Hoje foi dia de conferir filmes de diretores estreantes, e aqui Benjamin Cleary, que já ganhou um Oscar de Melhor Curta-Metragem em 2015, demonstrou muita segurança em trabalhar um tema pesadíssimo, aliás o roteiro sendo seu também ele conseguiu criar uma intensidade dramática tão bem colocada que poucos atores certamente fariam o estilo de questionamentos e expressividades numa disposição bem trabalhada para convencer o que ele desejava mostrar, pois poderia soar artificial, poderia ser cansativo, mas não, o filme segue o fluxo bem colocado, usa do arquétipo fácil de um único diferencial para que o público não se perca com quem é quem em cena, e mais do que isso sugere o envolvimento afetivo de uma forma que poucos costumam usar, mostrando que o diretor quis realmente cutucar a ferida para que haja futuras discussões sobre o tema usando o seu longa, e isso é um luxo que poucos filmes conseguem, e aqui certamente acontecerá.
Sobre as atuações, chega a ser incrível ver a força expressiva que Mahershala Ali entrega tanto para seu Cameron quanto para seu Jack, e as cenas em que ambos estão juntos chega a ser impressionante de trejeitos bem colocados para ser a mesma pessoa no mesmo corpo apenas mudando a roupa ali, e cada detalhe é minucioso, assustador e impactante, fazendo com que o ator se mostrasse solto, mas também preocupado e dinâmico, ou seja, um acerto iminente do começo ao fim. Glenn Close como sempre foi bem enfática com sua Dra. Jo, trabalhando com um ar de convencimento gigantesco, criando a certeza nos diálogos e sendo serena de trejeitos ao ponto de qualquer um confiar nela, e isso é algo muito arriscado, porém a atriz foi efetiva e agradou bastante com o que fez em cena. Outra atriz que vem se destacando demais em diversos filmes e aqui entregou uma expressividade bem marcante foi Awkwafina com sua Kate já em processo de morte, e sua cópia vendendo uma casa em condomínio para o protagonista, mas fazendo boas sacadas em trejeitos e diálogos, sendo marcante e trabalhando tão bem na mistura drama e comédia que chama muita atenção em cena. Ainda tivemos claro Naomie Harris bem colocada com sua Poppy, criando momentos românticos e também sacadas gostosas de ver no relacionamento com o protagonista, ao ponto de tudo ter uma desenvoltura bem dosada e agradável de ver, sem soar melosa nem exagerada, o que é o certo para o papel. Os demais participaram apenas, tendo alguns integrantes da clínica quase como fantasmas em cena, o cunhado e irmão gêmeo da esposa do protagonista dando algumas nuances maiores, e claro o garotinho Dax Rey saindo bem em cena com seu Cory.
No conceito visual, a clínica ficar num lugar completamente isolado do mundo, no meio de uma grandiosa floresta, mas com tudo bem tecnológico, portas que se abrem sozinhas, aparelhos sem fios nenhum, computadores no ar e tudo mais chamando bem atenção em contraponto com o cigarro da jovem que está nas suas últimas sendo bem enrolado e prático das antigas, ainda tivemos a casa do protagonista cheia de detalhes, também bem tecnológica, mas claro o cachorro não reconhecendo o dono (afinal os bichinhos enxergam nossas almas, já diziam alguns poetas), ainda tivemos todo o lance do trem com robôs sabendo os gostos pessoais de cada passageiro e já cobrando automaticamente, os carros autônomos e claro as devidas lentes filmadoras, ou seja, sendo um filme da Apple é capaz que metade dessa tecnologia já esteja pronta para ser lançada, mas a equipe de arte foi bem futurista e interessante nas nuances cênicas.
Enfim, é um filme que talvez pudesse surpreender mais em alguns atos, ter algumas nuances mais revoltantes e complexas, mas como disse a ideia talvez seja mais a discussão de certo, errado ou o que fazer tendo essa possibilidade, e claro que sendo o primeiro filme do diretor ele não quis ousar tanto, sendo assim o impacto é bem bom e vale bastante a conferida e as discussões que vão gerar, sendo uma boa dica para grupos de estudos. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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