Os diretores Fernando Sanches (do ótimo longa "A Pedra da Serpente") e Afonso Poyart (dos ótimos filmes "2 Coelhos", "Mais Forte Que o Mundo" e "Presságios de um Crime") souberam ser bem criativos no desenvolvimento da trama, criando atos ao mesmo tempo lúdicos e ousados, de forma a impactar bem em todas as situações, pois o filme abre a ideia do saudosismo, de ficar preso no tempo e não evoluir, mas que quando entram de cabeça no mundo das drogas passam a ser mais descolados e dinâmicos, e com isso o resultado do trabalho da direção de ambos é notável, pois vemos as famosas câmeras lentas e malucas de Poyart e a centralidade ousada de Sanches, fazendo com que o filme tivesse realmente uma impressão dupla. Ou seja, é uma comédia bem diferente do que estamos acostumados, que não recai nem para algo mais clássico, nem para algo escrachado, muito menos para os ares novelescos ou típicos do Zorra, sendo algo que pode ainda evoluir mais e ficar marcado como algo próprio dos diretores, e isso é um grande acerto.
Sobre as atuações, diria que fiquei esperando um pouco mais de Marcelo Serrado com seu Valentim, pois o ator costuma entregar personagens icônicos, e aqui aparentou ficar meio que para trás demais, algo que não é comum seu, ainda mais que o filme é quase todo focado nele, ou seja, ele poderia ter ido além. Já Otavio Muller trabalhou bem seu Kodak, sendo um personagem meio estranho, porém bem encaixado na proposta, e que acaba soando engraçado com as maluquices que pensa. Agora sem dúvida alguma os momentos mais engraçados recaem para o Eddie de Ailton Graça, desde os primeiros atos com a droga, até nas ideias que acaba fazendo, sendo bem colocado do começo ao fim, envolvendo na proposta e agradando com o que faz. A pegada de Luciana Paes com sua Paula acaba sendo meio bizarra, mas tem estilo e faz parte da proposta, ao ponto que sua loucura com a droga ficou meio fora de eixo, ao ponto que valeria mais momentos seus no set como maquiadora do que ali num programa de palco. Milhem Cortaz fez seu traficante Mesbla de uma forma meio que surtada, mas encaixou bem seu estilo forte e chamou a responsabilidade de suas cenas para si, o que acaba dando um bom tom, mas precisou forçar um pouco a barra, o que não é tão bom de ver. Quanto os demais valem um pouco de destaque para Taumaturgo Ferreira com seu Dudu mais descolado e cheio de traquejos internacionais, mas desperdiçaram de não usar mais Zezé Motta com sua Sula, pois a atriz é boa demais para duas cenas quase sem falas.
Agora algo que o filme valorizou bastante foi o conceito visual, trabalhando bem a galeria inteira, mostrando empresas clássicas que víamos nesses lugares como revelações de fotos, balcões de mágicas, locadoras de filmes, salões de beleza e lojas de discos, contando com todos os elementos clássicos para ser bem representativo, além da luta final ser bem pensada e sacada de onde veio toda a ideia, sendo um bom fechamento ou não, afinal a cena no meio dos créditos diz que pode haver continuação. Ou seja, um bom trabalho da arte, com bons efeitos e funcionalidades.
Enfim, é um bom filme que será lembrado pelo diferencial como um todo, mas que certamente se fosse ainda mais engraçado acabaria como o trailer pareceu ser, o resultado seria incrível e valeria ainda mais. Mas recomendo ele com certeza por todo o estilo, e ser uma comédia fora do usual que sempre nos é entregue. Bem é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas hoje ainda vou conferir mais um longa, então abraços e até logo mais.
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