O longa é inspirado na chocante história real do império da família por trás da italiana casa de moda Gucci. Abrangendo três décadas de amor, traição, decadência, vingança e em última instância, assassinato, vemos o que um nome significa, o que vale e quão longe uma família para se manter no controle.
Todos sabemos que o diretor Ridley Scott gosta muito de ser minucioso em suas tramas, contando detalhes de atos que nem são muitas vezes necessários para que o filme funcione, e aqui ele praticamente desenhou desde o começo o que tanto o pai do protagonista fala sobre os interesses da garota, e também tudo o que a garota/esposa sempre falou do advogado da família, pois o fechamento é exatamente em cima dessas duas desenvolturas ditas logo no início do filme, e assim ele deu seu estilo mais lento para que o público conseguisse ver as coisas acontecendo, já refletisse sobre o ato em si, e seguisse para o próximo, quase como uma leitura capitular de um livro, mas sem precisar das pausas para ler os títulos dos capítulos, e assim sendo vamos no começo criando o clima, se envolvendo com os personagens e até torcendo para tudo dar certo para todos, mas ocasionalmente como na maioria dos filmes do diretor, no miolo ele acaba exagerando demais, e não indo para rumos diretos, ao ponto que fica parecendo faltar estilo, mas não, esse é o seu estilo, e quando já volta para todo o desfecho até rápido demais já não pega mais tanto o público o que acaba sendo um defeito que para muitos pode até desagradar, mas que volto a frisar não é ruim de completo.
Sobre as atuações, como falei no começo o filme só não é pior por todos se entregarem ao máximo e desenvolverem muito bem seus personagens, e assim sendo conseguimos ver que Lady Gaga tem escolhido a dedo cada um dos seus projetos para o cinema, para claro conciliar sua carreira musical e ainda acertar a mão por completo em seus personagens, e aqui ela está perfeita com sua Patrizia, contando com nuances expressivas fortes, dinâmicas marcantes e uma personalidade que poucas atrizes conseguiriam entregar, de forma que facilmente dá para apostar que vá figurar entre as indicações de todas as premiações, levando algumas estatuetas para casa talvez. Agora se eu fosse o agente de Adam Driver falaria para ele tirar alguns anos sabáticos, pois está entrando em quase todos os filmes possíveis, e ele não é um ator extremamente expressivo ao ponto de chamar tanta atenção, e aqui seu Maurizio tem estilo e classe, mas é influenciável demais para um empresário do porte dele, e acaba não entregando tudo o que poderia para o papel, mas não desandou como costuma fazer, agradando em alguns atos espaçados. Al Pacino sempre foi uma lenda marcante pelas suas brilhantes atuações, e aqui seu Aldo é mais do que perfeito, tendo coesões graciosas, divertidas e bem imponentes, salvando muitos momentos que poderiam facilmente serem cortados do longa, e que o diretor deve ter pensado: "mas esse velho mandou tão bem aqui que não dá para eliminar a cena!". É até engraçado como Jack Huston vai comendo pelas beiradas durante todo o filme com seu Domenico, ao ponto que em alguns atos nem o vemos direito, mas está lá, e com muita desenvoltura acaba fechando o filme ainda de uma maneira bem imponente, e que até dava para ir além. Jared Leto acabou forçando um pouco demais os trejeitos de seu Paolo, ao ponto que exageraram tanto na maquiagem quanto nos trejeitos que o ator entregou, não sendo ruim, pois ele é um tremendo ator, mas facilmente dava para minimizar tudo. Ainda tivemos bons atos de Salma Hayek como a terapeuta e taróloga Pina totalmente pilantra, Jeremy Irons com seu Rodolfo já morto quase desde o primeiro ato, mas fazendo boas entregas, e até Reeve Carney e Youssef Kerkour apareceram bem nos atos de seus Tom Ford e Neemi Kidar, mas bem rapidamente nos fechamentos.
Visualmente a trama é cheia de luxo e requinte, afinal estamos falando de uma das famílias mais famosas da moda, então vemos casas imponentes em diversos países, vemos carros caríssimos e exclusivos da época, isso sem falar claro no figurino de cada personagem que vai muito além da moda, e contando com desenvolturas nas casas deles, em lojas, nas passarelas tudo ficou bem marcado por muito estilo e classe. Agora quanto do cabelo e maquiagem, olhando as fotos dos verdadeiros Gucci acho que acabaram exagerando e errando demais, fazendo com que alguns personagens ficassem mais caricatos do que parecidos realmente com os verdadeiros, mas como o que importa no filme é a dramaticidade e a síntese dos papeis, isso acaba não atrapalhando tanto.
Enfim, é um tremendo filmaço pela história contada, mas que o diretor quis mostrar coisas demais, e assim talvez num formato seriado funcionaria melhor, com tudo sendo uns quatro capítulos, mas que funciona também como filme apenas sendo alongado demais para o estilo. Digo que recomendo bem a trama para quem gosta de dramas alongados com bastante história e que trabalham bem os personagens e acontecimentos, mas vá descansado que o filme é intenso de dramaticidade. Bem é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com uma tonelada de textos do Varilux, então abraços e até logo mais.
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