Diria que a pesquisa do diretor e roteirista Elie Wajeman foi bem precisa, pois certamente já conheceu alguém ou vivenciou todo esse conflito interno de venda de receitas e atendimentos conflituosos com alguém para transparecer toda essa ideia em sua trama, pois seria impossível imaginar toda essa essência, todo esse sentimento de culpa e de responsabilidades para com tudo, e assim sendo foi muito preciso em toda a força de seu filme, resultando em algo impositivo, bem direto e cheio de dinâmicas bem marcadas, ao ponto que passamos a acreditar não ser apenas uma prática comum, como também algo que marcou a vida de alguém, e sendo assim o resultado nos mostra além de uma acusação, um pedido de ajuda, para que sentíssemos na pele todo o desespero do protagonista e como sua vida acabou influenciada, mesmo sendo algo dentro da família. Ou seja, é um filme fortíssimo, bem trabalhado pelo protagonista, e que tem uma direção bem precisa, mas que volto a frisar, que talvez abrindo o espaço de tempo o resultado fosse ainda maior, pois apenas uma noite imponente e impaciente acaba saindo de rumo, enquanto todo o contexto ficaria marcado.
Já que comecei a falar das atuações, diria que o foco todo ficou em cima de Vincent Macaigne com seu Mikaël, pois o ator deu seu máximo em trejeitos fortes, foi direto em diversos tipos de situações, desde o passeio com as filhas dançando no carro, passando por uma discussão com a esposa em casa, vários atendimentos de pacientes, uma inspeção da vigilância médica, uma transada no carro, uma festa, um jantar na madrugada com ex-colegas de escola, várias receitas falsas emitidas, uma overdose, e mais claro o final que tudo poderia resultar, ao ponto que para cada momento ele fez muito bem suas dinâmicas, ou seja, foi perfeito em cena. Já quanto aos demais tivemos Pio Marmaï com seu Dimitri todo enrolado, Sara Giraudeau com sua Sofia na dúvida de se casa com um primo ou foge com o outro, Sarah Le Picard com sua Sacha preocupada, mas também brava com o marido, e Lou Lampros com sua Nadège já completamente maluca com a quantidade de drogas no corpo, ou seja, todas as nuances possíveis para a noite completa do protagonista, aonde cada um entregou seu melhor, e o resultado fluiu bem para todos e suas representatividades.
Visualmente a pegada da equipe de arte foi bem intensa também, trabalhando com cores fortes e desenvolvendo tantos atos quanto o diretor necessitasse, e como já falei fica muito tempo dentro de seu carro indo de um atendimento para o outro, com um único figurino, mas passando desde bares, boates, hospitais, várias casas de pacientes de todo tipo, indo em lugares tensos e outros mais claros, e ainda tendo montado uma farmácia bem completa e a casa do protagonista, ou seja, tudo muito representativo tanto para a intensidade das cenas, quanto para o ar criminal que fica presente do começo ao fim, sendo algo forte e com contexto bem colocado, agradando e causando também.
Enfim, diria que é um filme que tem estilo principalmente, que diz sua mensagem na lata, não deixando nada nas entrelinhas, e que souberam ser marcantes. Claro que é um gosto pessoal que víssemos mais de tudo para que o filme fosse além, afinal julgamos apenas o que nos foi mostrado nessas horas da vida do personagem, mas o resultado é tão certeiro que acaba valendo a representatividade completa, sendo uma boa dica para todos. Bem é isso pessoal, eu fico por aqui agora, mas hoje ainda vejo mais um longa do Festival Varilux, então abraços e até logo mais.
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