A sinopse nos conta que Lucien é um jovem poeta desconhecido da França do século XIX. Ele tem grandes esperanças e quer escolher seu destino. Ele larga a gráfica de sua província natal para tentar a sorte em Paris, nos braços de sua protetora. Logo deixado por conta própria na fabulosa vila, o jovem rapaz vai descobrir os bastidores de um mundo condenado à lei do lucro e das falsidades. Uma comédia humana na qual tudo se compra e se vende, da literatura à imprensa, da política aos sentimentos, das reputações às almas. Ele vai amar, sofrer, e sobreviver às suas ilusões.
O diretor e roteirista Xavier Giannoli já vem há um bom tempo entregando cada ano boas produções fortes e cheias de desenvolturas próprias, e que geralmente chegam por aqui no Varilux, e aqui ele criou um longa de época bem marcante, todo requintado em figurinos e intensos diálogos bem ácidos e imponentes, cheios de cenas fortes e engraçadas pela situação em si, e que bem sabemos que o mundo do jornalismo sempre teve bem essa ideologia do pagou falamos bem, tanto que vemos na TV hoje os merchans no meio dos jornais com alguns produtos que certamente quem ta falando ali nem gosta, vemos alguns livros sendo mostrados como bons sem que quem esteja falando nem tenha lido uma linha dele, e por aí vai, além claro de mostrar que a vida de aparências e títulos é algo que quem acaba entrando geralmente se lasca bastante, pois é um puxão de tapete maior que o outro, e você pode se arrepender de algumas escolhas. Ou seja, o diretor brinca com duas frentes que poderiam até não serem usadas em conjunto, mas que funcionam bem e impactam na medida certa do começo ao fim, e que se desenvolve com tanta desenvoltura que vai chamar muita atenção de quem for conferir o longa.
Quanto das atuações Benjamin Voisin entregou um Lucien perfeito, cheio de trejeitos marcantes, estando muito bem preparado para a mudança de personificação do jovem poeta provinciano para um jornalista imponente e até mesmo para os atos mais nobres junto da monarquia, e que entregando toda uma desenvoltura clássica, mas cheia de entremeios bem colocados consegue chamar a atenção completa do filme para si. Não menos importante, Vincent Lacoste trabalhou seu Lousteau com dinâmicas fortes, mostrando a classe e toda a inveja num ponto máximo, brincando muito com as nuances críticas e satíricas, usando e ousando de personalidade para marcar seu território, e por muitas vezes chega a aparecer até mais que o protagonista em alguns atos, o que foi bem arriscado, mas acertado ao menos. Xavier Dolan também foi muito bem com seu Nathan, e mesmo aparecendo pouco, mostrou os ares de um bom escritor, e sendo também o narrador do longa criou boas dinâmicas enfáticas e deu ares nobres para seu personagem. Salomé Dewaels entregou uma Coralie bem sensual, cheia de bons atos, e mostrou com muito impacto todo o ar das atrizes de peças simples e cômicas que vão para o teatro clássico e acabam sofrendo o preconceito, e a atriz saiu muito bem em tudo o que passou, mostrando a que veio. Já Cécile de France fez uma Louise muito fechada, com um estilo nobre, mas sem se entregar aos atos, parecendo nem o papel ir além nem a atriz, o que ficou um pouco estranho. Quanto aos demais, vale alguns destaques para Gérard Depardieu com seu Dauriat mostrando os primeiros editores marqueteiros cheios de personalidades, Jeanne Balibar com sua Marquesa de Espard toda requintada e pronta para dar o bote em quem cruzar seu caminho sem ser da nobreza, e principalmente Jean-François Stévenin com seu Singali sendo um dos primeiros agitador de plateias, mas muito bem comprado por quem pagar mais leva, e funcionando de uma maneira tão engraçada e bem colocada que mesmo sendo um personagem bem secundário foi bem demais e chamou atenção.
Visualmente o longa é cheio de requinte, trabalhando toda uma nuance de época com figurinos clássicos, toda a desenvoltura dos teatros, dos bordeis ao céu aberto, do início dos jornais em grandes quantidades cheios de propagandas e textos críticos, das vendas de tudo o que se possa pensar, e que brincando com as situações de riqueza e pobreza espiritual e monetária tudo ainda se desenvolve de uma forma tão interessante e intrigante que funciona demais, ou seja, a equipe de arte foi minuciosa em tantos detalhes, trabalhou tudo com uma riqueza cênica de nível máximo que acaba sendo daqueles que vamos nos lembrar quando falarem em filmes de época em Paris, pois a base do jornalismo marqueteiro foi desenhado da forma mostrada aqui.
Enfim, é um tremendo filmaço de época, que conta com um texto incrível, uma direção primorosa, todo uma produção visual bem marcante, ótimas atuações, e sendo assim só não é melhor por ser longo demais, e assim mesmo tendo um bom ritmo acaba cansando um pouco, mas de resto é daqueles que vou lembrar sempre que me perguntarem de um bom exemplar do estilo, pois vale muito a conferida para rir e conhecer um pouco mais do que rola com muitos críticos mundo afora que falam bem de um filme, livro, personalidade, e quando vamos conhecer ou ver ou ler mesmo vemos que não era bem tudo aquilo, sendo claro de um jornalismo comprado que desde aquela época faz muito sucesso. E estou falando por mim de uma recomendação, afinal até hoje ninguém veio comprar esse Coelho que vos escreve, então digo que vale a pena mesmo, e fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais pessoal.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...