Mubi - Annette

1/06/2022 01:14:00 AM |

O longa "Annette" já está no Mubi desde o fim de novembro, mas sua ideia não me chamou muita atenção, pois parecia muita loucura para um musical, mas como nesse domingo já começam as famosas premiações, e o longa estando indicado eis que resolvi dar o play nele, e se antes eu acreditava que a ideia eram maluca, após conferir fiquei pensando muito em como deram melhor direção para ele em Cannes, pois como um drama até podemos entender toda a síntese, achar alguma funcionalidade para a trama e tudo mais, mas um musical exageradamente repetitivo, quase que teatralizado e sem grandes desenvolturas acabou ficando exageradamente abstrato para agradar, ao ponto que fiquei pensando no final se eu que não tinha entendido a proposta, ou se o filme era realmente bizarro, e vendo alguns comentários mundo afora vi que não estou tão maluco. Ou seja, é um filme com uma proposta tão diferente que precisa estar num clima que vai muito além para conseguir gostar dele, mas não é ruim de tudo, pois a essência passada acaba sendo intrigante e dá um certo envolvimento para não cansar tanto, mas não sei se recomendaria ele para mais ninguém.

O longa nos mostra que Henry é um comediante com um senso de humor feroz que se apaixona por Ann, uma cantora de ópera de renome mundial. Sob os holofotes, eles formam um casal apaixonado e glamoroso. O nascimento de sua primeira filha, Annette, uma menina misteriosa com um destino excepcional, vai virar suas vidas de cabeça para baixo.

Diria que o diretor Leos Carax até que desenvolveu bem a história original dos roteiristas Ron e Russell Mael (que também compuseram as canções do longa), mas ficou parecendo que ele tinha um estilo para entregar e o roteiro pedia outro completamente diferente, e fizeram algo no meio termo, pois são tantas coisas malucas desde tudo ser cantado ao vivo meio que sem ritmo, passando pelo bebê absurdamente robótico sem nenhuma explicação plausível, até chegarmos num final singelo e bem feito aonde a garotinha usada dá mais show que todos os atores do longa todo em uma única cena. Ou seja, o resultado entregue é algo que ficamos pensando se estamos entendendo, se tudo foi pensado dessa forma, ou se os críticos e juris dos festivais viram a mesma coisa que nós para estarem premiando e dando notas altas para a trama, pois é muito absurdo e bizarro, além de longo e repetitivo, que até podemos falar em ser algo original e ousado, mas não dá para encarar como algo bacana de conferir em um dia normal.

Sobre as atuações diria que Adam Driver precisa parar alguns minutos e começar a refletir o tanto de produções que seus agentes estão lhe colocando, pois pode até estar sendo bem pago, mas muitos filmes não encaixam seu estilo, e aqui seu Henry parece exageradamente forçado, sua forma de cantar não é algo muito funcional, e seus trejeitos acabam ficando mais estranhos que interessantes, ou seja, não é um papel que envolva o ator, nem algo que ele conseguiria chamar atenção. Já Marion Cotillard até tem algumas dinâmicas bem chamativas para que sua Ann se destacasse, o que tem feito com que fosse indicada à alguns prêmios, porém só sua desenvoltura cênica é interessante, já que ela é dublada por uma cantora lírica realmente e assim praticamente nem ouvimos sua voz real, afinal o filme inteiro é cantado, mas como é bem expressiva deu o tom e não falhou no que precisava fazer para o papel. Simon Helberg teve algumas boas cenas como o acompanhante musical da cantora, e depois maestro no segundo ato, e fez algumas caras e bocas bem marcantes, mas não impacta muito na trama, e seu resultado acaba sendo mais subjetivo pelo que diz na discussão do que chamativo realmente para si. E finalizando o bebê é um robô em todas as cenas, tirando na final que a jovem Devyn McDowell entra em ação com sua Annette, e simplesmente rouba o filme para si, ou seja, deviam ter colocado logo de cara a garotinha, pois foi imponente, deu estrutura cênica para o papel, teve expressividade e agradou demais.

Visualmente o longa é bem intrigante, pois mostra bem os dois teatros amplos, com a peça de stand-up do protagonista e a de ópera da protagonista, ambos imponentes e cheios de detalhes, além de contar com uma plateia bem volumosa, depois vamos para a casa dos protagonistas com cenas fortes em vários atos, seu barco com a cena mais marcantes que inclusive é a do pôster, e ainda tendo vários atos com a cantoria da boneca, tendo o desfecho principal num jogo estilo o SuperBowl, ou seja, o diretor quis grandiosidade cênica e conseguiu, com todos andando e cantando bastante, mas ainda o objeto cênico mais bizarro é o bebê/criança robô articulado que ainda não me convenceu o motivo de usarem isso ao invés de uma criança realmente.

Enfim, como disse já no começo não é um filme ruim, a ideia é interessante e a carga dramática é bem intensa, ao ponto que funcionaria muito bem como um filme comum, porém como musical desandou demais e soou mais estranho do que agradável de ver (e olha que amo musicais!), então não tenho como indicar ele para ninguém, e será daqueles filmes que só quem quiser ver todos os exemplares das premiações irá dar o play nele seja no Mubi ou na Amazon Prime (que deve entrar logo por lá, afinal é uma produção Amazon). Bem é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.



0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...