Netflix - Imperdoável (The Unforgiveable)

12/12/2021 01:34:00 AM |

Por duas vezes Sandra Bullock foi indicada como coadjuvante, levando uma estatueta e apenas passeando pela outra interpretação, mas acredito que esse ano ela vá dar uma voltinha no tapete vermelho das premiações pelo que fez no longa da Netflix "Imperdoável", pois o filme é daqueles com tantas tramas paralelas que no miolo já estava até me perguntando aonde iriam chegar com tudo, mas quando tudo passa a se conectar com uma forma precisa e cheia de nuances incríveis por parte de todos os personagens, a tensão aumenta e o resultado acaba ficando incrível de ver, pois é uma história dura, é algo que facilmente pode ocorrer na vida real, e principalmente que acontece com aqueles que tentam uma reintegração anos depois de algum ocorrido forte. Ou seja, é um filme que como o próprio nome diz ninguém nunca vai perdoar, mas que precisam viver e saber acontecer, afinal como a protagonista diz em determinado momento da trama, a sua vida continua, e o que aconteceu com os demais não temos como mudar, então que você mude, e faça o melhor que puder para isso. Sendo assim, é uma trama forte e ao mesmo tempo com um impacto bonito de ver, que tem estilo e entrega bons atos, excelentes atuações e uma história de primeira linha, que pode chamar muita atenção da Academia e das demais premiações, pois faz o estilo deles.

A sinopse nos conta que após cumprir pena de prisão por um crime violento, Ruth Slater volta ao convívio na sociedade, que se recusa a perdoar seu passado. Discriminada no lugar que já chamou de lar, sua única esperança agora é encontrar a irmã, que ela havia sido forçada a deixar para trás.

Diria que a diretora Nora Fingscheidt controlou bem toda a intensidade que sua trama tinha, usando bem o roteiro que lhe foi dado, e principalmente conduzindo todas os vários vértices, que originalmente foram feitos para uma série, encaixassem perfeitamente dentro de quase duas horas, pois facilmente vários diretores acabariam cortando momentos cruciais, outros alongariam tudo para ter algo de mais de três horas, mas ela optou por algo mais enxuto, preciso e muito reflexivo sem precisar forçar nada, colocando tudo nos eixos certinhos, e fazendo com que cada um que inicialmente pareciam apenas desconectados se encaixassem e envolvessem muito bem em um final preciso e muito emocionante, ao ponto que muitos vão chorar, outros vão brigar, mas certamente a maioria vai se envolver com a mensagem, afinal o perdão pode ser algo muito maior do que apenas dizem nas igrejas, e o sentimento de culpa em alguns vai perdurar a eternidade. Ou seja, o que foi proposto pela diretora foi algo muito bem sincronizado, com muitos atos fortes, e principalmente mantendo um estilo seu, que acabará sendo chamativo para outros filmes, e assim o resultado funcionou demais.

Sobre as atuações, simplesmente Sandra Bullock está incrível no papel de Ruth, entregando nuances fortes e de muita personalidade, trabalhando sentimentos e mostrando um potencial até maior do que sabemos que ela tem, pois segura com propriedade cada um dos atos seus e se entrega com tanta facilidade nas cenas mais fortes, emocionando com uma facilidade o público que nem tem como não esperar que ela seja ao menos lembrada nas premiações, pois aqui ela fez com certeza um dos maiores papeis de sua carreira. Quanto aos demais vou falar em duplas, pois cada um teve uma boa participação no seu eixo e marcou um envolvimento bem trabalhado, a começar por Vincent D'Onofrio e Viola Davis com seus John e Liz Ingram trabalhando o modo segurança da casa, com o famoso envolvimento de acreditar ou não no seu cliente como advogado e como dona da casa, e ambos foram bem expressivos nos seus atos, com o advogado num primeiro momento sendo agradável e depois meio que ficando largado, enquanto Viola mesmo fazendo poucas cenas foi expressiva e bem colocada no papel. Depois tivemos Will Pullen e Tom Guiry com seus Steve e Keith Weelan, trabalhando mais a síntese dos vingativos, com Keith mais violento num primeiro ato, e Steve mudando do bonzinho para o maluco após um acontecimento, e surtando direto com bons olhares e intenções. Aí vamos para os pais adotivos vividos por Richard Thomas e Linda Emond com a famosa dúvida de deixar o passado entrar em sua casa ou proteger a qualquer custo a jovem de conhecer algo que deveria estar apagado em sua memória, e que cada um do seu modo transmitiu olhares e nuances bem fortes. Chegando até nas duas jovens Aisling Franciosi e Emma Nelson que sendo ambas adotadas trabalharam suas Katherine e Emily com ambientações bem expressivas, tendo a primeira seus flashes fortes de um passado que não entende, e a segunda já sendo mais o coração e sofrendo as consequências, mas ambas bem colocadas em cena. E por último, mas não menos importantes, ainda tivemos Jon Bernthal e Rob Morgan com seus Blake e Vincent, sendo o primeiro a possibilidade de um romance, mas que falha por se perder com a verdade caindo em suas mãos, e o segundo como um mentor já que é o agente da condicional e tem uma certa afinidade com a protagonista, e ambos sendo as bases de emoções para os atos dela em contrapontos, ou seja um elenco extremamente bem conectado e cheio de símbolos para a protagonista se entregar e ir demonstrando todas as suas intenções cênicas.

Visualmente o longa tem muita simbologia, tanto do ato de sair da cadeia, mas ainda estar presa, com o ambiente aonde a protagonista vai morar após sair da prisão, que se duvidar é até pior de ambiente, os dois lugares de trabalho aonde vemos sua ressocialização para dar algo para alguém no caso da ONG com a carpintaria que sabe fazer bem, e na peixaria com todo a integração mantendo a frieza no ambiente e as intenções de matar por algo mais, vemos todo o símbolo da mudança na casa aonde foi o crime toda agora pintada de branco com uma família diferente bem conectada e nova, e da mesma forma a casa rica aonde a ex-garotinha vive, as traições em cima de uma vingança mal planejada de uma família que perdeu completamente a base, e assim vamos tendo cada momento bem representativo e marcante que agrada demais e funciona melhor ainda.

Enfim, é um tremendo filmaço que de cara você não dá nada para ele, no miolo se revolta com as diversas aberturas do roteiro (que é baseado numa série de mesmo nome, e assim necessitando ter tantos personagens), mas que no final tem grandes surpresas e envolvimentos para fazer valer o nível de drama colocado desde o começo, ou seja, perfeito como a gente gosta, e assim valendo muito a indicação. Bem é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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