Diria que o diretor Phil Abraham, que tem um currículo invejável de séries, soube trabalhar uma dinâmica bem coesa aqui, pois a trama funciona tão lisa que em momento algum do filme você desconfia que foi feito como algo seriado, aliás pelo catálogo dos episódios no IMDB deve ter sido algo bem desagradável ver pedacinhos de 8-10 minutos de algo maior, que acho que nem numa emissora aberta funcionaria algo tão desmembrado assim, já em um pensamento macro como em um filme o resultado fluiu bem, não tem tanta enrolação, e é até divertido ver as atitudes dos caçadores quando estão ao lado da presa, no caso o protagonista, pois cada um sendo mais bizarro que o outro, os atos acabam sendo icônicos e bem interessantes. Ou seja, diria que o roteiro foi escrito originalmente como um filme, com uma proposta bem determinada, filmado como um filme, porém na hora de vender para essa plataforma diferente (não conheço nada dela para falar mais) resolveram picar em episódios e entregar, mas como vi como filme, o resultado me agradou e digo que funcionou.
Como comecei a falar dos personagens, diria que a escolha de Liam Hemsworth como Dodge foi bem precisa, pois o jovem ator tem um bom tino e estilo atlético para representar um corredor, e que sabe transpor para seus semblantes as dinâmicas de desespero e luta pela vida dentro do que a trama necessitava, e assim sendo seus atos foram funcionais, ele brigou bem e conseguiu dinamizar cada ato dentro do esperado por uma presa veloz em uma caçada. Christoph Waltz foi bem imponente com seu Miles, sendo incisivo nas regras, torcendo para que seu jogo ficasse mais sórdido a cada momento, e principalmente sabendo dosar a intensidade de seus trejeitos, algo que sabemos que sempre faz bem, e assim marcando bem o trabalho para quem sabe conseguir uma continuação, já que deram essa brecha no final. Quanto dos caçadores, foi muito engraçado ver cada um bem diferente do outro, desde o engomadinho Chris Webster cheio de imposições e intenções com seu Nixon, passando pelo grosseiro Reagan bem vivido por Billy Burke, chegando no africano psicólogo divertidíssimo Carter que Jimmy Akingbola fez com nuances claras e cheias de referências de personalidade, e até mesmo a lutadora Kennedy vivida por Natasha Liu Bordizzo acabou entregando bons atos, mas Patrick Garrow acabou ficando exageradamente secundário com seu LBJ, não chamando nem tanta atenção nos momentos de imposição que precisava aparecer. Quanto aos demais, tivemos ainda bons momentos com Aaron Poole com seu Connell funcionando quase como um limpador das cenas dos crimes e rastreador se tudo está rolando nos conformes, e fez bem seus atos, enquanto a esposa e o amigo vividos por Sarah Gadon e Zach Cherry acabaram não fluindo tanto fazendo apenas algumas caras e bocas durante toda a exibição de preocupação.
Visualmente o longa tem uma boa interação, com o protagonista entrando em shoppings, barcos turísticos, igrejas, estádio de jogos, carros e muitos prédios da cidade de Detroit, sendo um filme quase que com mais cenas ao ar livre que tudo, ampliando assim o leque de ação, e que sem poder usar armas de fogo na caçada, a intensidade das lutas corporais acaba sendo ainda mais doida de ver, valendo bem cada local escolhido pela produção para tudo, e nas cenas finais em uma fábrica poderiam ter ido até mais além com tudo.
Enfim, fiquei com muito medo de ver o filme por saber que ele era antes uma série, e pensei que acabaria sendo enrolado e muito picotado, mas como já disse, acredito que seja bem o inverso ao estilo do que a Globo Filmes faz quando vai passar seus longas na telinha da TV, e assim sendo podem dar o play tranquilo que é garantia de filmão. Bem é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...