Diria que a diretora e roteirista Ève Deboise foi bem criativa na desenvoltura de seu filme, pois sabiamente deu ritmo para algo que casualmente poderia ocorrer, de alguém entrar em sua vida com uma imposição tão forte que você acaba nem conseguindo se desvencilhar, e vai seguindo o dia com situações corriqueiras, erros e acertos, sumiços e aparições, festas, mordidas de cachorro, curativos, mais e mais conversas, bebidas que vão e que vem, e que no final a intimidade já está até mais do que conectada, e que claro como todo bom filme romântico já virou um casal, e assim mais um dia está ganho. Ou seja, a premissa da trama é bem simples, acaba sendo quase um road-movie com o tanto de lugares que os protagonistas rodam por bairros e subúrbios de Paris, e que você acaba entrando no clima, pois não é cansativo, tem uma boa pegada, e mesmo tendo leves exageros o que vemos na tela transmite uma sinceridade gostosa que dá para entrar completamente na ideia, e assim sendo acredito que a diretora tem um bom futuro no estilo.
Sobre as atuações, Laetitia Dosch foi muito dinâmica com sua Julie, ao ponto que seus atos são tão diretos e expressivos que quando nos vemos estamos igual ao protagonista indo com ela para onde desejar, entregando chaves e tudo mais, pois é daquelas que vai falando, vai se entregando junto e tem uma persuasão tão impressionante que tudo passa a funcionar ao seu redor, ou seja, foi perfeita no papel e agradou demais. Pierre Deladonchamps costuma fazer mais filmes sérios, aonde entrega personalidades mais secas e sempre com ares bem marcantes, e aqui com seu Mathieu foi bem mais solto e cheio de nuances, entregando alguém que já está tão desacreditado com tudo, que entra facilmente na onda da sua parceira de cena e sai fazendo as maiores loucuras possíveis para tentar encontrar a garota do recado, e trabalhando bem as desenvolturas da trama, acaba parecendo até que nem está atuando mais lá para a metade do longa, mas sim deixando rolar, bebendo uns goles das bebidas, se soltando mais ainda, e deixando fluir, o que acaba sendo legal de ver, pois sua personalidade acaba chamando até mais atenção do que aparentava inicialmente, e assim acertando bem. Quanto aos demais, a maioria apenas se conectou com eles na festa, e rapidamente nas farmácias, mas nada que vá muito além.
No conceito visual o longa foi bacana por andar por muitos bairros e locais que pouco vemos nos filmes franceses, como subúrbios cheios de prédios comuns, em outro bairro as famosas casinhas todas iguais lembrando muito os condomínios, e claro ainda vemos um pouco da profissão da protagonista de cuidar de animais, invadindo as casas aonde cuida dos bichinhos, vemos todas as nuances dentro do carro, a bagunça de ambos os protagonistas com os seus bens e bolsas, e claro as ambientações por onde passam, desde uma festa de máscaras completamente maluca dos alunos, até claro a aula em um colégio, e assim mesmo tudo sendo bem simples, o resultado acaba sendo funcional.
Enfim, é um filme bem simples e bem gostoso, como toda boa comédia romântica deve ser, ao ponto que talvez até reclamaria do romance demorar demais para acontecer, mas toda a essência da trama é tão funcional para um dia apenas de buscas e desenvolturas que o resultado acaba sendo bacana de ver. Sendo assim recomendo para todos verem no Varilux nas cidades que está rolando, pois acho que o filme deva demorar a surgir pelas salas dos cinemas e/ou streamings, mas quem sabe. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, pois ainda faltam alguns longas do Festival para conferir, e nessa semana também vieram muitas estreias nos cinemas, então abraços e até logo mais.
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