Querido Evan Hansen (Dear Evan Hansen)

11/12/2021 01:41:00 AM |

Falar de depressão, ansiedade e mentiras pode ser algo bem difícil e trabalhoso, e criar um longa em cima disso mais ainda pois acaba envolvendo trejeitos e muitas situações dentro das devidas dinâmicas, então trabalhar um musical inteiro em cima dos temas é algo quase impossível de se imaginar, mas fizeram e a obra que foi exibida na Broadway e acabou ganhando tanto um Tony Awards quanto um Grammy pelas canções, e agora eis que fizeram a versão adaptada para o cinema de "Querido Evan Hansen", que mais do que uma bela história muito forte e cheia de floreios interessantes consegue passar a mensagem claro cantando canções incríveis e muito bem trabalhadas pelo protagonista (que também foi o protagonista nas primeiras exibições da Broadway), e que sem dúvida arrepia demais no ato tema, pois ali você vai pensar em alguém que conhece, ou até mesmo você que já teve algum ato de depressão ou ansiedade, e que juntando todas as mentiras do rapaz você fica pensando como a trama vai ser fechada, e conseguem novamente não ir para o lado bonitinho, mas ainda assim funcionar. Ou seja, recomendo demais o filme, já ouvi a música tema diversas vezes e se não fosse uma semana com tantos filmes acho que reveria o longa.

A história gira ao redor de Evan Hansen, jovem ansioso e com dificuldades de se conectar com os outros, que acaba envolvido numa mentira sobre um colega de classe que cometeu suicídio, se aproximando assim da família do falecido.

Usando o roteiro do próprio musical de Steven Levenson, o diretor Stephen Chbosky (que já fez muito marmanjo chorar com "As Vantagens de Ser Invisível" e "Extraordinário") trabalhou bem cada ato tanto pela essência a ser passada como para funcionar o ato musical dentro do envolvimento que ela precisava, que claro muitos podem até reclamar de não ir tão a fundo nas temáticas, mas que facilmente cada um conseguirá enxergar alguém que conhece que tem ou teve depressão/ansiedade e/ou já entrou numa mentira tão grande que acabou sendo até difícil demais sair dela de uma maneira não tão problemática, e o bacana de tudo é que o filme tem toda uma fluência bem dirigida que mesmo sendo a cópia perfeita da peça, não se parece com uma peça desenvolvida, tendo a aparência clara de um longa musical bem trabalhado aonde a música está presente nos personagens principais enquanto tudo ao redor rola, não tendo mil figurantes dançando junto ou uma amplitude exagerada das canções, mas sim uma história funcional, cinematográfica, e que claro tem boas músicas. Ou seja, é sim um filme dramático com uma boa trama, que muitos vão reclamar das canções passarem a mensagem, mas que tem muita técnica bem empregada, e que teve o principal acerto em pegar quem começou a peça, pois acredito que outro ator não passaria tanta expressividade quanto a que o diretor extraiu de Ben Platt.

E já que comecei a falar das atuações, vamos falar claro de Ben Platt que entregou tudo e mais um pouco para seu Evan, afinal entre 2014 e 2017 fez diversas apresentações no papel, e aqui conseguiu passar trejeitos, voltar a ser um jovem adolescente e dominar cada momento para ser seu, fazendo interações bem marcantes e claro cantando com muita imponência, ao ponto que temos uma interpretação em cada canção, não sendo apenas algo jogado e isso ficou muito bom de ver. Amy Adams também está perfeita com sua Cynthia, mostrando claro aquelas mães que ao entrar no luto qualquer coisa que ouvir vai ser o que deseja, que nem percebe o que está falando, e passa sinceridade nos seus atos entrando completamente na personagem, ao ponto que suas cenas parecem artificiais por não imaginarmos alguém fazendo isso, mas sua desenvoltura acaba indo tão além que funciona demais. Da mesma forma temos uma Julianne Moore aparecendo pouco com sua Heidi, mas que traz a mãe que trabalha demais para conseguir algo para o filho já que é sozinha, e seus atos expressivos dizem tudo no olhar, ao ponto que criamos um carisma além com o que faz em cena, sendo perfeita e bem dosada em tudo. Quanto dos demais jovens, é claro que Kaitlyn Dever foi bem expressiva com sua Zoe, mas ficou sempre com um tom abaixo da explosão que poderia ir, fazendo uma irmã que não entra em luto fácil, mas que entra no clima da mentira fácil demais, o que não é tão simples de ver, enquanto Amandla Stenberg fez uma boa entonação para sua Alana, passando bem o arco dramático das pessoas que possuem depressão e ansiedade, porém não transparecem isso para os demais, sendo sutil de trejeitos, mas indo bem demais nas dinâmicas, já Nik Dodani acabou um pouco forçado demais como o amigo Jared, entregando trejeitos exagerados e quase sumindo da essência que precisaria no filme. Para finalizar ainda tivemos Colton Ryan entregando um Connor inicialmente de muito impacto, pelo ar psicótico, mas nas músicas imaginadas e no vídeo do final conseguiu dar um tom bem interessante e emotivo, enquanto o pai do garoto interpretado por Danny Pino ficou exageradamente subjetivo, sem muitos trejeitos nem grandes envolvimentos.

Quanto do visual da trama, o longa trabalhou praticamente quatro vértices bem semelhante ao ar teatral, não explorando tanto os ambientes, tendo a base na escola com destaque claro para a apresentação de homenagem num grande teatro com uma cena bem emotiva aonde sai dali para diversos virais de internet, num plano bem interessante de ver, a casa simples do garoto com seu quarto e uma cozinha aonde nada vai muito além, a grandiosa mansão dos Murphy, aonde temos todo o ar da riqueza, com comidas frescas e todo o ar pomposo deles, e o parque aonde o jovem teve seus atos reflexivos, mas tudo bem simples de elementos, sem muitos gastos e sobressaltos da equipe de arte, ao ponto que a essência maior ficou nas atuações e canções, além claro de focos de luz bem imponentes, mostrando uma fotografia ampla e emotiva.

Por ser um musical é óbvio que a trilha sonora está sensacional, e vale muito a conferida tanto no filme, quanto ouvir depois algumas das canções para se inspirar, e deixo aqui o link das canções, e também uma belíssima apresentação de Ben Platt no America's Got Talent que ficou bem bacana. Aliás vi o longa na versão original, mas quando fui procurar o trailer vi que além de dublar o protagonista, Duio Botta também dublou as canções, e pareceu ter ficado interessante, então quem conferir nessa versão depois comente por aqui.

Enfim, fui conferir o longa sem esperar muito dele, e acabei me emocionando em vários atos, ao ponto que é daqueles filmes que você acaba entrando no clima e o resultado surpreende até mais do que achava. E sendo assim recomendo o filme para todos e espero que a mensagem bonita da trama chegue até muitos amigos que precisam escutar isso. Bem eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais meus amigos.


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