sábado, 20 de novembro de 2021

Netflix - Tick, Tick... Boom!

Esse ano está sendo realmente das apresentações musicais da Broadway virando longas imponentes nas telonas e telinhas, pois ao trabalharem temas bem envolventes e que continuam atuais, resultam em tramas bonitas e gostosas de ver, e que mesmo quem não seja um grande apreciador do estilo acaba curtindo o que é mostrado. Claro que alguns puxam mais para a cantoria enquanto outros desenvolvem um pouco mais da história tendo alguns atos cantados e outros interpretados, e é nesse segundo estilo que se encaixa  o filme da Netflix, "Tick, Tick... Boom!" que funciona muito bem como uma grandiosa homenagem ao compositor Jonathan Larson que viveu vários anos tentando conseguir lançar seu primeiro musical para alçar ao estrelato, mas que somente com esse exemplar aonde conta sua vida e como foi escrever ele conseguiu decolar. Diria que o filme tem uma essência emotiva bem trabalhada ao desenvolver o tema da paixão seja por uma pessoa, por um amigo ou pela arte, o se descobrir no meio, e principalmente viver com tempo para conseguir fazer tudo o que precisa, e que tem um bom fluxo de ideias conseguindo ser interessante e agradável, mas que ainda assim falta algo mais explosivo realmente para pegar o público, e que mesmo sendo uma belíssima obra ficou seguro demais dentro da proposta, mas isso é entendível, afinal é o primeiro trabalho de Lin-Manuel Miranda dirigindo e assim não foi além, mas já mostra que veremos muito dele com personalidade nas telas.

O filme segue Jon, um jovem compositor de teatro que servia mesas em um restaurante na cidade de Nova York em 1990 enquanto escrevia o que ele espera que seja o próximo grande musical americano. Dias antes de apresentar seu trabalho em uma performance decisiva, Jon está sentindo a pressão de todos os lugares: de sua namorada Susan, que sonha com uma vida artística além de Nova York; de seu amigo Michael, que mudou de seu sonho para uma vida de segurança financeira; em meio a uma comunidade artística sendo devastada pela epidemia de AIDS. Com o tempo passando, Jon está em uma encruzilhada e enfrenta a pergunta que todos devem considerar: o que devemos fazer com o tempo que temos?

Como falei no começo essa é a estreia de Lin-Manuel Miranda na direção de um filme, mas ele provou que sabe conduzir muito bem seus atores para musicalizar num nível que vai muito além de tudo, afinal Andrew Garfield ainda não tinha encarado esse gênero e foi perfeito em cena, e isso se deve demais à uma boa direção, o único problema é que vemos uma divisão clara dos atos acontecendo no palco e na vida do rapaz, sendo até uma boa representação, que talvez coubesse algo maior para se abrir e acontecer somente fora do palco, mas não chega a incomodar, e dá para entrar de cabeça em tudo o que o roteirista Steven Levenson conseguiu adaptar, afinal o musical de Larson é somente o que está no palco e Levenson foi criativo em abrir o nicho. Ou seja, é uma trama que é necessário o público entrar no clima para conseguir ser levado e se emocionar com os temas, mas que facilmente tem três ou quatro atos que foram bem fundo nisso e conseguiram, com destaque claro para a amizade de Michael tanto na briga quanto na notícia pesada, na apresentação da discussão do casal feita musicalmente pelo protagonista e Vanessa Hudgens no palco, e para o estouro de Hudgens e Alexandra Shipp na canção principal da peça. 

E já que comecei a falar dos atores, se há algum tempo muitos criticavam o jeitão meio estranho de Andrew Garfield atuar, agora podemos dizer que ele encontrou versatilidade e estilo para encarar o que quiser, pois sua representação de Jon é algo quase que clonado ao vermos as cenas gravadas antigas, entregando personalidade, carisma e muita desenvoltura, além claro de cantar muito bem e passar a emoção através do sentimento cantado, o que resulta em algo perfeito de ver. Alexandra Shipp representou também bem sua Susan, enfrentando o tradicional conflito de ter um artista que não tem tempo para ela em casa, fazendo claro que as devidas discussões fossem bem expressivas, e acertando bem o tom e os trejeitos da personagem, que acredito que tenha sido marcante na vida do verdadeiro Larson. Robin de Jesus deu um tom muito emocional para seu Michael, sendo preciso nas nuances, fazendo com que a amizade dele e Jon fossem algo bonito demais de ser visto, e que soube passar sensibilidade sem soar forçado e ser gracioso sem parecer jogado, o que acabou sendo de uma precisão incrível de ver na tela. Agora confesso que não reconheci Vanessa Hudgens com sua Karessa, pois a atriz está muito diferente, não sei se foi maquiagem ou algum procedimento estético, mas não é a mesma que já vimos em vários outros filmes, mas isso é o de menos, pois a atriz e cantora soltou seu vozeirão em diversos atos e na apresentação da música mais difícil de ser composta ficou incrível ao ponto de arrepiar, ou seja, foi bem demais. Ainda tivemos bons atos cantados de Joshua Henry com seu Roger, e claro toda a representatividade do personagem de Bradley Whitford como Stephem Sondheim, um dos maiores produtores de musicais da Broadway.

Visualmente o longa foi bem bacana por mostrar a vida simples e bagunçada de artistas, com apartamentos completamente bagunçados, devendo tudo quanto é conta possível, mas claro fazendo festanças, tivemos ainda a comparação com quem realmente opta por trabalhar fora da arte que consegue ir para um bairro/apartamento mais luxuoso, tivemos os vários atos mostrando a peça "Tick, Tick... Boom!" sendo representada e apresentada pelo protagonista, com um visual simples mas bem marcante, vários atos na piscina para refrescar a mente e toda uma desenvoltura bem clássica nos estúdios de música, aonde tudo vai se desenvolvendo, ou seja, a equipe de arte foi bem segura e acertou no estilo ao menos da época dos anos 90 para funcionar.

Todas as canções são bem marcantes e representativas, o que não poderia ser diferente, afinal estamos falando de um musical, então vou colocar aqui o link para todos escutarem, mas não recomendaria ouvir elas antes de ver o filme, pois lá elas tomam forma, enquanto aqui são apenas cantadas, mas todas são bem interessantes e envolventes.

Enfim, é um filme que poderia facilmente ter ido além, mas que funcionou muito bem como uma homenagem e uma representação fiel da peça musical para algo mais expandido, e assim pessoas como eu que nunca tiveram a oportunidade de ir para a Broadway conferir essa peça, e claro conhecer um pouco mais de Larson sem ser o filme/peça "Rent" puderem entrar de cabeça e se envolver com tudo o que foi mostrado. E sendo assim recomendo ele com toda certeza para todos. Bem é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto mais tarde com mais textos, então abraços e até logo mais.


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