sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Retrospectiva 2021

Pois bem meus amigos, chegamos a mais um fim de ciclo, aquela última postagem que sempre venho colocar para um balanço do que vi de bom e de ruim no ano, mas mais do que isso colocar uma contabilidade dos números que tanto gosto de olhar até mesmo na arte, e claro ver como depois de 365 dias foi possível bater a meta que coloquei no começo do ano para ver (mas que julgava bem maluca) de conferir 365 filmes no ano, e agora já nem sei o que pensar para o próximo, pois mais que isso só com muito milagre. Então vamos lá falar um pouco de tudo:

Nesses 365 filmes que vi a divisão foi bem boa, com 132 longas na Netflix (dominando mais uma vez com poucas estreias ainda no cinema), 122 longas nos cinemas, 60 filmes na Amazon Prime (que vem melhorando bastante com conteúdos originais), 30 filmes no Telecine Play (que serviu mais para alguns filmes que não apareceram no interior e alguns antigos que desejava ver), 12 filmes via VOD que as distribuidoras mandaram para conferir antes do lançamento real nos cinemas (vou torcer para esse ano novo mandarem mais), 3 na HBO Max, também 3 na AppleTV+, 2 no Disney+ e 1 no Paramount+ (que só passei mesmo por eles com alguns amigos me indicando para ver, pois nessas plataformas as preferências ainda são séries e longas que vi nos cinemas, vamos ver quem sabe se mudam isso nos próximos anos).

Desse total a média de nota que dei foi 6,79, que mostra que felizmente vi mais longas bons do que ruins nesse ano já que subiu bem em relação aos anteriores (ou que fui mais bonzinho com alguns filmes), e como dei nota máxima para 9 filmes, é claro que esses foram os melhores do ano na opinião desse Coelho:

Mas ainda dei 39 notas 9, para aqueles filmes que foram perfeitos em quase tudo, só faltando um ou outro detalhe para o 10, e vou destacar alguns aqui também:

E claro tive de conferir duas bombas que dei a menor nota do site (1) e não recomendo nem pro meu pior inimigo:

E mais quatro filmes que beirou a menor nota ficando com nota 2, então vale a fuga também:

Ou seja, foi um ano bem eclético, cheio de boas surpresas e bons momentos (ao menos conferindo filmes) que espero repetir em 2022, e assim sendo desejo muitos bons filmes para todos nesse ano que vai começar bem, já que veio várias pré-estreias para conferir no fim de semana, então abraços e até o ano que vem.

Fernando Coelho

Turma da Mônica - Lições

Olha, eu já tinha me surpreendido bastante com o primeiro filme da Turma da Mônica em 2019, "Laços", e com isso já fui conferir hoje o novo "Lições" esperando bastante por tudo o que já tinham apresentado nos vários trailers que saíram, desde os diversos personagens que não tinham dado as caras lá no primeiro filme até toda uma maturidade em cima da trama para pegar um público mais amplo não tão infantil. E olha, a minha vontade foi de aplaudir o longa após a conferida, pois o diretor não só entregou tudo o que eu esperava ver, como fez muitos na sala se emocionarem com a forma encontrada para desenvolver o fechamento da trama, pois se no início incomodou um pouco com várias esquetes espalhadas para mostrar todos os personagens que não haviam aparecido no primeiro filme, depois que tudo passou a funcionar a emoção aflorou em nível máximo e acabou mostrando que o cinema nacional não precisa ser apelativo para agradar, basta saber o estilo que agradará desde os pequeninos até os grandes, em algo gostoso de ver, e que empolga bastante. Ou seja, é do mesmo nível que o primeiro, e nos faz querer muito mais, o problema é só que os protagonistas estão crescendo rápido demais, e assim vão conseguir no máximo só mais um, ou então embarcar para as histórias da Turma Jovem.

O longa mostra que quando a fuga de Mônica, Magali, Cebolinha e Cascão da escola, acaba frustrada com a líder da turminha quebrando o braço, os pais de Mônica decidem mudá-la de colégio e a proíbem de encontrar os amigos, enquanto os outros pais decidem colocar seus filhos em atividades extracurriculares para que ocupem seus tempos longe uns dos outros. Porém, o que parece ser uma boa solução para os adultos, acaba afastando os amigos, e, por conta disso, talvez a amizade deles nunca mais seja a mesma.

Lá em 2019 eu já tinha elogiado muito o trabalho do diretor Daniel Rezende, pois lá foi apenas o seu segundo filme como diretor depois de muito sucesso como editor dos melhores filmes nacionais que já vimos, e agora posso dizer com toda certeza que tanto ele, quanto a história da turminha atingiu uma maturidade daquelas que não podíamos esperar menos, e que com um desenvolvimento tão bem colocado, fazendo um início de apresentações, de sínteses para mostrar quem é quem nos quadrinhos para quem nunca leu (aliás existe alguém que já tenha sido alfabetizado e não tenha lido "A Turma da Mônica"?) e fazer claro com que todos que já tenham lido se conecte com todos não apenas com o quarteto principal, até entrarmos tanto no desenvolvimento da peça clássica que já vimos várias vezes interpretada em filmes e até mesmo nos quadrinhos da turminha, passando por toda a desenvoltura de mudança de escola, de amigos, de brigas, de tombos e acidentes, e até mesmo das reflexões que a vida nos dá, e assim o diretor pegou uma história bem ampla e a desenvolveu com muita desenvoltura e emoção para que tudo ficasse gostoso de curtir, não sendo nem pesado nem infantil demais, ao ponto que entramos no clima muito facilmente e acabamos apaixonados por tudo, emocionados com os atos mais marcantes, e bem felizes ao sair da sessão após ver tudo na tela, e assim sendo até torcendo por mais deles, mas vamos ver o que vai rolar, pois o diretor é bom, a história também, mas crianças crescem rápido demais, e assim sendo logo mais eles não vão estar mais aptos para os papeis.

Sobre as atuações, a base toda fica em cima dos quatro protagonistas e seus pais, mas tivemos ainda ótimas participações, com destaque para Isabelle Drummond que foi caracterizada perfeitamente como a Tina que víamos nos quadrinhos, e que com uma doçura na forma de falar acabou sendo a base da maior lição do filme, envolvendo e agradando demais na personalidade e na representação do papel. Quanto à turminha, se no primeiro filme eles já tinham ficado se saído muito bem em todas as dinâmicas, aqui voltaram com tudo, praticamente assumindo que os papeis são seus para sempre, com Giulia Benite cheia de olhares para sua Mônica, dosando bem um ar triste ao ser distanciada dos amigos, mas aprendendo boas lições e se envolvendo bem em todas as dinâmicas, e ficando muito bem caracterizada como Julieta na peça, da mesma forma que a Mônica ficou nos quadrinhos. Kevin Vechiatto continuou sofrendo demais com suas trocas de L e R, e dando uma desenvoltura perfeita para todas as falas, agradando na síntese toda, e da mesma forma que a Mônica, seu Cebolinha caracterizado de Lomeu ficou perfeito (aplausos para a empolgação do garoto no seu grande momento, e também para a história para a forma amiga que deram de ainda não criar um casal, como facilmente qualquer outro diretor colocaria). Gabriel Moreira teve muito mais atos para mostrar a aversão à água de seu Cascão, e foi bem sutil em todos os atos para marcar suas cenas, e Laura Rauseo também pode entregar muito mais atos com sua fome desenfreada, além de conseguir o seu famoso gatinho Mingau, o que foi bem bacana de ver toda sua dinâmica. Ainda vale destacar bem as participações mais imponentes de Monica Iozzi como a mãe da Mônica e Fafá Rennó como Dona Cebola, na tradicional briga de famílias, assim como Paulo Vilhena como Seu Cebola e Luiz Pacini como Seu Souza, pai da Mônica, que também tiveram seus desafetos, ou seja, um elenco afiado que deu show em cena. Quanto as demais crianças e adultos, todos se encaixaram muito bem nos papeis, fizeram tradicionais trejeitos dos quadrinhos e até foram bem representados, mas falar de cada um estraga as devidas surpresas nos aparecimentos, então curta vendo o filme, e novamente parabéns a todos, pois se entregaram mesmo como coadjuvantes.
 
Visualmente a trama tem atos bem coloridos e representativos, mostrando o lado alternativo de recicladores dos personagens (nos quadrinhos eram meio hippies, mas agora caíram bem como nessa nova vertente dos hippies), foi mostrado bem mais as casas dos protagonistas, trabalharam bem as diferenças entre as escolas, mas sempre mostrando que em ambos os lugares tem os valentões, tem os amigos e as crianças devem se enturmar, claro tivemos o momento do criador Maurício de Souza agora como o tio da cantina, e fechando bem toda a montagem da peça, passando antes por piscinas, cursos de cozinhas, algumas outras casas, um bom parquinho, um festival completo do bairro Limoeiro muito bem caracterizado, e até mesmo um bom laboratório, juntando toda a turminha em tudo, e mostrando uma equipe de arte afiadíssima.

Enfim, é um filme bem mais adulto e com um tema muito mais trabalhado do que o longa anterior, e que conseguiu ter menos defeitos ainda, só tendo que pontuar realmente todo o ato gigantesco de apresentações, que talvez pudesse ser minimizado, mas que no geral funciona demais e vai emocionar os adultos e até conectar bem a criançada mais leitora dos quadrinhos, pois os menores não se encaixaram tanto e acabam ficando passeando pela sala do cinema ao invés de conferir o filme, o que é uma pena, pois dá para funcionar para todos. E assim sendo recomendo demais esse longa nacional, e fecho meu ano muito bem, então abraços e até breve, afinal volto com a retrospectiva/contabilidade do ano no próximo post.


quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Netflix - Victoria e Mistério (Mystère) (Vicky And Her Mystery)

Filmes com animais sempre entregam carisma e emoção para todo tipo de público, e a trama do lançamento francês da Netflix, "Victoria e Mistério", trabalha uma premissa bem bonitinha e gostosa em cima de uma trama real da amizade de uma garotinha enlutada e um pequeno lobinho durante alguns anos enquanto os fazendeiros da cidade estão à caça dos lobos que estão comendo suas criações, ou seja, se pode esperar de tudo no filme. Porém, acabaram colocando algumas dinâmicas meio que truncadas parecendo quase uma trama de episódios sem muita história para contar, e isso pesa um pouco em tudo, mas é tão bonita toda a essência de amizade dos protagonistas e o desenvolvimento de tudo que acabamos ficando felizes com o final entregue, mesmo que não seja algo que desejávamos tanto. Ou seja, muitos talvez irão se emocionar mais, outros nem irão curtir toda a ideia, mas o resultado geral é agradável, e assim faz valer a conferida completa.

A sinopse nos conta que Victoria é uma menina de 8 anos que ao perder a mãe, muda-se com o pai para uma pequena aldeia nas montanhas. Para ajudar a atravessar o luto, ela adota um cachorrinho que foi encontrado abandonado em uma fazenda isolada. Esse novo amigo, de origem desconhecida, vira seu companheiro mais fiel, oferecendo muito amor e conforto e ajudando essa família a recuperar a alegria para viver e seguir em frente.

O diretor e roteirista Denis Imbert já havia trabalhado com lobos em outras produções, e provavelmente lá se apaixonou pelos cachorros selvagens ao ponto de querer entregar uma trama sua com eles, e aqui ao adaptar uma história real, ele que é mais acostumado com séries fez muitos episódios soltos que se conectam numa amarração até que bem bonita, mas que talvez pudesse ter um pouco mais de história dos lobos, um pouco mais da história da caçada, e até um pouco mais da amizade da garotinha com o lobinho, pois tudo é passado bem rapidamente e ficamos até meio que surpresos com os crescimentos do lobo na trama, meio que passando anos em segundos, sem ter realmente as passagens cênicas. Ou seja, é um bom filme, mas acaba falhando em muitos detalhes que poderiam deixar tudo muito melhor.

Sobre as atuações, diria que todos foram bem simples em tudo o que apresentaram, não tendo nenhum ato chamativo de ninguém em cena, mas a jovem Shanna Keil teve um carisma bem envolvente com sua Victoria, sendo graciosa e bem colocada no que fez em cena. Vincent Elbaz e Eric Elmosnino até trabalharam bem com seus Stéphane e Thierry, fazendo alguns trejeitos meio que jogados e até bobos em alguns momentos, mas dentro da proposta até foi bem funcional. Já os demais acabaram aparecendo menos ainda, tendo Marie Gillain com sua Anna e Tchéky Kario com seu Bruno os que fizeram um pouco mais em cena.

Quanto do visual, as locações foram incríveis demais, mostrando o campo, as montanhas, passando por diversas épocas com neve, folhagens e tudo mais, para ser bem representativo tanto na caçada de lobos, quanto na vivência deles em seu ambiente, ou seja, tudo foi simbólico e cheio de nuances bem marcantes, os animais treinados foram muito bem colocados em cena, e tudo acabou sendo muito gracioso e gostoso de ver, ou seja, a equipe de arte trabalhou muito bem.

Enfim, é um filme bem bonito e interessante de ver, que poderia ir bem além, mas que quem gosta de tramas com animais vai gostar bastante do resultado completo, mas quem for conferir esperando algo a mais vai acabar se decepcionando principalmente com a montagem meio bagunçada. Sendo assim recomendo com algumas ressalvas, e fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais.


terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Telecine Play - O Pintassilgo (The Goldfinch)

O conceito de colocarmos filmes nas nossas listas dos aplicativos de streaming é engraçado demais, pois acabamos vendo alguns em trailers ou então nos lançamentos que queremos ver, e depois acabamos esquecendo que eles estão por lá, e com "O Pintassilgo" rolou algo até pior, pois quando foi lançado nos cinemas lá no fim de 2019, vi o trailer, o pôster e me interessei muito pelo que a trama entregava, mas como é de praxe, filmes intermediários que não caem nem para o lado artístico nem comercial direto acabam não aparecendo nos cinemas do interior, e com isso acabei esquecendo dele, mas eis que depois que assinei a plataforma do Telecine Play vi que tinha lá, mas era um pouco longo e apenas coloquei na minha lista de filmes que desejava ver, e novamente esqueci dele lá, mas hoje senti que precisava conferir a trama, e vi exatamente o que senti quando vi o trailer há mais de dois anos, que é a beleza de entender a moral da vida, do que vai ficar marcado, pois nós vivemos e morremos, entramos e saímos de empresas, mas a essência que deixamos nesses lugares serão sempre lembrados pelas pessoas as quais passamos algo, todos verão um detalhe marcante ou bom seu mesmo que através de algo ruim que tenha acontecido, e a trama trabalha bem esse fundo usando de um desastre, seguido de um roubo, de um envolvimento, muitas drogas e tudo mais para chegarmos num final marcante e certeiro, que pode até não ser um filme que muitos vão se apaixonar, mas que vale pela mensagem em si, e tendo um estilo imponente e ótimas atuações, o resultado acaba impressionando bastante.

A sinopse nos conta que um atentado terrorista no Metropolitan Museum of Art, em Nova York, modifica para sempre a vida do jovem Theodore Decker. Além de sua mãe falecer no evento, ele é incentivado por um desconhecido a levar consigo um quadro lá exposto, O Pintassilgo, além de um anel com o brasão de sua família. Nos dias seguintes Theo recebe o abrigo da Sra. Barbour e, ao pesquisar sobre o brasão, conhece Hobie, um vendedor de antiguidades que agora é o tutor de Pippa, filha do homem desconhecido, que também estava no museu no momento do atentado. Tal encontro modifica para sempre a vida do garoto, seja por seu interesse no mercado de antiguidades ou mesmo pela paixão que nutre pela jovem.

O diretor John Crowley conseguiu trabalhar o roteiro que lhe foi dado com uma coerência tão marcante, não necessitando capitular ou criar o famoso folhear de páginas de um livro para que a adaptação funcionasse e ainda passasse a mensagem clara e marcante com uma simplicidade precisa de estilos, pois o filme poderia ir por tantos caminhos, que nem sei se a forma que foi montada é realmente igual à do livro, mas acabou sendo impactante por trabalhar bem a essência, desenvolver bem os personagens  principais tanto na versão criança quanto na versão adulta, e ainda teve espaço para as surpresas dentro dos devidos pontos de virada, ou seja, foi funcional e objetivo, de uma forma que muito longa dramático não consegue fluir, tendo um único ponto que poderia ter sido melhorado que é a revelação final, pois ficou parecendo algo corrido e jogado, e não algo que certamente poderia emocionar e marcar, mas que felizmente não estragou todo o restante.

Sobre as atuações, o jovem Oakes Fegley foi muito perfeito na versão infantil de Theo, trabalhando olhares e trejeitos fortes e marcantes, sabendo encontrar as dinâmicas bem claras para cada ato que a câmera lhe seguia, e principalmente sabendo emocionar nos atos que foram necessários ter dinamismo, pois muitos garotinhos certamente só iriam fazer as cenas, mas ele nos fez querer saber quem é ele, e isso mostra a marca, e mostra um crescimento absurdo, pois em 2016 reclamei muito do que ele fez, de faltar carisma em sua atuação, e aqui ele foi perfeito. Ainda falando o time de jovens, Finn Wolfhard já é extremamente amado por seus fãs, e facilmente o filme foi visto por muitos pela sua presença, afinal o ator tem se destacado bastante em tudo o que vem fazendo, e aqui seu Boris não é diferente, cheio de carisma, e mesmo sendo um personagem problemático por tudo o que vive, conseguiu ter uma essência incrível e cenas perfeitas agradando demais em olhares, trejeitos e tudo mais, principalmente por ser apenas dirigido, afinal é um adolescente e certamente nunca experimentou todas as drogas que seu personagem usa, ou seja, deu show. Já passando para os adultos, Ansel Elgort trabalhou muito bem a desenvoltura de um Theo que cresceu problemático por tudo o que passou, e o ator soube dosar isso com trejeitos em cima das drogas, fazendo intenções marcantes em cada situação, e criando uma personalidade bem íntegra para uma pessoa que não é tão íntegra assim, agradando bastante mesmo não tendo tantas cenas. Nicole Kidman pode aparecer dez minutos em um filme que vai chamar atenção e aqui sua Sra. Barbour é impecável em ambos os atos, a maquiagem não carregou tanto com o passar dos anos da trama, e o resultado é daqueles para sentir sua atuação em cada momento da trama, dando uma aula de atuação realmente. Outro que caiu muito bem no papel foi Jeffrey Wright com seu Hobie bem centrado e claro representante máximo de toda a síntese moral que o filme passa, trabalhando suas cenas com muita serenidade e envolvimento, agradando demais do começo ao fim. Ainda tivemos muitos outros personagens rápidos como o pai do garoto vivido por Luke Wilson, a bela garotinha vivida por Aimee Laurence ou até mesmo Ryan Foust como o pequenino Andy, mas sem dúvida o chamariz dentre os demais fica para as cenas finais de Aneurin Barnard fazendo Boris em sua versão adulta bem marcante.

Visualmente o longa brinca bastante com o conceito de antiguidades, de arte, de drogas, vida e muito mais, usando o lar riquíssimo dos Barbour que o jovem enxerga como tudo muito morto e sem vida, mas que na oficina de Hobie parece estar nascendo com vida em suas composições, mostra bem como são feitas restaurações e réplicas de obras de arte, trabalha lugares sem vida aonde ninguém mora mais como o deserto aonde o garotinho vai viver na casa do pai, mostra o famoso meio de vida de muitos ex-atores no meio de apostas e dívidas, e claro envolve todo o ambiente da viagem, da separação familiar em vários cenários, o que demonstrou um bom estudo da equipe de arte e claro da fotografia para brincar com cores quentes e vivas versus cores mortas, e assim chamar bastante atenção no tom de cada momento do longa.

Enfim, é um longa bem interessante e envolvente, que até superou as expectativas que tinha dele, só sendo uma pena que não vi na época certa nos cinemas, pois a intensidade certamente seria maior, e assim recomendo ele para todos que ainda não viram, pois a mensagem pode servir para mais pessoas. Bem é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Netflix - Não Olhe Para Cima (Don't Look Up)

Não sei dizer a base de pesquisa do diretor e roteirista Adam McKay para fazer o filme "Não Olhe Para Cima", mas dá para acreditar facilmente que deu algumas voltas pelo Brasil para se inspirar na criação do longa, afinal o envolvimento político da trama é bem semelhante a muita coisa que rola por aqui, com muitos detalhes bem nítidos e até alguns personagens com aparências próximas, ou seja, dá para desconfiar, mas como bem sabemos que lá no hemisfério norte também tivemos alguns problemas técnicos nesse sentido, podemos dizer que material ele teve para criar toda a loucura de seu novo filme da Netflix. Ou seja, é um filme que tem um conceito científico bem marcante, mas a dominação fica a cargo da política, aonde os famosos negacionistas tendem a avacalhar com tudo o que os cientistas provam e pedem para se fazer para ganhar votos, cargos, dinheiros, mídia e tudo mais, e nessa brincadeira maluca que pode até fazer rir com muitas situações, o resultado acaba parecendo mais bizarro pela realidade das situações do que algo fictício bem imaginado, e assim funciona bem, mas que sendo um pouco alongado com cenas aleatórias meio que jogadas, o resultado não deve divertir a todos, principalmente quem for mais seguidor dessa ideologia.

O longa conta a história de Randall Mindy e Kate Dibiasky, dois astrônomos que fazem uma descoberta surpreendente de um cometa orbitando dentro do sistema solar que está em rota de colisão direta com a Terra. Com a ajuda do doutor Oglethorpe, Kate e Randall embarcam em um tour pela mídia que os leva ao escritório da Presidente Orlean e de seu filho, Jason. Com apenas seis meses até o cometa fazer o impacto, gerenciar o ciclo de notícias de 24 horas e ganhar a atenção do público obcecado pelas mídias sociais antes que seja tarde demais se mostra chocantemente cômico.

O diretor e roteirista Adam McKay tem um estilo bem próprio de trabalhar temas fortes da sociedade e discutir com pitadas cômicas bem encaixadas para o resultado ficar mais leve, e essa sua forma de brincar e desenvolver tudo acaba sendo bem trabalhado aqui em seu novo filme, tanto que a base da discussão é o quanto políticos e empresários tão se lixando para o que a ciência fala, e que muitos vão enxergar muito mais em tudo. Porém ele quis segurar tanto a dramaticidade do longa para não ficar exagerado no realismo que mesmo as piadas acabam saindo forçadas, e acaba parecendo até que os elenco estelar não estava tão favorável a fazer suas cenas, ou seja, vemos tudo acontecer bem, rimos das situações em si, mas não tanto das cenas como deveria, sendo um misto daqueles filmes sérios que tentam ser engraçados e daqueles filmes engraçados que tentam ser sérios, se perdendo um pouco para todos os lados. Mas dito tudo isso, o resultado final da trama é até bem interessante, e entrando no clima completo acaba sendo até melhor, mostrando que a Netflix vai tentar empurrar muito ele nas premiações, e deve dar certo.

Sobre as atuações, diria que a escolha do elenco estelar fez muita diferença tanto para o lado bom quanto para o lado ruim, pois embora alguns atores fizessem personagens bem expressivos na trama, os mesmos ficaram parecendo levemente forçados, o que nunca é legal de ver em uma produção, e assim talvez atores sem tanto renome cairiam melhor para o filme ter a mesma pegada ainda, e ser mais impactante. Dito isso, Leonardo DiCaprio está marcante como sempre com seu Randall, mostrando bem toda a ansiedade característica de toda pessoa da área de exatas quando vai falar com pessoas importantes ou na TV, e o ator certamente pesquisou bem para entregar boas dinâmicas e trejeitos bem impostos para todos os seus atos. Agora quando falei em exageros, coloco totalmente o que Jennifer Lawrence fez para sua Kate, pois inicialmente até caberia seu estilo mais doidão, com drogas na cabeça e tudo mais, mas depois vamos seguindo com a atriz fazendo trejeitos meio jogados, parecendo estar à beira de um colapso nervoso e sem muitas estruturas que valesse o que escolheu fazer, ficando falso de certa forma. Meryl Streep e Jonah Hill exageraram também bastante com sua Presidente Orlean e seu filho Jason, mas o papel pedia essas situações, e seus estilos foram bem colocados da forma que acabaram executando, ao ponto que funcionam bem e até divertem com o que fazem. Já Rob Morgan ficou muito jogado dentro da trama, não indo para lado algum, fazendo atos bobos, porém sérios ao ponto que seu Oglethorpe parece quase um convite de última hora para o ator, que sem muita estrutura para tudo não vai além em momento algum. Já Mark Rylance foi ao escracho em nível máximo com seu Peter, e como o ator sabe dominar bons trejeitos falsos acabou caindo muito bem no que fez, sendo chamativo ao mesmo tempo que irritante, e diria até que Ron Perlman aparecendo bem pouco com seu Drask acabou indo pelo mesmo caminho. Ainda tivemos bons atos de Cate Blanchett com uma Brie chamativa, mas genérica demais no papel, juntou-se a Tyler Perry com um Jack âncora de jornal, mas sem carisma algum, ou seja, poderiam ter ido mais além. Quanto aos demais, ainda estou procurando saber qual a necessidade de jogar Timothée Chalamet na produção, mas ele recebeu, então apareceu, enquanto Ariana Grande serviu para um grandioso show e cantar a música que deve concorrer nas premiações pela boa tematização da trama.

Visualmente o longa tem uma boa pegada, muitas cenas nas ruas com muitos figurantes, mostrando seja o lançamento dos foguetes ou até mesmo os shows de campanhas políticas e de apoio, tivemos cenas dentro da Casa Branca, em locais de pesquisas e até em grandiosas representações de companhias tecnológicas, e para isso usaram uma boa quantidade de efeitos especiais que acabaram sendo chamativos e bem colocados, além claro de um programa jornalístico meio bobo, mas cheio de detalhes técnicos bem trabalhados, ou seja, a equipe de arte ficou com um orçamento bem menor do que o de elenco, mas conseguiu ser bem representativo e não decepcionar.

Enfim, é um filme bem feito, com uma proposta interessante e uma dinâmica bem trabalhada, porém é alongado e como disse no começo exagerou tanto nas personalidades para tentar soar engraçado e forçou na seriedade para não ficar bobo, e assim não acertou nenhum dos dois lados ao ponto que poderia ter melhorado em ambos os lados para ficar perfeito. Diria que quem entrar completamente no clima irá rir bastante, ou se preocupar bastante, mas do contrário irá mais reclamar de tudo que ficar feliz. Além disso o filme tem duas cenas nos créditos, uma no começo e uma no fim, então acelere os créditos no controle remoto e veja elas, pois foram bem bacanas, e assim sendo recomendo o filme com as devidas reclamações. Bem é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Amazon Prime Video - Apresentando os Ricardos (Being The Ricardos)

Confesso que já ouvi algumas vezes falar sobre o sitcom "I Love Lucy", mas nunca tinha nem visto nenhum pedaço do programa ou me interessado sobre a trama, muito menos sobre os atores/personagens dela, mas com as diversas premiações e indicações surgindo do longa da Amazon, "Apresentando os Ricardos", eis que fui pesquisar sobre e achei até que interessante tudo o que rolou e o que acaba sendo mostrado com muito realismo no filme, afinal usaram bastante os depoimentos dos produtores e roteiristas do sitcom, inclusive os representando com atores como se estivessem contando como tudo rolou, o que deu um tom meio que documental para a ficção de Aaron Sorkin. Ou seja, é um filme com as características clássicas de filmes de festivais, e por isso tanto tem aparecido nas indicações agora, porém quem não curte muito filmes de bastidores ainda mais sobre os anos 50/60, irá cansar um pouco com toda a dramaticidade da trama, porém a trama é bem interessante, vemos bem o ar conflitivo de se trabalhar com o marido, de ser casado com um latino na época e claro toda a nuance contra o comunismo na época, mas a cena de fechamento é bem emocionante, e faz o mérito de todas as indicações dos protagonistas.

A sinopse nos conta que Lucille Ball e Desi Arnaz se casaram em 1940 e viram sua fama decolar após estrearem uma das mais memoráveis sitcoms americanas chamada “I Love Lucy”. Entretanto, quando tudo parecia estar indo bem, os dois são envolvidos em uma trama de acusações chocantes que ameaçam sua vida pessoal e profissional. Ao longo da semana mais tensa de gravações, o relacionamento complexo dos dois será posto à prova, enquanto algumas verdades vêm à tona.

O diretor e roteirista Aaron Sorkin tem um estilo bem fechado em suas tramas, com roteiros com diálogos imponentes e situações bem clássicas, e aqui ao trabalhar uma história real, que muitos nunca souberam, mas que se der uma pesquisada vão descobrir bem, entrega uma personificação bem marcante dos bastidores dos sitcons, com todos os ensaios, preparações de roteiros, e claro o desenvolvimento para a plateia e gravações, aonde patrocinadores opinavam, diretores não tão amigáveis surgiam, e claro muitos atores se estressavam com alguns surtos de estrelas de outros, ao ponto que vemos algo bem marcante e com estilo, aonde tudo é bem pautado e interessante pela forma mostrada, não ficando tão preso somente nos atos da semana caótica, mas relembrando como tudo começou, como os protagonistas se conheceram, e todo o desenrolar de vários conflitos, de forma que tudo fica bem conciso e diferenciado, pois como disse ele conseguiu usar de um estilo aparentemente documental, mas bem dentro da ficção, aonde os ótimos artistas conseguiram causar e envolver numa trama de época, mas que facilmente veríamos acontecer nos dias atuais, pois muita coisa não mudou nesse mundo do teatro/TV e claro com artistas sempre envolvidos em confusões. Ou seja, Sorkin não brilha tanto como fez com o seu longa anterior, pois "Os Sete de Chicago" era daqueles filmes que a emoção toma conta do público, porém aqui ele trabalha a emoção dentro do set e assim acabou ficando bem funcional e interessante de ver.

E como foi necessário a expressividade por parte dos atores, é claro que não erraram nem um pouco nas escolhas, pois tanto Nicole Kidman quanto Javier Bardem se entregaram em trejeitos bem colocados, desenvolveram bem as atitudes e personificações de seus personagens, e acabaram aparecendo e roubando toda a cena, tanto que se eu falar que vou lembrar de qualquer outro ator em cena, vou estar mentindo, ou melhor, J.K. Simmons e Nina Aranda também vamos lembrar um pouco. Dito isso, vamos falar um pouco de cada um, pois merecem, e começando claro por Nicole Kidman totalmente diferente com uma maquiagem incrível que nem pareceu nenhum de seus papeis anteriores, sendo uma grata surpresa visual quanto expressiva, pois a atriz fez uma Lucille marcante, cheia de nuances, e que se usaram as imagens de arquivo reais nas cenas em preto e branco do seriado, ficou idêntica demais, ou seja, um acerto incrível que certamente lhe garantirá vaga em todas as premiações. Javier Bardem é sempre marcante também em personagens amplos, e aqui seu Desi é daqueles que tem presença, tem força visual, e tem dinâmica para segurar um ato, ao ponto que não chega a perder nenhuma cena para Kidman, e juntos dão show, e principalmente sua cena final é daquelas para emocionar e ficar na memória. J.K. Simmons entregou muita personalidade também para seu William, estando presente e fazendo presença cênica em todos seus atos fortes, mas sendo daqueles que encaixam bem e levantam os parceiros de cena, o que é bem bacana de ver. Nina Aranda trabalhou incrivelmente bem com sua Vivian, mostrando as famosas rixas femininas nos bastidores, criando uma personagem forte e marcante e agradando demais em todas as dinâmicas junto da protagonista, sendo bem interessante ver seus atos. Quanto aos demais, valem a citação para Tony Hale como Jess Oppenheimer e Alia Shawkat como Madelyn Pugh, ambos roteiristas e produtores do seriado que o filme mostra, encaixando bem nos atos marcantes.

Visualmente a trama foi bem representativa de época, brincou bem com as reuniões com os patrocinadores, diretores e afins, mostrou o estúdio incrível misturando plateia e câmeras, toda a desenvoltura de gravações, os ambientes dos programas de rádio, TV e cinema da época, e claro os shows do protagonista num bar caribenho cheio de envolvimento, aonde a equipe cênica brincou com cabelos, figurinos, detalhes, e muito mais, principalmente na discussão de como deveria ser a famosa cena da mesa do capítulo da semana, que foi muito bem trabalhada. Ou seja, foi uma retratação cênica marcante, e cheia de símbolos, que funciona e certamente vai ser lembrada também nas premiações.

Enfim, não é uma obra de arte daquelas impressionantes e muito menos é um filme que muitos vão curtir, afinal é algo mais característico de pessoas que gostam de bastidores, que querem saber de brigas e conflitos, e que dramatiza demais nos diálogos para representar bem isso, ao ponto que ficamos vendo tudo e pensando na época, em todo o desenvolvimento que a TV teve nesses muitos anos, e claro como a política e os patrocinadores influenciavam e ainda influenciam em tudo nesse meio, e assim quem não for muito ligado nesse estilo acabará achando o filme meio que chato, mas é uma tremenda representação e vale muito a conferida, principalmente se você acompanha as premiações do cinema, e que verá o filme ser muito citado nelas. Assim sendo fica a dica, e eu fico por aqui, dando uma descansada agora no feriado, mas volto depois com mais textos, então abraços e até logo mais.


Matrix - Resurrections (The Matrix - Resurrections)

Quase 20 anos se passaram e se me falassem alguns anos atrás que alguém iria tentar continuar/refazer algo da série Matrix eu diria que a pessoa estava sonhando, pois lá em 1999-2003 tudo foi muito revolucionário, com efeitos brilhantes e impossíveis de serem imaginados na época, com toda uma pegada ideológica cheia de metáforas e lutas tão imponentes que muitos saiam até cansados com a explosão que fazia na mente em todos os filmes, mas eis que uma das diretoras criou coragem e resolveu revisitar seu projeto mais ambicioso e de sucesso até hoje lançando agora "Matrix - Resurrections", que é algo bem novo, mas que ousa em colocar muita coisa do passado interagindo, muitas conexões, e que principalmente entrega tudo sem que você realmente precise ver todos os demais filmes hoje mesmo para entender, pois vai trabalhando o conceito da Matrix, o conceito de realidade, ilusão, jogo, vida paralela e tudo mais que podemos interpretar, colocando as cenas antigas acontecendo conforme vamos revisitando o passado, em uma grandiosa bolha memorável que vai fazer muitos explodirem a mente, muitos filosofarem eternamente (tenho até medo de alguns reviews que vão sair na internet!), e que ao trabalhar bem tantos personagens secundários quanto os protagonistas, acaba soando interessante e gostoso de ver, em algo que não é cansativo (tirando a passagem do 3° para o 4° ato - sim o filme foge da base convencional que quando você acha que está acabando volta tudo para uma nova resolução - que é meio lenta) e agrada demais.

Se passando 20 anos após os acontecimentos de Matrix Revolutions, Neo vive uma vida aparentemente comum sob sua identidade original como Thomas A. Anderson em São Francisco, Califórnia, com um terapeuta que lhe prescreve pílulas azuis para neutralizar as coisas estranhas e não naturais que ele ocasionalmente vislumbra em sua mente. Ele também conhece uma mulher que parece ser Trinity, mas nenhum deles se reconhece. No entanto, quando uma nova versão de Morpheus oferece a ele a pílula vermelha e reabre sua mente para o mundo da Matrix, que se tornou mais seguro e perigoso nos anos desde a infecção de Smith, Neo volta a se juntar a um grupo de rebeldes para lutar contra um novo e mais perigoso inimigo e livrar todos da Matrix novamente.

Uma das coisas que sempre reclamei das Wachowski é a falta de poder de concisão delas, de saber cortar um filme sem dó, afinal sabemos que é caro filmar tudo o que se pensa no roteiro, que muita coisa precisa aparecer para ficar bem explicadinho, mas em todos os seus filmes tem muita sobra, ao ponto que aqui a trama ficou apenas a cargo de Lana, diferente dos demais Matrix que fez junto de Lilly, tem 148 minutos e facilmente com 120 ficaria ótimo, mas optou por mostrar ambientes gigantescos, muitas interações de personagens que praticamente apenas aparecem, vários atos lotados de figurantes, conversas alongadas e tudo mais que numa reflexão maior até acaba sendo importante e bem trabalhado, mas hoje o cinema necessita de ação, de desenvolvimento, e toda essa reflexão não vai ser usada infelizmente por todos, e assim o filme acaba tendo algumas barrigas como disse principalmente no terceiro ato aonde tudo parece se desenrolar, mas acaba ficando mais enrolado ainda, e assim damos aquele famoso bocejo, alguns dão olhada na hora do celular, e isso facilmente poderia ser evitado com alguns cortes. Ou seja, Lana conseguiu unir o passado e o futuro, e acertar muito em um filme novo e bem trabalhado, mas dava para ficar mais dinâmico e agradar ainda mais.

Sobre as atuações, Keanu Reeves sempre entrega muita personalidade em todos os papeis que faz, e seu Neo/Thomas continua sendo imponente, ele já bem mais velho que em 99 ainda dá seus saltos, faz trejeitos e entrega muita dinâmica em suas desenvolturas bem expressivas de dúvida e tudo mais, encaixando as devidas nuances para impactar muito em cena. O mesmo podemos dizer de Carrie Anne-Moss que é outra mulher desde o que fez lá nos anos 90 com sua Trinity, e aqui fazendo ainda ares bem sedutores e maduros, conseguiu dar as devidas nuances para as duas personalidades tanto de sua Trinity nos atos finais quanto de sua Tifanny durante todo o longa, ou seja, trabalhou muito em dobro e foi muito bem. A jovem Jessica Henwick fez muito bem seu papel de Bugs, brincando com a personificação de uma capitã da missão, se jogando muito nas lutas e tiros, e encarando atos fortes bem colocados cheios de elementos duplos, o que acaba chamando muita atenção e agradando bastante por ser alguém tão jovem no papel. Outro ator que é icônico em tudo o que faz é Neil Patrick Harris, e aqui seu analista é perfeito de nuances, trabalha bem toda a desenvoltura do papel, e cai perfeitamente com o papel importantíssimo da trama, pois pelos trailers e tudo mais parecia ser alguém meio que jogado, mas não, ele deslancha muito e o ator soube segurar essa responsabilidade com muita personalidade, agradando demais em seus atos cheios de trejeitos. Yahya Abdul-Mateen II e Jonathan Groff deram novas versões de Morpheus e Smith, brincando bem com toda a tecnologia da trama, e fazendo as clássicas interjeições do passado, criando desenvolturas que até nos confundem um pouco, mas que entregam bem tudo o que precisavam. Do passado mesmo voltou ainda Jada Pinkett Smith agora completamente diferente com uma Niobe bem velha, mas bem interessante para o conceito da trama, ao ponto que até poderia ter ido além, mas fez bem o que precisava, aliás temos um corte estranho seu no filme meio que mudando rapidamente de opinião parecendo que o filme tinha algo a mais ali no miolo, mas já enrolaram muito, e foi bem pelo menos. Quanto aos demais, vale uma rápida menção para Toby Onwumere com seu divertido Seq, mas mais pelas dinâmicas de ir abrindo os portais do que pela atuação em si.

Visualmente o longa é imponentíssimo, brincando com um mundo real ilusório totalmente tradicional, mas com muitas nuances interessantes, como o protagonista trabalhando numa empresa de design de jogos, com toda ambientação de várias telas de computadores, toda a criatividade rolando nas reuniões, e muita desenvoltura cheia de grandes sacadas, várias interações com muitos personagens dando tiros para todos os lados, cenas em prédios, com carros, motos e tudo mais, uma oficina de motos bem trabalhada, um café bem requintado e marcante, mas as cenas mais interessantes e bonitas recaem para a cidade de Io aonde temos a realidade com máquinas voando, muitos personagens robóticos, câmaras de corpos, cabos para todos os lados, criações de alimentos por máquinas e muito mais que daria para viajar muito no roteiro pelo ambiente todo, mas isso quem sabe fique para um outro filme.

O longa tem uma sonoridade bem marcante, com dinâmicas explosivas marcantes, muita ambientação musical e vários atos que amplificam tudo pela marcação sonora, o que mostra uma direção precisa e bem colocada na trama, fazendo com que o filme ficasse com um bom ritmo, além da canção "White Rabbit" que já estava no trailer e no filme ficou com um ritmo ainda mais diferenciado.

Enfim é um filme que mexe muito com nossa mente, que tem uma pegada imponente tanto pelos temas que trabalha, quanto pela desenvoltura tecnológica bem marcante, porém tem defeitos, o principal está na duração alongada, e na sequência querer ampliar um horizonte de uma forma exagerada demais que até tem todo um sentido demonstrado, mas que precisamos abstrair muita coisa para aceitar completamente. Porém mesmo com esses detalhes ainda é um tremendo filmaço que vale a conferida, então vou recomendar para todos que gostaram da franquia lá nos anos 90/2000 e quem sabe empolgam para mais algumas continuações que iremos torcer. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Netflix - Próxima Parada: Lar Doce Lar (Back To The Outback)

Gosto demais de animações, principalmente quando elas entregam muito estilo, personalidade, e brincam bastante com sacadas pouco usuais como é o caso do longa da Netflix, "Próxima Parada: Lar Doce Lar", aonde animais peçonhentos bonzinhos se revoltam por serem tratados como monstros em um zoológico e resolvem voltar para a sua terra natal nas montanhas do Outback australiano, usando uma associação secreta de animais feios para lhe ajudar a enfrentar os humanos e conseguir passar por várias cidades por toda a Austrália. Ou seja, é daquelas tramas que é até difícil falar que foi fofinha por estarmos falando de uma cobra, um escorpião, um lagarto e uma aranha, mas como os personagens da trama são bonitinhos e carismáticos, o resultado acaba sendo gostoso demais de ver, trabalhando situações engraçadas com o estilo de cada um, brincando bem com toda a interação da história e felizmente sendo algo gracioso no contexto completo, ao ponto que vamos continuar com medo dos animais de verdade, mas os daqui foram bem colocados na ideia geral, e agradarão bastante tanto a criançada pelo colorido e pelas piadas em si.

A sinopse nos conta que cansados de serem trancados em um zoológico onde os humanos os olham como se fossem monstros, os animais mais mortíferos da Austrália: Maddie, uma cobra venenosa com um coração de ouro, Zoe, um lagarto, Frank, a aranha, Nigel, o escorpião, assim como seu nêmesis, Pelúcio, um coala fofo mas desagradável, fogem de seu zoológico em direção ao Outback.

Diria que os diretores Harry Cripps e Clare Knight estrearam muito bem no novo posto depois de escreverem e trabalharem em muitos outros longas, pois já vimos várias vezes com "Madagascar" a tentativa e o desejo dos animais de voltarem para o zoo, e aqui é justamente inversa a proposta de mostrar que lugar deles é no seu próprio meio ambiente, e usando de boas dinâmicas, trabalhando bem piadas e sacadas com os animais mais perigosos e feios do mundo todo, tudo vai encaixando como uma luva, vão nos entregando momentos bem dinâmicos e gostosos, e junto com uma desenvoltura cheia de bons efeitos e perspectivas, a trama serve quase como um road-movie diferenciado, entregando bons atos, bons personagens, uma história convincente e divertida, e claro tentando até desmitificar que animais peçonhentos são malvados (pelo menos nas animações!), brincando com toda a ideia e agradando com muito colorido, muita perspectiva (talvez numa TV 3D o longa seja ainda mais bacana), e funcionando demais, ao ponto que até torceremos quem sabe para uma continuação algum dia mostrando a vida dos animais no seu lar.

Sobre os personagens e as dublagens, como sempre conferi legendado, e as vozes de Isla Fisher como Maddie, Guy Pearce como Frank, Angus Inrie como Nigel, Miranda Tapsell como Zoe e Tim Minchim como Pelúcio foram bem marcantes e interessantíssimas de ouvir, dando personalidade e fofura para cada um deles, desde a cobra carismática até a aranha dançarina, além claro do coala desagradável cheio de frases malvadas (se dizendo capricorniano!), ao ponto que todos acabam sendo bacanas de ver, e até mesmo os bem secundários como Jacki Weaver como a jacaré Jackie, ou Rachel House como a tubarão Jacinta ou o cantor Keith Urban dando sua voz para o sapo Doug caíram muito bem em cena. E até mesmo os "vilões" vividos Eric Bana e Diesel La Torraca brincaram bem em cena e foram bem chamativos, pois todos foram desenhados de uma maneira simples, mas bem trabalhada, que acaba trazendo carisma e envolvimento para cada um aparecer e agradar, de forma que vamos entrando no clima completamente e torcendo por cada um para o que deseja em sua vida, ou seja, é uma animação simples, mas que encaixa muito bem na proposta toda.

Visualmente já falei o longa tem muitas cores, mas que inserido na cenografia bem desenhada da Austrália, o resultado é algo bem cheio de detalhes, mostrando coisas que já vimos em outros filmes, e muita desenvoltura cênica com uma profundidade bem marcante que como disse pode ser que em 3D ainda agrade bastante quem gosta da tecnologia, mas não necessitando disso, o longa diverte por toda a interação entre os personagens, todos os ambientes bem colocados (alguns meio que nojentos para alguns, mas que funcionam dentro da proposta), e que resulta em um belíssimo resultado visual, e assim acaba agradando bastante também em tudo.

Outro ponto bem satisfatório na trama foram as escolhas musicais do longa, algumas incorporando momentos e dando dinamismo para todo o longa, outras sendo originais e bem colocadas para os atos em si, ao ponto que acabam até sendo engraçadas e bem usadas no filme inteiro, valendo a conferida no filme e depois em casa pela playlist que deixo o link aqui. 

Enfim, fui conferir esperando bem pouco da animação, pois aparentemente parecia ser algo bem infantil, mas o resultado é bem trabalhado, tem piadas até bem adultas, mas que acaba agradando todos, pois é simples, bem feita e tem toda uma simbologia bem colocada para divertir do começo ao fim, sendo uma grata surpresa para quem ainda não deu o play, então fica a dica. Bem é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


domingo, 19 de dezembro de 2021

Stillwater

Costumo dizer que para um bom drama funcionar os atores precisam acreditar muito no roteiro e encarar todos os momentos da trama com uma identidade própria de seus personagens, e a história de "Stillwater" é bem trabalhada, tem as devidas nuances fortes e marcantes, mas tem muita mais história de vida envolvida do que propriamente uma trama de um filme, sendo daqueles que acabamos encarando tudo, ficando bem presos com tudo o que ocorre, torcendo para o protagonista ir além, mas de cara já dá para saber que vai fazer besteira, e essa essência toda poderia ser melhor moldada para outros lados que não fossem tão calmos. Ou seja, é um bom filme, mas nem o protagonista parece com o estilo que o personagem pede, nem a trama é forte como poderia, ficando bem no meio do caminho das duas escolas dramáticas: a francesa e a americana, nas quais o filme se apoia.

A sinopse nos conta que Bill Baker, funcionário de uma plataforma de petróleo em Oklahoma, viaja para Marseille para visitar sua filha com quem não fala há muito tempo. Ela está presa por um homicídio que diz não ter cometido. Mesmo com as dificuldades culturais e sem falar a língua local, Bill decide ficar permanentemente na França e lutar para provar a inocência da filha.

Se com "Spotlight - Segredos Revelados" o diretor e roteirista Tom McCarthy ganhou diversos prêmios por ir direto em algo investigativo e intrigante, aqui ele tentou brincar de investigador com uma pessoa comum, meio que fora dos eixos e que tenta uma nova vida na França, mas como bem sabemos, o passado de uma pessoa surtada sempre será negro e com nuances prontas para apertar o gatilho, então ele faz toda uma rodada cheia de carinho, cheio de envolvimento, mas em seguida já mexe com nosso interior, e isso o filme rola o tempo inteiro, tendo várias quebras e desenvolvimentos bem abertos, trabalhando da vida de todos, o que é bem dramático, mas também bem aberto, e usando do artifício dramático do teatro, da captura da verdade, o diretor brinca com essa ideia, e assim o filme tem sua identidade. Ou seja, o trabalho de McCarthy é bem visto, mas se lá muitos acharam que ele amarrou as ideias e não as utilizou, aqui ele fez isso ainda de maneira mais presa, o que não impacta como deveria, nem explode como poderia, ficando bem no meio do caminho.

Sobre as atuações, sabemos bem do potencial que Matt Damon tem para qualquer tipo de papel, porém ainda acho que ele é muito novo para o estilo que seu personagem Bill Baker necessitava, ao ponto que o personagem é um pai velho, já duro pelos acontecimentos, com um tom mais pegado, e Matt é muito mais singelo em sua estrutura, de forma que ele até consegue transparecer algumas boas nuances, mas não impacta como alguém mais velho e carregado em trejeitos passaria, ou seja, não fez algo ruim, mas não chegou aonde o papel precisava. Camille Cottin trabalhou bem sua Virginie, desenvolvendo seus atos com personalidade, mostrando suas imposições e cadenciando cada momento com muito estilo, ao ponto que mesmo fazendo uma atriz de teatro, doou trejeitos para sua personagem com muita força e verdade, o que acaba sendo bacana de ver na tela. A garotinha Lilou Siauvaud deu boas nuances também para sua Maya, transparecendo carisma e muita desenvoltura junto do protagonista, formando quase uma dupla dinâmica de correspondência em francês-inglês, sendo bem legal e bonita a interação entre eles, e mostrando que a jovem tem futuro pela expressividade. Senti Abigail Breslin meio presa demais em sua Allison, ao ponto que a atriz tem um estilo bem dinâmico, mas aqui fez nuances mais secas e sem muita abertura durante quase todo o filme, meio que escondendo sua verdade até o ato final, e assim explodindo ali na conversa com o pai, ou seja, talvez isso um pouco antes mudaria o filme, e chamaria muito mais atenção para tudo. Quanto aos demais, a maioria fez apenas conexões, sem grandes chamarizes interpretativos, desde a avó vivida por Deanna Dunagan, passando pelo garoto Akim vivido por Idir Azougli, até mesmo a promotora vivida por Anne Le Ny e o ex-policial vivido por Moussa Maaskri, mas apareceram e se doaram bem nos seus atos pelo menos.

Diria que o visual mais rústico do ambiente que a equipe de arte escolheu até deu um tom bem marcado para o filme, tanto que ficamos mais nas construções, na periferia e até recaindo para uma casa simples com um porão bem tradicional na França aonde tudo parece ser até meio como algo jogado, e essas nuances foram boas para simbolizar tudo e ambientar bem a proposta mais seca do filme, ao ponto que até a cadeia não foi tão pesada no ambiente mostrado, e assim funciona bem e mostra outro lado da França para mundo afora, afinal Marselha é belíssima por sua costa, e isso também é mostrado numa abertura mais lúdica dos momentos calmos do filme, até incorporando um jogo no Estádio Velódromo do time da cidade, e assim tudo se conecta bem e marca até o estilo da trama, até mesmo nos atos nos EUA, já em algo mais duro também.

Enfim, é um bom filme, mas parecia ser muito melhor pela ideia, pelo diretor, pelos protagonistas e tudo mais, parecendo ser daqueles que ficamos impactados com algumas respostas/diálogos, mas que enrolaram demais para isso acontecer ao ponto de já nem estarmos mais querendo essas situações. Ou seja, é daqueles filmes que até dá para indicar, mas que muitos irão se cansar e nem terminarão de ver, pois o miolo esfria demais toda a ideia original. Bem é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


Netflix - Chamada Explosiva (Dhamaka)

Todos sabem que o cinema indiano é uma máquina de fazer filmes, produzindo até exageros e absurdos que acabam sendo impossíveis de ver, mas também costumam pegar ideias de bons longas americanos e europeus e transformar em histórias mais impactantes e malucas, como é o caso do longa da Netflix, "Chamada Explosiva", que quem for conferir vai lembrar muito o filme americano "Jogo do Dinheiro", mas aqui trabalhando mais o ato terrorista em si e a ideologia por trás do jornalismo sensacionalista, aonde muitos jornalistas nem ligam muito se estão dando a notícia realmente de uma forma importante, ou se o canal está conseguindo subir sua audiência, fazendo até algumas coisas ilegais para se tornar maior, e sabemos bem que existem muitos casos assim, mas nem vamos ficar falando disso, pois não é o momento, afinal aqui o lance é a forma intensa que o âncora passa a tratar o caso, toda a desenvoltura que o ambiente acaba sendo amplificado, e que mesmo contando com uma atuação não tão chamativa e alguns efeitos meio bizarros, o resultado acaba sendo impactante e principalmente sendo um longa que nos amarra do começo ao fim, ou seja, faz valer o tempo preso na poltrona.

A sinopse nos conta que um âncora frustrado transferido da televisão para o rádio, recebe uma ligação ameaçadora ao vivo, de um terrorista cometendo atentados na cidade, utilizando explosivos. A chamada então se caracteriza como um grande furo de reportagem. Usando como moeda de troca para voltar ao seu posto de prestígio, o jornalista acaba percebendo que a oportunidade pode na verdade se mostrar um grande perigo, e ele terá que negociar com o criminoso e com a empresa, colocando em risco aquilo que mais ama.

O diretor e roteirista Ram Madhvani ficou bem famoso quando seu longa "O Poder da Coragem" ganhou diversos prêmios em quase todas as premiações indianas, e com isso muitos acharam que ele iria fazer vários filmes por ano como seus diversos compatriotas, mas ao contrário preferiu se ater somente a boas histórias para causar realmente, e agora cinco anos depois eis que vem com uma trama intensa, cheia de desenvolturas dramáticas intensas, que não só funciona bem como ficção, como também faz a dura acusação em cima de alguns estilos de jornalistas que vemos na TV e conhecemos bem suas índoles para que uma matéria impacte de alguma forma. Ou seja, é uma trama bem amarrada, com poucos defeitos de estrutura, mas que muito mais do que o conceito passado, resulta em algo chamativo e interessante de situar, criando vértices para cada momento, emoções nos olhares, e muito desespero em cima de algo que pode acontecer facilmente, afinal temos loucos espalhados mundo afora, e tudo pode acontecer em um momento de desespero. Sendo assim, a trama que Ram criou e dirigiu é bem marcante, mostra o potencial do diretor, e vou continuar torcendo para que não vire um desses que só fazem filmes por fazer como é a grande maioria dos diretores de lá, mas sim ter proposta e acertar sempre.

Sobre as atuações, Kartik Aaryan mostrou personalidade e estilo para com seu Arjun, criando bem olhares tensos, fazendo todo o estilo jornalístico que muitos âncoras de grandes noticiários tem de manter frente aos acontecimentos, e mesmo não se jogando nas situações mais imponentes foi preciso nos atos e conseguiu chamar muita atenção para si, ou seja, poderia facilmente ir além em alguns momentos, mas optou por seguir a linha e fez bem, agradando dentro da proposta. Amruta Subhash fez de sua Ankita a famosa diretora de jornais que não liga para nada sem ser a audiência, se o jornalista vai levar um tiro pelo canal, qual o problema, desde que seja ao vivo desmascarado e cause impacto na audiência, tudo vale, e a atriz fez trejeitos clássicos do estilo, com um carisma até negativo para o papel, e assim chamando atenção também. Diria que poderiam ter trabalhado um pouco mais a esposa do protagonista, a repórter Soumya que Mrunal Thakur deu vida, pois seus atos foram embora de impacto forte, meio que simples e jogados demais, e talvez um pouco mais de expressividade agradasse no contexto completo, mas de certa forma foi bem usada e agradou no que fez. Quanto aos demais, vale o destaque somente para Soham Majumdar que trabalhou bem as entonações nos atos somente usando sua voz, e fez bons momentos durante todo o longa, inclusive aparecendo nos atos finais para as surpresas finais, e assim chamou bem a atenção para si, mas poderia ser mais explosivo de trejeitos para agradar mais.

Visualmente o longa é até bem simples, pois fica quase o tempo todo somente no estúdio, mostrando o desenvolvimento de fundos em chromakey, brincando bem com todo o ambiente jornalístico, e claro tendo alguns momentos impactantes ao longe com a ponte famosa da Índia, além de algumas explosões, alguns atos com carros caindo e toda a comoção no ambiente, mas a base toda fica bem fechada e assim o resultado geral acaba chamando atenção. Ou seja, a equipe de arte foi bem conexa, simples e direta, criando toda a cenografia clássica de estúdios de jornais e brincando bem com cada ato durante a exibição.

Enfim, é um filme simples, mas trabalhado com muito impacto e bem desenvolvido dentro de um padrão, não sendo daqueles memoráveis, mas conseguindo segurar bem o público e soando interessante do começo ao fim, o que faz valer a conferida e agradando bastante. Sendo assim recomendo a conferida e claro a surpresa do final que como todo bom longa indiano, optam bem mais pelo impacto do que por algo mais realista, e assim funciona bem a escolha feita. Bem é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas hoje ainda pretendo ver mais um filme dos streamings, então abraços e até logo mais.


sábado, 18 de dezembro de 2021

Netflix - Um Menino Chamado Natal (A Boy Called Christmas)

Semana que vem já é Natal, então claro que temos de conferir alguma produção natalina para vir algum tipo de emoção nesses corações que só se empolgam com tramas cheias de suspense, e claro que se tem uma empresa que vem se especializando muito nesse estilo e comprando boas produções natalinas todos os anos é a Netflix, surpreendendo sempre com tramas cheias de carisma e muita desenvoltura para emocionar a todos com histórias bonitas e bem trabalhadas nos efeitos. E o longa da vez é "Um Menino Chamado Natal" que traz uma nova história sobre a criação da data de Natal em cima de uma lenda finlandesa, e que contando com bastante simbolismo e algumas lições bacanas acaba sendo envolvente e gostoso de curtir, mesmo sendo bem simples sem aproveitar mais os atos emotivos. Ou seja, passa longe de ser daqueles que vai fazer o público chorar ou entrar num clima maior, mas é bonito, tem uma essência bem trabalhada, e o resultado final agrada, valendo a conferida completa.

A sinopse nos conta que um garoto chamado Nikolas embarca em uma aventura extraordinária em busca de seu pai, que está à procura da lendária Vila dos Duendes. Acompanhado de uma rena teimosa e um rato de estimação, Nikolas acaba encontrando seu destino. Uma história emocionante, divertida e cheia de magia, onde descobrimos que nada é impossível.

O diretor e roteirista Gil Kenan andou meio que sumido das telonas, mas voltou já esse ano como roteirista do novo "Ghostbusters - Mais Além", e agora assumindo as duas funções na adaptação desse livro de Matt Haig ele conseguiu seguir bem o padrão de longas natalinos, desenvolveu bem técnicas e visuais charmosos com muita neve, e foi criativo com relação aos efeitos, brincando com as nuances dos personagens, trabalhando a magia como algo secundário, porém bem importante no segundo ato, mas principalmente foi sereno na desenvoltura emocional da trama, como uma história bem contada deve ser, fazendo todo o estilo de bem, mal, mortes impactantes, e estilos bem colocados, mostrando que um filme "infantil" não tem que necessariamente ser liso de situações fortes, e assim sendo o longa impacta, passa a mensagem bonita, e funciona, agradando sem ser explosivo, mas caindo bem na época em que merece ser entregue.

Sobre as atuações, o jovem Henry Lawfull fez bem os trejeitos carismáticos de seu Nikolas, brincando com olhares, sendo sereno de atitudes e até trabalhando bem seus olhares para os personagens animados, ao ponto que poderia ter ido um pouco mais além na desenvoltura para que o personagem fosse mais dinâmico, mas acredito que desejavam mais esse clima para o filme, e assim ele foi bem no que fez. Sally Hawkins está tão estranha como Mãe Vodol que achei até que o personagem fosse um homem, mas trabalhou alguns atos fortes, e só mudou no final com a intensidade bem colocada, ao ponto que talvez o filme precisasse de mais de sua história para ser completo, mas foi bem ao menos. Kristen Wiig também ficou bem estranha com o visual dado para sua Tia Carlota, ao ponto que deu nuances fortes e marcantes em seus atos, agradando bem na austeridade que precisava, e sendo bem simbólica na trama. Toby Jones também entregou poucos atos com seu Pai Topo, mas envolveu e fez bem eles para ser representativo, ao ponto que todos da vila precisariam de algo a mais, mas acabou não rolando. Zoe Colletti fez uma fadinha bem bacana e divertida por só poder falar a verdade, e sua desenvoltura é graciosa, mas meio exagerada, ao ponto que tudo poderia ser mais singelo e doce com ela, mas foi bem. Maggie Smith é daquelas atrizes que merecem sempre mais, mas lhe dão papeis tão fechados que ela acaba nem indo além, e aqui sua Tia Ruth é mais narradora do que uma personagem realmente, mas seus atos finais foram bem bacanas e interessantes pela proposta completa.

Visualmente o longa é bem bonito, cheio de neve para todos os lados, uma floresta bem densa e branquinha, e uma vila dos elfos bem desenhada e cheia de elementos cênicos mágicos bem colocados, a casa do protagonista bem simples e marcante, e até o castelo do rei foi sem grandes regalias, mostrando que a produção não quis fazer algo gigantesco para si, mas tudo bem simbólico e claro como um Natal deve ser: festivo, carismático e marcante, ou seja, assim até mesmo as cenas mais fortes acabaram tendo nuances clássicas e diretas, com personalidade e envolvimento, além de efeitos computacionais bem interessantes de ver.

Enfim, está longe de ser um filme impactante, mas que funciona bem dentro do tema, e acaba agradando pelo simbolismo passado e pelas boas dinâmicas da trama, ao ponto que podemos dizer que é mais um novo formato do surgimento do Papai Noel, e assim tanto as crianças quanto os mais velhos poderão curtir em família o longa em casa, e sendo assim deixo a recomendação aqui. Bem é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Amazon Prime Video - Encontros (Encounter)

Diria que facilmente podemos achar que o longa "Encontros" da Amazon Prime Video é uma produção antiga da Netflix, daquelas que todos odiavam ver por ter toda uma ideia extremamente interessante e no final desandar completamente, e aqui tudo parece ir para um rumo completo da loucura desde o começo, outrora parece mesmo que estamos diante de um gigante parasita, mas as nuances vão acontecendo tanto de uma forma intensa bem colocada que o resultado acaba não sendo tão ruim, só não atinge a expectativa criada, pois o protagonista chama a atenção, é convincente, mas ao deixar abertura para o famoso algo a mais desanda ao fazer o básico. Ou seja, é uma trama com um desenho bem colocado na mesa, que os protagonistas até nos convencem de sua ideologia, mas não conseguem manter essa ideia ao necessitar uma reviravolta meio que fraca demais.

O longa nos mostra que Malik Khan está convencido de que a Terra sofreu uma invasão alienígena. Na missão de proteger seus dois filhos ele acaba os sequestrando da mãe e entrando em uma jornada pela sobrevivência.

O diretor e roteirista Michael Pearce até foi muito bem na formatação do clima escolhido, soube dosar a intensidade da trama até mais que a metade, e com atos mais fechados até consegue deixar o público confuso com a real intensão dos atos do protagonista, isso até o ato do protagonista na cidade fantasma sozinho, pois ali ele nos revela exatamente a ideia completa e desanda tudo, mas acaba sendo bem funcional como um road movie de influências, aonde as crianças acabam crescendo na vida através dos atos necessários, e o pai vai se inclinando para um fechamento marcado pelas atitudes escolhidas, e assim diria que o resultado geral da direção não é ruim, só talvez não faria a cena do espelho, deixando tudo aberto para uma surpresa mais trabalhada no final, mas é uma opção que talvez eu reclamasse também, então foi direto pelo menos na sua ideia.

Sobre as atuações posso dizer facilmente que Riz Ahmed é daqueles atores que passam suas cenas com muita intensidade e convencimento, ao ponto que se algum diretor precisar de alguém para falar que uma bola vermelha é azul, ele é o cara que vai conseguir convencer a todos, e isso é bom de ver, pois acaba sendo um acerto que poucos tem, mas suas facetas são sempre muito agitadas e isso peca um pouco na dramaticidade que poderia entregar melhor, ou seja, aqui seu Malik vai muito bem enquanto está ligado 100%, mas quando sua força baixa o ator baixa um pouco o estilo e isso acaba soando estranho de ver. Quanto das crianças, tanto Lucian-River Chauhan com seu Jay mais velho e responsável, quanto Aditya Geddada com seu Bobby mais ativo e acelerado conseguiram dominar o carisma que o filme precisava ter, e com isso chamaram bastante atenção em seus atos, demonstrando atitude, e sendo bem envolventes nos atos mais tensos, ou seja, fizeram bons momentos marcantes e agradaram. Falar de Octavia Spencer é soar repetitivo sempre, pois mesmo tendo pouquíssimas cenas, sua Hattie entrega estilo e trabalha um envolvimento bem impactante como uma agente de condicional menos durona, e assim acaba sendo bem colocada na trama para dar as devidas nuances cênicas. 

Visualmente o longa foi bem marcante por ir para o meio do nada com o carro dando nuances meio que apocalípticas mesmo, como se o mundo estivesse acabando, passando por cidades fantasmas, casas isoladas de tudo, e muita terra e pedra, ao ponto que a jornada do protagonista com seus filhos é de quase viver uma vida ali em poucos dias/horas e vemos com isso pouca interação com outros personagens, toda uma tensão nos lugares aonde vai pelo frenesi do protagonista, e vários símbolos bem distópicos para confundir os espectadores, ao ponto que tudo foi simples, mas bem feito, até chegarmos claro na cena final, aonde é quase um show de tanta imponência com muitos carros, luzes e tudo mais, mas diria que foram bem contidos com tudo.

Enfim, não posso dizer que tenha sido ruim ver o filme, muito pelo contrário, pois mesmo sendo bem maluco e tendo um fechamento ruim, todo o miolo me prendeu bastante, e assim sendo posso até recomendar ele de uma forma meio que alguns vão me bater por ver a indicação, ou seja, se você não ligar para fechamentos fracos e jogados até vale ver, do contrário, fuja. Bem é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


Netflix - A Mão de Deus (È Stata La Mano Di Dio) (The Hand Of God)

Confesso que não sou um extremo fã da escola de cinema italiana, pois suas comédias são bem exageradas e seus dramas geralmente são bem cansativos, mas ainda assim confiro os longas que surgem, afinal se dá para ver, vamos lá. Dito isso, hoje vi que entrou em cartaz na Netflix o filme "A Mão de Deus", que levou vários prêmios no Festival de Veneza e já foi indicado tanto ao Critics Choice quanto ao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, então induzi que certamente era algo bem interessante e cheio de nuances, mas o resultado da trama é tão cansativo e monótono que por bem pouco não dormi conferindo a trama, pois até temos alguns atos interessantes sobre o desenvolvimento do garoto que aparentemente é a representação da juventude do diretor Paolo Sorrentino, mas não convence quem gosta de um pouco mais de dinâmica, ao ponto que tudo cansa, tudo parece forçado e se a juventude do rapaz foi dessa forma foi chata demais, e não chega a valer a conferida nem para quem é fã de filmes de festivais.

O longa conta a história do garoto Fabietto Schisa. Ambientada na tumultuada Nápoles da década de 1980, a trama é uma narrativa repleta de alegrias inesperadas, como a chegada da lenda do futebol Diego Maradona. Mas também não faltam tragédias. O destino faz a sua parte, misturando alegrias e tristezas, e o futuro de Fabietto está em jogo.

Conheço poucos filmes do diretor Paolo Sorrentino, mas como já disse outras vezes contar sua própria história ou adaptar algo parecido com ela é algo muito difícil de funcionar, afinal o ego vai lá em cima, tudo passa a ser um floreio que para você é bem explicado, mas para muitos não, e assim acaba sendo necessário entrar completamente no clima para curtir o que ele nos apresenta aqui, pois todo o sentido da trama tem uma figuração maior de pensamentos, tem um ar filosófico, tem toda a essência da juventude mais contida e retraída, e conforme tudo é mostrado até soa um certo ar bonito de ver, mas volto no ponto que falei no começo, é tudo muito lento e cansativo, tudo é monótono e abstrato, e assim mesmo com uma família bagunçada que muitos podem até enxergar um pouco como a sua, o resultado não vai muito além, sendo o clássico filme que só os críticos de arte amam, e o restante pula bem antes da metade, pois com 130 minutos, algo impactante mesmo só vai rolar perto dos 70 minutos.

Quanto das atuações, Filippo Scotti até trabalhou bem o ar pensativo meio deprimido meio confuso de Fabietto, não ousando muito, mas entregando personalidade ao menos, e assim até que consegue fazer com que o foco da trama ficasse todo nele, o que é ruim nesse caso, pois seu personagem é chato e outros chamariam mais atenção, dariam mais dinâmicas, e tudo mais, ou seja, é o famoso caso que torcemos para o protagonista sair de cena logo, o que não acontece. Quanto os demais, como aparecem pouco dando as conexões diferentes de mundo para o protagonista, diria que da família mesmo do garoto só é interessante de ver a loucura da tia Patrizia, vivida por Luisa Ranieri, mas mais por sua beleza corporal do que realmente pela atuação em si, e assim como o jovem tá bem no auge da adolescência é claro que ela vira sua musa, ainda tivemos cenas intensas com o traficante Armando vivido por Biagio Manna, que mostra a vida mais agitada e diferente para o garoto, e claro a Baronesa pelo ato mais chocante de ver acontecer aonde Betty Pedrazzi se entrega muito bem em cena.

Visualmente o longa até tem atos bem bonitos em Nápoles, mostra alguns jogos clássicos de Maradona, o fanatismo das pessoas vendo os jogos em varandas muito bem representado, temos carros dos anos 80 bem marcantes, a famosa TV com controle a cabo de vassoura, o simbolismo bem representado das filmagens da época referenciando a Fellini, mas mostrando outros diretores, colocando em pauta o teatro, as coisas bizarras dos almoços de famílias gigantes e tudo mais que certamente foi representativo para o diretor em sua juventude.
 
Enfim, é um filme com uma proposta até que boa, mas que falha no ritmo, entrega um estilo que só quem mudar de ar completamente vai acabar gostando e que infelizmente mais cansa do que agrada por completo, ao ponto que não dá para recomendar ele para ninguém. Sendo assim amanhã encaro algum outro filme melhor e volto aqui com um novo texto, então abraços e até logo mais.


quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Homem-Aranha - Sem Volta Para Casa em Imax 3D (Spider-Man - No Way Home)

Pois bem meus amigos, antes de mais nada, podem ler o textão tranquilamente que não vou soltar spoilers nenhum, apenas dizer que tudo o que você sempre sonhou em ver, você verá em "Homem-Aranha - Sem Volta Para Casa". Aliás será dificílimo falar de tudo o que preciso falar sem dizer algo importante, então muitos vão reclamar que meu texto estará estranhamente quebrado, mas não, apenas vou optar por omitir algumas informações para não estragar a experiência de ninguém, pois confesso que estava com muita expectativa para o filme, e felizmente todas elas foram superadas ao nível máximo, emocionando já desde a cena que nem faz parte do filme no começo de tudo com o Tom Holland pedindo para ninguém dar spoilers, até cada ato importante que o público aplaudiu durante a exibição do longa, e digo mais, esse é o estilo de filme que você tem de ir em uma sessão com fãs, pois a experiência é única, é gente ficando afobada do seu lado, aplaudindo atos que nem precisariam de aplausos (aliás quem tá recebendo os aplausos nem está ali para ouvir suas palmas, mas é legal pra caramba aplaudir junto!), aí você olha pro lado tem outro chorando emocionado, mas sem dúvida alguma o mais bacana de tudo é o sorriso estampado na cara de todos ao sair em manada da sala lotada, pois é isso que o filme entrega. Ou seja, é um filme incrível, com zero defeitos (posso estar empolgado demais falando isso e achar numa revisitada mais para frente um milhão de defeitos, mas aqui sempre estará minha primeira opinião), e que sem dúvida alguma é o maior fã-service que a Marvel já entregou, tendo tudo o que queríamos ver na tela, ou mencionado por algum personagem em algum momento, ou até mesmo na cena do meio dos créditos que referencia a um futuro filme (a pós-créditos é o teaser-trailer de "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura"), sendo assim algo que quem for conferir e for fã de longas de heróis vai gostar, vibrar e curtir demais todo o momento.

A sinopse nos conta que Peter Parker precisará lidar com as consequências da sua identidade como o herói mais querido do mundo após ter sido revelada pela reportagem do Clarim Diário, com uma gravação feita por Mysterio no filme anterior. Incapaz de separar sua vida normal das aventuras de ser um super-herói, além de ter sua reputação arruinada por acharem que foi ele quem matou Mysterio e pondo em risco seus entes mais queridos, Parker pede ao Doutor Estranho para que todos esqueçam sua verdadeira identidade. Entretanto, o feitiço não sai como planejado e a situação torna-se ainda mais perigosa quando vilões de outras versões de Homem-Aranha de outros universos acabam indo para seu mundo. Agora, Peter não só deve deter vilões de suas outras versões, mas fazer com que eles voltem para seu universo original, mas também aprender que, com grandes poderes vem grandes responsabilidades como herói.

Claro que muito do sucesso se deve também ao diretor Jon Watts que foi muito corajoso em gravar um filme icônico, cheio de mistérios, gravando muitas cenas com atores separados e com falas sem saber o que estão gravando, e o melhor fazendo com que isso ficasse bem feito na montagem final, afinal poderia parecer até estranho falar com alguma coisa aleatória sobre algo sem saber o que é, mas são atores, a maioria já fez vários filmes de ação com efeitos especiais, então estão bem acostumados a gravar com fundos verdes e objetos estranhos em cena sem saber o que é cada detalhe, e o trabalho que fez na montagem e na execução de um roteiro repleto de surpresas e situações bem encaixadas foi algo que já pode assinar embaixo perfeição, pois dirigir três ótimos filmes encaixando muitos detalhes como é todo o Universo Marvel pensado por Kevin Feige em sua linha temporal monstruosa é algo que poucos conseguiriam, e ele fez finalizando com chave de ouro, que não só fecha bem a porta, como já prepara para novas aberturas futuras já que muito estava sendo falado sobre ser o último filme de Tom Holland no papel principal.

Quanto das atuações, Tom Holland cresceu demais desde que assumiu o papel do herói lá em 2016, sendo praticamente outro ator em cena, e melhorou tanto que parou até de dar spoilers em entrevistas como fazia na época e tiveram de lhe tirar os roteiros por inteiro para não vazar nada, e aqui o personagem também amadureceu muito, tendo de enfrentar dilemas e situações bem fortes com toda a confusão que causa, tendo cenas importantíssimas, diversos atos de impacto e diálogos bem trabalhados também, não sendo apenas algo para ficar pulando atirando teia e lutando, mas sim criando vértices, ou seja, o ator conseguiu ser carismático, divertido, e muito bem colocado, agradando demais. Benedict Cumberbatch entregou seu Doutor Estranho levemente estranho demais por errar um feitiço, tanto que apostamos algumas fichas que nem seria ele ali, mas também com toda a falação de Peter na cabeça, não tinha como alguém acertar algo, mas dito isso, o ator fez muitas cenas marcantes também, trabalhou sempre com a seriedade clássica de seu personagem, dando algumas ironias bem colocadas, e certamente dará show no seu novo filme do ano que vem, e aqui acho que até poderiam ter usado mais ele, mas foi bem ao menos no que fez. Sei que muita gente ama a atriz Zendaya, mas ainda não acho que seja a melhor atriz para o papel, ao ponto que aqui sua MJ fica ainda mais em segundo plano com todo o conflito, tendo sim alguns atos incríveis do papel, porém ainda acho ela sem muita expressão facial. Jacob Batalon está ainda mais solto com seu Ned, e suas expressões nas cenas mais intensas são divertidíssimas e muito bem colocadas, e mesmo mudando bem no final ainda foi bem expressivo e marcante de ver, ao ponto que vamos torcer por ele mais para frente mudar. Jon Fraveau e Marisa Tomei novamente tem boas cenas com seus Happy e May, ao ponto que Fraveau fica mais em segundo plano na maioria das cenas, e Tomei se entrega mais em várias cenas imponentes, mostrando ser uma atriz bem expressiva também. Quanto dos vilões, foi uma grata e maravilhosa volta de Willem Dafoe, Jamie Foxx e Alfred Molina nos papeis clássicos que fizeram no passado com seus Duende Verde/Norman Osborn, Electro/Max e Dr. Otto Octavius respectivamente, de forma que todos fizeram bons trejeitos, se encaixaram completamente bem na história e se desenvolveram bem, não sendo algo que quem não os conhece dos filmes antigos fique perdido, pois são devidamente apresentados e entraram muito bem no clima. J.K. Simmons veio com seu J.Jonah Jameson que tanto víamos nos desenhos de seu jornal Clarin Diário, perseguindo o Aranha em nível máximo, e o ator entregou exatamente como deveria ser, ou seja, deu o show que sabe fazer sempre. Quanto os demais, é melhor você ir conferir para saber!

Visualmente o longa é muito bem elaborado, tendo a maioria das cenas se passando no fundo Santo Sanctorum do Doutor Estranho, várias cenas nas ruas com o personagem fazendo sua rotina no meio do caos, saltando com sua teia, alguns bons atos no apartamento tecnológico do Happy, e outra grande parte numa estrutura de andaimes que já foi mostrada no trailer, ou seja, a equipe economizou uma boa grana em locações, mas deu uma trabalheira imensa para a equipe de computação com os atos de destruição e coisas caindo, ao ponto que temos muitos detalhes marcantes, vários atos icônicos e toda uma representatividade clássica dos quadrinhos, o que funcionou demais em todas as cenas. Quanto do 3D, por ser um filme bem escuro, o resultado funcionou bem demais, dando uma imersão grande e incrível de ver na sala Imax, de forma que temos alguns atos quase que 360° com o Aranha voando com sua teia, e muitos momentos de percepção de ambiente, não tendo tanta coisa saindo da tela realmente, mas o funcionamento foi perfeito.

Enfim, espero não ter dado nenhum spoiler realmente no texto, pois muita coisa já fomos para a sessão imaginando acontecer, e vai rolando, então alguns podem até achar que determinada coisa dita seja demais, mas não, tudo que falei está nos diversos trailers, e aí é juntar as pecinhas do quebra-cabeça completo e vibrar muito, pois volto a falar que pode não ser um filme que vai levar prêmios imensos, que é o melhor longa artístico do ano, pois isso não é mesmo, mas que é o filme mais incrível que esperávamos ver, e que assim sendo resulta em o melhor do ano nesse sentido, isso vai ser difícil superar, e sendo assim se você ainda não comprou seu ingresso, vá logo, antes que chova spoiler na sua cara o dia inteiro nas redes sociais, ou vire um ermitão e não converse com ninguém. Bem é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais filmes dos streamings (voltar a botar a casa em dia, já que fiquei um bom tempo longe deles) já que essa semana nos cinemas é só o Aranha mesmo, então abraços e até logo mais.