Como falei na introdução, o diretor e roteirista Laurent Cantet foi bem ousado em colocar um tema forte desse estilo em um longa de ficção, pois todo dia ouvimos algo sobre o tema nos jornais, na internet e até na roda de amigos, e cada um claro tem sua opinião sobre estar certo ou ser coerente com o que seus seguidores querem ouvir você dizendo, e tudo foi tão bem trabalhado pela essência da ideia que acabamos nos envolvendo e esperando até um final mais chocante para o protagonista, afinal em menos de 10 minutos saiu do paraíso para o inferno, foi questionado e julgado pelos amigos, namorada, parentes e tudo mais, mas no final apenas jogou a bola, e assim sendo o filme não vai muito além. Ou seja, não vejo uma direção ruim, apenas poderia ter explodido a bomba de uma forma melhor e mais imponente.
Sobre as atuações, temos vários personagens secundários que apenas aparecem e entregam rápidas críticas para o protagonista, e assim sendo vale falar apenas de Rabah Naït Oufella com seu Karim D., pois ele soube dosar emoções, entregar sinceridade nas dinâmicas, e principalmente demonstrar o que cada um acaba pensando quando faz uma cagada e é exposto na mídia, e assim vemos um bom personagem, todo o envolvimento que o ator soube passar e que funciona bastante dentro da proposta, mas ainda assim poderíamos ver reações mais explosivas como fez seu irmão e outros personagens.
Quanto do visual do longa, é muito bacana ver o processo de desabamento do protagonista, pois o filme começa com ele dando entrevista de seu novo livro, com mensagens graciosas de emoção aparecendo na tela, todo mundo falando que chorou lendo o livro sobre sua mãe, a jornalista abraçando e querendo selfies, na sequência já vai para uma festança gigantesca no topo de uma editora em homenagem à ele, com luzes e tudo mais, propostas de virar filme a história e por aí vai, ai começam a pipocar as notícias ruins, acharam seu perfil antigo, mais bombas, vai parar no escritório da dona da editora que já chuta o balde com o advogado, desesperado corre para a casa da amante, nem quer mais taxi, o visual de uma boa noite de sexo muda completamente quando a moça descobre pelo rádio despertador, vai pra sua antiga TV comunitária, mais porradas, vai pra casa da mãe no gueto já desabou para o lado mais pobre, mais brigas com a mãe, com o irmão que o defende no meio de um prédio abandonado, uma entrevista para um jornal já sem saber o que está falando, fim de tudo. Ou seja, é daqueles visuais que vamos vendo a decadência dele e tudo sendo bem simbólico e representativo, o que é bacana de acompanhar, mas como disse poderia ter ido bem mais além.
Enfim, é um longa bacana pela proposta, que funciona e é bem atual, mas faltou mais desespero, e uma finalização mais direcionada para sabermos também a opinião do diretor sobre o assunto, porém o resultado agrada e assim faz valer para discutirmos mais sobre o tema. Bem é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas já vou para mais uma sessão do Festival Varilux de Cinema Francês, então abraços e até logo mais.
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