Amor, Sublime Amor (West Side Story)

12/11/2021 01:58:00 AM |

Sou um amante de musicais, mas já estou começando a ficar preocupado que estão adaptando todos os musicais da Broadway de uma vez só e daqui a pouco as ideias vão começar a ficar escassas para um estilo que demanda sempre produções grandiosas. Dito isso, a refilmagem do clássico dos anos 60, "Amor, Sublime Amor" agora dirigida imponentemente numa produção imensa por Steven Spielberg é algo que impressiona de técnica e danças, mas cansa tanto que mesmo quem for amante do estilo vai acabar dando aquela olhada no celular para ver se falta muito para acabar, o que acaba sendo um defeito gigantesco. Porém diria que o ambiente é tão bem montado que tudo acaba sendo até válido e chamativo, ou seja, é daqueles filmes que vemos realmente uma produção gigante da Broadway, que tem uma pegada clássica de espaço/tempo, e que praticamente o diretor necessitou mais trabalhar os ambientes em si do que dirigir realmente os protagonistas, pois é um filme que dependeu bem mais do coreógrafo para todas as danças do que da carga dramática, afinal o estilo é praticamente um "Romeu e Julieta" com gangues, que já vimos umas cem vezes pelo menos. Não diria que é um filme ruim, mas se mesmo gostando do estilo eu cansei, imagino quem já não for fã de musicais.

O longa conta uma história de amor e rivalidade juvenil que se passa na Nova Iorque de 1957. As gangues Jets, estadunidenses brancos, e os Sharks, descendentes e/ou porto-riquenhos, são rivais que tentam controlar o bairro de Upper West Side. Maria acaba de chegar à cidade para seu casamento arranjado com Chino, algo ao qual ela não está muito animada. Quando em uma festa a jovem se apaixona por Tony, ela precisará enfrentar um grande problema, pois ambos fazem parte de gangues rivais; Maria dos Sharks e Tony dos Jets.

Quando Spielberg estava começando com seus curtas lá em 1959/1961 o clássico "West Side Story" estava estreando e certamente lhe marcou, mas nesses sessenta anos nunca se arriscou na direção de um musical, afinal é algo que precisa mais de coreógrafos e treinadores vocais do que realmente um diretor para organizar a obra, e aqui vemos uma produção clássica de Steven Spielberg, com uma grandiosidade cênica impecável para retratar o final dos anos 50, toda a dominação latina invadindo os EUA, a gentrificação dos bairros, mas principalmente mantendo bem a essência do original, trabalhando bem o ritmo conflitivo entre as gangues, e claro toda a ideia clássica de "Romeu e Julieta" de uma forma diferente, e assim seu trabalho é bem visto, com um ar muito mais pautado para festivais e premiações do que algo que realmente vá chamar a atenção do público em geral, e sendo assim as quase três horas cansam demais e não vai agradar a todos, mesmo não sendo algo ruim de ver.

Sobre as atuações e claro as cantorias, Ansel Elgort se soltou bastante com seu Tony, teve atos românticos bem marcantes e ensejos de luta ainda maiores, mas trabalhou muito bem suas coreografias dançando muito bem, envolvendo bastante e principalmente sabendo encontrar o ambiente ao seu redor para valorizar tudo, e assim acaba agradando bastante. Rachel Zegler faz sua estreia nos cinemas com sua Maria, e até se sai bem, mas a personagem é melosa e monótona, não dando nuances para a protagonista conseguir algum grande destaque, e sua música é melosa demais, ou seja, vamos ver o que vai fazer "Shazam 2" e no live-action da "Branca de Neve e os Sete Anões" que aqui ainda não mostrou muito serviço. E assim como Rita Moreno, que aqui apenas fez uma senhorinha bem graciosa protegendo o protagonista com sua Valentina, fez no original e ganhou o Oscar de Melhor Coadjuvante em 61, aqui Ariana DeBose, que já é muito conhecida pelos musicais da Broadway, deu um show com sua Anita, seja dançando nas principais canções, ou até mesmo na cena do estupro que deu o prêmio para Moreno, mas aqui foi feito mais como um ato subjetivo, e a atriz fez bem também. Outros destaques ficaram claro para David Alvarez com seu imponente Bernardo, Mike Faist com seu Riff rebelde, mas extremamente dançante e até mesmo para os atos mais expressivos de Josh Andrés Rivera com seu Chino, cada um despontando bem nos seus atos e sendo importantes para eles, o que faz valer a atenção. 

Visualmente o longa está incrível, pois é notável todo o trabalho cenográfico gigantesco dos ambientes, que acredito que foram construídos e não tão computadorizados (se foi não tem como notar), e criando momentos de muito impacto visual com as diversas coreografias nas ruas e no baile, e a luta imponente num ambiente bem marcante cheio de sal fez tudo ter muita boa impressão, que resulta em detalhes e claro em ensejos bem bacanas para todo o longa, pois ajudou bastante a termos algo para entrar no clima, ao ponto que num teatro a peça deve ser mais pesada e dura.

Sendo um musical é claro que as canções acabam chamando muita atenção, e aqui não foi diferente, pois além de ditar o ritmo mais calmo da produção tudo fica ao redor delas, mas confesso que esperava algo a mais de um filme tão cheio de nuances clássicas, impactando até mais a trilha orquestrada de fundo que as letras em si, mas ainda deixo aqui o link para quem quiser ouvir elas.

Enfim é um filme grandioso como tudo de Spielberg, mas confesso que gosto mais dele produzindo que não gasta dinheiro à toa pegando produções mais impactantes e rentáveis, do que quando entra para brigar por prêmios fazendo algo mais crítico como é o caso aqui, aonde não pega tanto o público, e sendo assim recomendo o filme com mais ressalvas do que com vontade realmente, e assim fica a dica para quem não curtir musicais nem passar perto dele. Bem é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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