Diria que a diretora e roteirista Leyla Bouzid não quis ousar muito e ser criticada por isso, de talvez estragar tradições ou ir muito além em princípios da cultura árabe, e com isso fez um filme que de certa forma foi bem centrado e direto, contando com a desenvoltura dos protagonistas, e com isso o tema tenha ficado um pouco seco demais para um longa digamos com um teor romântico. Que claro tem toda uma pegada bem trabalhada, pois tentou florear literatura com cultura e tudo mais, dando as devidas nuances que o tema pediria, mas quando precisou ir além segurou demais o freio e optou ficar na timidez do garoto, ou seja, o filme facilmente poderia ir além, poderia ter trabalhado todas as nuances do erotismo das antigas que sabemos bem ter existido, poderia ter brincado mais com as aulas da professora, e até mesmo florear mais as dinâmicas dos protagonistas, que aí o filme ficaria mais intenso e forte, ou então jogar tudo para o lado da timidez e criar um romantismo mais simples, que até ficaria bonito também, mas o meio do caminho ficou abstrato e não atingiu ninguém.
Sobre as atuações, diria que Sami Outalbali até fez bem seu Ahmed, seguindo bem suas tradições, trabalhando trejeitos bem envolventes e marcantes para seu personagem, e até entregando algumas desenvolturas para que seus atos fossem intensos, ou melhor, alguns de seus atos, pois em muitos pareceu um pouco sem ânimo ou faltando um pouco mais de traquejo por parte da direção em lhe pedir mais, afinal é um jovem no começo da faculdade, pronto para explodir e ficando muito frouxo em tudo, o que é ruim de ver, mas foi uma opção da direção, e assim acredito que o ator iria mais além se lhe pedido. Zbeida Belhajamor já soltou bem mais sua Farah, trabalhando ensejos e desejos, colocando um ar mais amplo em cena, e até criando algumas desenvolturas bem encaixadas, porém faltou usar mais ela em cena. Quanto aos demais, diria que todos contribuíram um pouco para que cada ato tivesse o devido encaixe, mas faltando atitude em tudo o que acabamos vendo é um pouco da tradição versus a tentativa do novo, sejam elas na família, na universidade ou com os amigos, e assim nenhum ator conseguiu explorar tanto quanto deveria o que foi ficando simples e insosso demais.
No conceito visual foi bacana vermos um conjunto residencial bem típico de imigrantes, com suas devidas dimensões e tradições, nos é mostrado uma festa de noivado bem tradicional árabe, tivemos uma faculdade de Letras com suas devidas representações, sem grandes anseios, mas bem trabalhada nas aulas, e alguns passeios por pontos característicos de Paris, mas tudo com os devidos símbolos bem em segundo plano, e até mesmo os ares literários que aparentemente deveriam ir além na trama ficaram bem subjetivos e assim estão ali, mas só para quem quiser pegar realmente. Ou seja, faltou um algo a mais no filme, e isso pesou a mão até na arte da trama.
Enfim, não é um filme ruim, principalmente pela proposta colocada, mas a diretora não ousou dentro dela, e acabou entregando algo muito mediano, que só flui em poucas cenas, de forma que tudo poderia ser bem quente e ousado, mas resultou em algo mais tímido que o protagonista, e isso certamente não era a ideia completa da trama. Sendo assim digo que tem filmes mais interessantes para conferir no Varilux nesses próximos três dias, mas eu felizmente já liquidei com todos, então eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos dos filmes que entraram em cartaz nos cinemas daqui, então abraços e até logo mais.
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