaria que é apaixonado pela protagonista vivido por Marcelo Laham, tendo espaço até para um anão de atendente, o que não precisaria de certo apelo.

Visualmente o longa é bem representativo, tendo a casa simples porém bem detalhada da protagonista, com cômodos bem pequenos, mas valorizados em detalhes, como o quarto do jovem cheio de apetrechos nerds para representar sua profissão de testador de jogos, temos o salão da protagonista que é dividido com a oficina mecânica do ex-marido, brincando que ambos fazem recuperações de visuais, ela de pessoas e ele de carros, mas que poderiam até ter ficado mais por ali, brincado com as transformações que faz nas pessoas, pois é mostrado no começo uma e depois praticamente só vai ali para bater papo, o que não é muito empolgante de ver, temos um parque de diversões aonde o casal comemora seus mêsversários, e claro toda a conexão da vizinhança bem característica dos subúrbios aonde todo mundo opina na vida de todo mundo, o que de certa forma acaba sendo um bom acerto da produção visual do longa, que não vai muito além, mas é bem feitinha.

Enfim, é um longa divertido que até vai agradar bem quem gosta de uma comédia mais escrachada, mas poderia ter mais piadas bem colocadas e poderia ter uma exploração melhor dos personagens, mas ainda assim do jeito que foi entregue funciona bem e faz rir, o que é de praxe em uma comédia, sendo uma boa opção para quem gosta do estilo na próxima semana, já que entra em cartaz em todos os cinemas no dia 25 de novembro. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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