O diretor e roteirista Edgar Wright já nos surpreendeu com quase todo tipo de filme, desde ação, comédias, de HQ, assaltos, perseguições e agora terror com grande carga dramática e que brilhantemente ainda usou técnicas de movimentação de câmera para ter as devidas sacadas, teve toda uma sintonia perfeita de visual de época e ainda por cima reviravoltas bem encaixadas com os diálogos e situações, fazendo com que seu filme não ficasse só na simplicidade casual dos longas do gênero, tendo um assassino ou um espírito e coisas do tipo, mas sim todo o envolvimento da loucura, o ar de mediunidade de ver pessoas e claro incorporar tudo isso a uma imaginação fértil de uma jovem adulta, e assim florear todos os anseios com muita dinâmica e precisão. Ou seja, tenho certeza que muitos nem darão a chance para o filme pela classificação de terror, mas se parar para pensar pela carga dramática em si certamente valeria a chance, pois o envolvimento e a beleza técnica é tamanha ao ponto de que certamente o veremos em premiações no começo do ano, já que tem o estilo que tanto gostam, e assim sendo faz valer o algo a mais.
Sobre as atuações, temos literalmente um show de Thomasin McKenzie e Anya Taylor-Joy numa jogada de épocas tão marcante que se no começo já estava complexo com cada uma com uma cor de cabelo, quando a jovem pinta o cabelo e passa a usar as mesmas roupas da moça da década de 60 o filme literalmente bagunça nossa mente, e não apenas por isso, mas sim por ambas se entregarem e ficarem perfeitas em seus devidos atos. Dito isso Thomasin McKenzie vem num crescente tão bom que já começa a figurar entre grandes atrizes, e aqui sua Ellie é completamente cheia de nuances, com olhares impactantes, surtos fortes e bem determinados e muita desenvoltura para que cada momento seu fosse explosivo, mas cheio de síntese, não ficando algo maluco e esquisito, e assim acaba nos conquistando e agradando bastante em cena. Da mesma forma Anya Taylor-Joy vem construindo uma carreira brilhante cheia de acertos e filmes marcantes, e aqui sua Sandie tem toda a desenvoltura clássica das mulheres dos anos 60, recai bem para o ar das jovens que acabavam fazendo de tudo para alcançar sucesso nos clubes, e trabalhando trejeitos e posturas bem fortes conseguiu ser bem direta em tudo, ou seja, foi bem demais e vai muito longe ainda. Matt Smith teve bons atos com seu Jack, trabalhando bem o galanteio num primeiro momento e o ar canastrão numa segunda desenvoltura com muita clareza de estilo e impactando bem nos atos de seu personagem, caindo muito bem para tudo o que precisavam. Michael Ajao trabalhou bem seu John, mas acabou sendo daqueles personagens que até conseguimos ter algum carisma pelo carinho que passa para a protagonista, mas que é facilmente ofuscado e fica demais em segundo plano, e assim não decolou como poderia. Quanto aos demais, tivemos ainda atos marcantes de Terence Stamp como um senhor que passa a seguir muito a protagonista, e que depois que descobrimos mais sobre ele a surpresa é bem forte tanto pra ela quanto para o público e Diana Rigg como Ms. Collins como a dona da casa aonde a protagonista vai morar, que também tem seus segredos e acaba sendo bem marcante nos atos mais fortes do longa, ou seja, são dois personagens que aparentemente soaram como secundários, mas que tem bons fechamentos de cena.
Visualmente o longa já inicia com o aviso que se você tem problema com cores fortes e piscantes o filme pode causar epilepsia, ou seja, e isso se deve por alguns atos no quarto da protagonista com um bistrô próximo com luzes vermelhas e azuis piscando o tempo todo, que acaba dando até um algo a mais para o ambiente, além de algumas cenas nos clubes e festas, aonde tudo dá as devidas nuances de drogas e muito mais, mas o que faz valer mesmo é o trabalho que a equipe de arte conseguiu fazer de ambientação, retratando bem os clubes dos anos 60, as devidas festas aonde as mulheres do bairro de Soho conhecido por ser um point bem sensual da época pelos cabarés eram oferecidas aos homens mais ricos por agentes, os grandiosos shows e tudo mais, tudo com muita gala e pompa que ainda por cima a jovem na época atual tenta resgatar com os belíssimos figurinos de época em seu curso de moda. Ou seja, é tanto bem montado no conceito de design para recair para prêmios desse estilo, quanto para os âmbitos de cabelo, figurino e maquiagem, pois deram show nesses quesitos.
Outro ponto incrível da trama ficou a cargo da trilha sonora só com grandes clássicos dos anos 60, que além de ter uma escolha perfeita para dar o ritmo e dinâmica da trama, ainda foram criativos o suficiente para que a protagonista cantasse brilhante e deliciosamente em determinado momento, ou seja, ficou sexy e muito funcional, valendo claro a conferida no filme e depois aqui no link.
Enfim, tinha gostado do que vi no trailer e imaginava que poderia me decepcionar com o resultado final, mas esse medo ficou só na lembrança, pois é uma trama que beira a perfeição, só faltando talvez um pouco mais de conflito nos atos finais, pois tudo acaba sendo muito fácil depois de tanta coisa, mas isso é algo comum para fechamentos de longas de terror, então está valendo, e assim sendo recomendo demais o longa para todos, e mesmo que você fale que não curte o estilo, dê a chance, pois é mais do que apenas uma trama de sustos gratuitos, que aliás não acontece nesse filme. Bem é isso meus amigos, finalmente fico por aqui hoje depois de três bons filmes, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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