Diria que o diretor Ross Clarke foi bem sutil na forma de conduzir sua obra, não criando nada que fosse chamativo demais, mas também não deixando que a trama ficasse morna ao ponto de cansarmos dela, usando bem os artifícios e problemas casuais de uma mentira bem contada, juntando toda a ideia de um passado tenso e forte, ou seja, basicamente como disse no começo ele pôs todas as temáticas tensas do passado, e algumas ainda atuais, em uma única fazenda, causando e envolvendo na mesma proporção, e fazendo com que as dinâmicas fossem coerentes e bem chamativas. Ou seja, é um filme que facilmente poderíamos ver escrito como sendo uma obra real, mas ao mesmo tempo também tem atos bem absurdos das pessoas não notarem, e assim toda a essência vai fluindo, acontecendo, até o ato mais explosivo na sauna, aonde o diretor resolveu quebrar todas as possibilidades de uma calmaria, e assim impactar com a desenvoltura certeira dos protagonistas para mudar o ângulo e já acabar com a história. Sendo assim, é um filme que o diretor poderia ter dividido melhor o tempo, pois ele tem um começo e um final rápidos demais, e situações múltiplas para desenvolver no miolo, ao ponto que acaba não montando algo chamativo ao ponto de lembrarmos dele futuramente, sendo aqueles longas que tem de tudo, ao mesmo tempo que não tem nada.
Quanto das atuações, diria que a jovem Sarah-Sofie Boussnina deu nuances bem fortes para sua Esther/Ola, sempre segurando bem nos olhares e nas atitudes, mas que poderia ter incorporado um ar mais masculino nas suas cenas como garoto, pois os soldados e a família se fizeram de bobo para não ver que era uma mulher ali em tudo o que fazia, e isso pesou um pouco, mas sua desenvoltura de forma geral é tão bonita e marcante que acaba agradando bem em tudo o que faz em cena. Arthur Hakalahti trabalhou bem as dinâmicas de seu Aksel, mancando muito, fazendo as intenções fortes e muito julgadas por seus pais, passando olhares e envolvimentos marcantes, e acertando no que precisava, não se impondo muito para chamar a cena para si, mas sempre presente como alvo dos problemas. Jakob Cedergren apareceu nas cenas mais fortes com seu Johann, porém já vimos ele em outros filmes noruegueses mostrando que sabe ir além, e aqui mesmo com diálogos fortes, ficou a maior parte do filme apenas andando pra lá e pra cá sem chamar atenção, o que é ruim de ver, mas quando precisou foi certeiro. Ainda tivemos todo o envolvimento marcante de Laura Birn com sua Anna, apanhando nos atos duros, sendo amorosa com o filho, e ajudando a garota quando precisou, e a retribuição vem no final em uma cena bem bonita de fechamento, ou seja, foi muito bem no que fez. Quanto os demais, vale apenas a menção para August Diehl como Herman e Johannes Kuhnke como Fred, pelos atos fortes que entregaram, mas sem ir muito além na trama.
Visualmente a trama trabalha bem o ar rural da Noruega da época, mas não chegando a mostrar muito das invasões nazistas, sendo simbólicos apenas pelos carros e fardas, tendo algumas festividades entre os soldados nós celeiros e sauna da fazenda, mostrando o ar de querer fazer parte do partido, contando com muita neve dando um ar frio para o ambiente, e trabalhando bem mais a essência de tudo do que algo mais representativo, ao ponto que a arte acabou sendo simples demais para tudo o que o filme poderia trabalhar.
Enfim, é um filme interessante de proposta, que tem sua dinâmica bem moldada, e que funciona por mostrar bem que uma pessoa acaba se dispondo a tudo para sobreviver. Claro que não é daqueles filmes que vamos lembrar eternamente, pois não tem um impacto maior como deveria ter, mas vale o tempo de tela, e acaba sendo mais um filme mostrando os males que os nazistas fizeram mundo afora, então deem o play e boa sessão. É isso meus amigos, fico por aqui agora, mas hoje ainda vou para mais uma conferida, então abraços e até logo mais.
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