Diria que é bem fácil entender o problema do longa, pois o diretor Danila Kozlovskiy quis aparecer demais atuando também, e com isso quis criar um clima romantizado para dar motivação para o herói, quis criar o ambiente antes e após a explosão, e com isso acabou enrolando um pouco demais, pois facilmente a ideia seria bem bonita e com o mesmo impacto criando tudo desde a explosão, mostrando um pouco de uma forma bem rápida quem era o bombeiro, mostrando talvez um pouco quem era o engenheiro e o mergulhador, para dar algumas nuances, e já indo direto na tentativa de escoar a água, e todo o rápido planejamento ali, mas a opção de florear é algo que sempre vende então optaram por montar o roteiro assim, e o diretor sendo também o protagonista do filme apenas aumentou um pouco seu tempo de tela. Claro que não digo que seja algo ruim, afinal o lance do herói dar sua vida pelo filho que ficou doente, ter a emoção da mulher expressada pela volta do amor do passado e tudo mais acaba dando uma nuance maior para que o público se envolva, mas poderia ser menor para dar mais espaço para outras coisas, como por exemplo da vida dos demais, que apenas foram jogados no fogo sem que nem saibamos direito como chegaram ali.
E já que falei do diretor atuando, posso falar que suas expressões corporais foram bem trabalhadas, ao ponto que seu Alexey é bem dinâmico, se entrega bem nas ações e faz uma desenvoltura bem interessante nos atos que precisou colocar trejeitos fortes, só não posso falar muito do seu tom de voz, afinal todo filme russo que chega nos cinemas do Brasil vem dublado em inglês, então é melhor não falar de suas entonações. Filipp Avdeev trouxe uma expressividade inicial de medo bem impactante para seu Valery, ao ponto que demonstrou bem a sensação de uma imposição de ter que estar ali, mas que num segundo mergulho já está pronto para se sacrificar, e o ator fez atos bem marcantes e interessantes de ver, sendo um bom acerto em cena. Da mesma forma Nikolay Kozak trabalhou seu Boris, mas acredito que esse tenha sido o ator mais mal dublado, pois seus atos físicos não condiziam com a forma que falava suas falas, e isso acabou pegando um pouco, mas o militar foi imponente e claro ficou bem maluco com a radiação. Como acabou caindo para o protagonismo, Oksana Akinshina trabalhou até que bem sua Olga, parecendo ter muitas dúvidas do que fazer da vida, e um ar tímido meio que forçado até, mas trabalhou bem nos atos mais marcantes, e com isso até foi bem além na produção toda.
Visualmente sabemos bem que o longa não foi gravado no local do acidente realmente, afinal a contaminação por lá já diminuiu, mas não daria para ficar muito tempo rodando um longa cheio de pessoas, então sendo rodado em Moscou, Kurchatov na Rússia e em Budapeste na Hungria, conseguiram criar bem todo o ambiente caótico dentro do reator, com muitas cenas inundadas com mergulhos desesperados, muita maquiagem para fazer as devidas queimaduras seja pela radiação ou pela água fervente (que claro também sabemos que não fizeram os atores entrar em algo quente demais), e tudo foi bem simbólico da época com ambulâncias, carros e tudo mais, criando bem um ambiente forte e bem retratado, que funciona, mas que ainda poderia ter ido além em tudo.
Enfim, é um filme mediano para bom, que quem conferiu a série da HBO vai falar que aqui ficou até fraco demais, mas aí entramos no fato que em uma série dá para trabalhar bem mais coisas, então como um longa de pouco mais de duas horas, se tivessem aproveitado mais as cenas dentro do reator, dos hospitais e do desenvolvimento do plano, ao invés do drama romântico, o resultado certamente seria muito melhor, mas ainda passa longe de muitas bombas russas que já apareceram por aqui, sendo um filme comovente ao menos que até dá para recomendar. Bem é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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