Sempre vimos um filme dos irmãos Coen, mas hoje tanto a direção quanto o roteiro ficou a cargo apenas de Joel Coen, que soube pegar a obra já fortíssima de Shakespeare e recriar sua versão trágica, usando todo um artifício cênico próprio, desenvolturas marcantes para dar o ambiente e a força expressiva para os atores, e falando em ambiente tudo é altíssimo, para dar visão de grandeza para o protagonista, mas também a pequenez de seus atos malucos, ou seja, o diretor quis fazer algo completamente diferente, sem que perdesse todas as desenvolturas da obra, ao ponto que vamos acompanhando tudo, vamos ficando intrigados com tudo, mas como já conhecemos toda a obra, vamos apenas vendo como essa versão entrega cada ato bem colocado, mostrando que o diretor facilmente acertaria bem em longas de terror, mas que ao optar mais por dramas consegue deixar o tom num nível marcante, e aqui acerta bem isso também.
Sobre as atuações, acho que veremos os nomes dos protagonistas em algumas premiações, pois estão incríveis, fazendo trejeitos bem fortes e marcantes como sabemos que são capazes. Denzel Washington sempre faz dramatizações impactantes, e aqui seu Macbeth é preciso de olhares, incorpora uma loucura completa muito bem entregue, e principalmente faz nuances clássicas bem misturadas com inovações de trejeitos, o que mostra algo muito chamativo para o papel, e claro mostrando que ainda é um dos grandes nomes da atuação mundial. Frances McDormand já tem uma coleção imensa de prêmios e não duvidaria dela levar mais um pelo que faz com sua Lady Macbeth, não tanto pelo seu início calmo, porém forte, mas sua entrega nos atos finais é tamanha ao ponto de até assustar com suas feições, sendo precisa e muito marcante. Ainda tivemos muitos outros bons atores aparecendo, como Bertie Carvel com seu Banquo cheio de força, ou Corey Hawkins com seu Macduff marcante, ou até mesmo Alex Hassell com seu Ross presente em todos os lugares, mas sem dúvida o grande chamariz fica para Kathryn Hunter como as três bruxas e um velho homem da estrada, pois ela se entorta completamente, faz trejeitos assustadores e impactantes com sua voz e olhares tão densos que chega a arrepiar, dando literalmente um show apenas em poucas cenas.
Visualmente como já disse o longa parece uma obra teatral com diversos cenários imensos e bem altos, sendo bem representativo na amplitude dos castelos, da floresta, do acampamento do exército e das grandes casas, mas tudo bem clean, sem grandes detalhes de objetos cênicos, o que acaba sendo até estranho para uma obra dessa proporção, e talvez tenha sido uma ideia meio que ruim de acontecer, mas como todo os figurinos, armas e tudo mais chama muita atenção, o resultado sobrepõe esse erro, e que acabou sendo bem funcional filmar em preto e branco, com muita fumaça cênica para todo lado, criando ambientes próprios e intensos, e que no formato mais quadrado que acabou sendo exibido ainda chama mais atenção, ou seja, a equipe de arte trabalhou muito mais com a equipe de fotografia para criar as devidas sombras e luzes para marcar a trama, e isso acabou funcionando bem.
Enfim, é um filme bem intenso e marcante, que tem uma pegada densa e funcional dentro do texto proposto, mas que muitos não irão curtir completamente, e outros que já conhecem bem a história acabarão apenas vendo para conhecer essa nuance nova e diferente, já que muito pouca coisa foi mudada, e assim sendo vale pelo resultado completo. Ou seja, indico o longa para quem curte um estilo mais artístico do que um filme chamativo e cheio de ações, mas quem sabe algum dia não vira um clássico cult. Bem é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...