Uma das coisas que sempre reclamei das Wachowski é a falta de poder de concisão delas, de saber cortar um filme sem dó, afinal sabemos que é caro filmar tudo o que se pensa no roteiro, que muita coisa precisa aparecer para ficar bem explicadinho, mas em todos os seus filmes tem muita sobra, ao ponto que aqui a trama ficou apenas a cargo de Lana, diferente dos demais Matrix que fez junto de Lilly, tem 148 minutos e facilmente com 120 ficaria ótimo, mas optou por mostrar ambientes gigantescos, muitas interações de personagens que praticamente apenas aparecem, vários atos lotados de figurantes, conversas alongadas e tudo mais que numa reflexão maior até acaba sendo importante e bem trabalhado, mas hoje o cinema necessita de ação, de desenvolvimento, e toda essa reflexão não vai ser usada infelizmente por todos, e assim o filme acaba tendo algumas barrigas como disse principalmente no terceiro ato aonde tudo parece se desenrolar, mas acaba ficando mais enrolado ainda, e assim damos aquele famoso bocejo, alguns dão olhada na hora do celular, e isso facilmente poderia ser evitado com alguns cortes. Ou seja, Lana conseguiu unir o passado e o futuro, e acertar muito em um filme novo e bem trabalhado, mas dava para ficar mais dinâmico e agradar ainda mais.
Sobre as atuações, Keanu Reeves sempre entrega muita personalidade em todos os papeis que faz, e seu Neo/Thomas continua sendo imponente, ele já bem mais velho que em 99 ainda dá seus saltos, faz trejeitos e entrega muita dinâmica em suas desenvolturas bem expressivas de dúvida e tudo mais, encaixando as devidas nuances para impactar muito em cena. O mesmo podemos dizer de Carrie Anne-Moss que é outra mulher desde o que fez lá nos anos 90 com sua Trinity, e aqui fazendo ainda ares bem sedutores e maduros, conseguiu dar as devidas nuances para as duas personalidades tanto de sua Trinity nos atos finais quanto de sua Tifanny durante todo o longa, ou seja, trabalhou muito em dobro e foi muito bem. A jovem Jessica Henwick fez muito bem seu papel de Bugs, brincando com a personificação de uma capitã da missão, se jogando muito nas lutas e tiros, e encarando atos fortes bem colocados cheios de elementos duplos, o que acaba chamando muita atenção e agradando bastante por ser alguém tão jovem no papel. Outro ator que é icônico em tudo o que faz é Neil Patrick Harris, e aqui seu analista é perfeito de nuances, trabalha bem toda a desenvoltura do papel, e cai perfeitamente com o papel importantíssimo da trama, pois pelos trailers e tudo mais parecia ser alguém meio que jogado, mas não, ele deslancha muito e o ator soube segurar essa responsabilidade com muita personalidade, agradando demais em seus atos cheios de trejeitos. Yahya Abdul-Mateen II e Jonathan Groff deram novas versões de Morpheus e Smith, brincando bem com toda a tecnologia da trama, e fazendo as clássicas interjeições do passado, criando desenvolturas que até nos confundem um pouco, mas que entregam bem tudo o que precisavam. Do passado mesmo voltou ainda Jada Pinkett Smith agora completamente diferente com uma Niobe bem velha, mas bem interessante para o conceito da trama, ao ponto que até poderia ter ido além, mas fez bem o que precisava, aliás temos um corte estranho seu no filme meio que mudando rapidamente de opinião parecendo que o filme tinha algo a mais ali no miolo, mas já enrolaram muito, e foi bem pelo menos. Quanto aos demais, vale uma rápida menção para Toby Onwumere com seu divertido Seq, mas mais pelas dinâmicas de ir abrindo os portais do que pela atuação em si.
Visualmente o longa é imponentíssimo, brincando com um mundo real ilusório totalmente tradicional, mas com muitas nuances interessantes, como o protagonista trabalhando numa empresa de design de jogos, com toda ambientação de várias telas de computadores, toda a criatividade rolando nas reuniões, e muita desenvoltura cheia de grandes sacadas, várias interações com muitos personagens dando tiros para todos os lados, cenas em prédios, com carros, motos e tudo mais, uma oficina de motos bem trabalhada, um café bem requintado e marcante, mas as cenas mais interessantes e bonitas recaem para a cidade de Io aonde temos a realidade com máquinas voando, muitos personagens robóticos, câmaras de corpos, cabos para todos os lados, criações de alimentos por máquinas e muito mais que daria para viajar muito no roteiro pelo ambiente todo, mas isso quem sabe fique para um outro filme.
O longa tem uma sonoridade bem marcante, com dinâmicas explosivas marcantes, muita ambientação musical e vários atos que amplificam tudo pela marcação sonora, o que mostra uma direção precisa e bem colocada na trama, fazendo com que o filme ficasse com um bom ritmo, além da canção "White Rabbit" que já estava no trailer e no filme ficou com um ritmo ainda mais diferenciado.
Enfim é um filme que mexe muito com nossa mente, que tem uma pegada imponente tanto pelos temas que trabalha, quanto pela desenvoltura tecnológica bem marcante, porém tem defeitos, o principal está na duração alongada, e na sequência querer ampliar um horizonte de uma forma exagerada demais que até tem todo um sentido demonstrado, mas que precisamos abstrair muita coisa para aceitar completamente. Porém mesmo com esses detalhes ainda é um tremendo filmaço que vale a conferida, então vou recomendar para todos que gostaram da franquia lá nos anos 90/2000 e quem sabe empolgam para mais algumas continuações que iremos torcer. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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