O diretor alemão Christian Schwochow trabalhou bem o roteiro que lhe foi entregue, pois sendo uma obra baseada no livro de Robert Harris é possível ver muita abertura para exposições de erros de ambas as partes, conseguiram segurar tanto versões utópicas e políticas de ambas as vertentes, e mostraram que espionagem de verdade tem de ser pessoas da área, pois quem não nasceu para dar um tiro jamais dará sem estar sendo ameaçado realmente, e assim o diretor brincou com facetas amplas, ousou questionar muito em cima do ar político, e principalmente deu seu estilo para o filme, pois é um tema que poderia vir com muito mais ação, poderia ser muito mais denso, mas não, ele soltou a mão e deixou que os protagonistas fizessem suas convenções, entregassem as dinâmicas mais fechadas, e o resultado foi um longa que tem uma boa pegada mesmo sendo alongado e enrolado, o que é raro de ver, e assim mesmo não sendo algo que comova, choque ou impacte o público, a ideia política foi funcional.
Sobre as atuações, George MacKay entregou bem seu Hugh Legat, trabalhando expressões bem desesperadas, correndo igual um maluco parecendo estagiário ao invés de um funcionário do governo, e trabalhando muito o sentimento nos seus trejeitos, ao ponto que conseguiu chamar até mais atenção do que o necessário no papel. Jannis Niewöhner deu um tom bem sério para seu Paul von Hartmann, criando um ambiente mais marcado em todas as suas cenas, e conseguindo dinamizar elas por mais que parecessem fechadas, não chamando tanto a responsabilidade para si, mas envolvendo bem no que fez em todos os atos. Jeremy Irons é mestre onde quer que apareça, e aqui seu primeiro-ministro Neville Chamberlain é marcante, tem estilo, tem dinâmica, e principalmente consegue dominar seus atos, fazendo com que os protagonistas ficassem bem em segundo plano, e isso foi um risco gigante da trama, pois o ator sênior não deu abertura para os mais novos, e isso acabou pesando. Ulrich Matthes trouxe um tom até que bem interessante para o seu Hitler, mas faltou um pouco mais da loucura imponente que sempre foi falado do ditador, e ele foi passivo demais em seus atos, o que acabou pegando um pouco. Ainda tivemos outros bons personagens, mas sem grandes momentos, valendo um leve destaque apenas para August Diehl com seu Franz pelos olhares e intensões bem colocados nos momentos certeiros, mas foram poucos atos, então nem foi muito além.
Visualmente o longa teve um ar bem diplomático, com muitas cenas de gabinetes, algumas de convenções, algumas sacadas de jantares, muitos charutos e cigarros, mas todo o início marcante de amizade e o lado mais imponente da espionagem acabou ficando muito de lado, não impactando nem nos atos nem na cenografia completa, deixando tudo bem seco, com tons exagerados de marrom, preto e cinza, e assim mesmo sendo um longa de época, com muitos carros marcantes, figurinos e até locações icônicas, o resultado da equipe de arte não conseguiu fluir muito.
Enfim, é um bom longa, mas daria para reduzir uns 20 minutos pelo menos, e ainda assim sobraria tempo para tudo, além de que poderiam ter trabalhado bem mais o ar de espionagem e tensão que envolveria muito mais do que todo o ar politizado que o longa acabou ficando. Ou seja, passa longe de ser um filme ruim, mas também passa bem longe de ser algo interessante de se envolver, ficando naquele famoso miolo bom de acreditar, e assim recomendar com muitas ressalvas. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais críticas, então abraços e até logo mais.
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