Falar que a direção de Guillermo del Toro é algo perfeito demais é ser repetitivo, pois já vamos conferir um filme dele esperando algo perfeito, afinal ele tem seus defeitos, mas o exagero técnico é algo que sempre vemos em suas tramas, e aqui sua adaptação do livro de William Lindsay Gresham foi algo tão imponente, tão cheio de detalhes e precioso de estilos, que tudo o que vemos na tela acaba tendo um sentido, uma explicação, um momento, e isso é incrível, pois todo o primeiro ato alguns elementos parecem meio que desnecessários, toda a explicação de como é feito realmente o truque que tanto já vimos em programas de ilusionistas, todos os demais elementos do circo/show de horrores que falamos pra que isso está sendo mostrado, mas não, ele apenas no dá os elos, brinca com tudo, faz parecer algo meio que inútil, mas lá no finalzinho ele devolve com chave de ouro para a grandiosa surpresa fazer efeito. Ou seja, é daquelas direções que você nota algo tão liso e preciso que vamos curtindo, vamos vendo, e até parecendo que vamos nos cansar de algo, mas não, ele devolve essa vida em outros atos, coloca coisas impossíveis para reclamarmos, coloca intensidade aonde poderia ter sutileza, e funciona demais, sendo até chato de ficarmos procurando defeitos para reclamar, e praticamente não tem.
Sobre as atuações, vou tentar me conter um pouco, senão vai virar um texto imenso, afinal que elenco foi esse que escolheram para o longa, só os melhores possíveis para cada papel, e começando claro pelo protagonista Bradley Cooper, que está completamente diferente de seus últimos papeis, pegou seu Stanton Carlisle com uma determinação incrível, se mostrando ao mesmo tempo um aprendiz que domina rapidamente a arte de enganar com o truque em mente, mas também já de cara se mostra alguém complexo e cheio de sacadas, abrindo todos os vértices possíveis para que seus momentos fossem além, ou seja, fez o papel nem parecer ser ele, e isso é atuar. Agora quem sem dúvida alguma botou o nome para jogo foi Cate Blanchett, pois se em sua primeira aparição no hotel parecia ser uma mera figurante, ou talvez uma coadjuvante simples, quando começa a mudar seu estilo nas cenas seguintes e entregar uma Lilith completamente imponente, vemos outra mulher entrando para explodir, e suas cenas finais são tão fortes e densas, que a complexidade do papel acaba indo muito além de tudo, ou seja, deu show em cena. Ainda tivemos Rooney Mara entregando uma Molly bem doce e cheia de virtudes emotivas, ao ponto que até poderia ir além, mas não sobrou tanto espaço para ela. Todo um ótimo gracejo e envolvimento pela dupla Toni Collette e David Strathaim com seus Zeena e Pete, cada um com uma simplicidade bem encaixada e uma parceria bem marcante. Tivemos Willem Dafoe perfeito como o dono do circo Clem, com seus ares bem marcados e diretos, entregando uma desenvoltura própria para seus atos, e focando bastante na ideia que será necessária no final e no miolo, ou seja, entregando as fichas que o público tem de observar. Ainda da turma do circo tivemos Ron Perlman como o brutamontes Bruno cheio de imposições para o protagonista, e o pequenino e bem colocado Mark Povinelli com seu Major cheio de estilo. E já no lado dos ricaços, os destaques claro ficaram para Richard Jenkins com seu Ezra complexo, mafioso, criminoso e cheio de dinâmicas, que até poderiam ter explorado mais, mas não teria tempo, tivemos junto dele seu capataz muito bem feito por Holt McCallany, e não menos importantes tivemos Peter MacNeill e Mary Steenburgen como o juiz Kimball e sua esposa, que num primeiro momento foram bem enganados pelo protagonista, mas seu ato final foi de um impacto monstruoso e incrível de ver.
O conceito visual da trama, assim como todo filme de Del Toro, é um luxo do começo ao fim, mostrando bem todo o ambiente dos anos 40, com as notícias de Hitler invadindo a Europa no rádio a todo momento, mas a base sendo vista num circo dos horrores completo com todas as atrações clássicas, toda a desenvoltura mística dos shows sendo revelada para o público, mostrando como eram feitas as leituras de cartas, como viam o que falar nos shows, como descobrir os objetos, toda a montagem de como criar uma pessoa selvagem, as lanchonetes da época, os artistas comendo juntos e vivendo em seus trailers/casas, tudo bem baratinho na base dos centavos no primeiro ato, e depois indo para os hotéis chiques, com shows de terno e tudo mais, os cachês milionários por revelar conversas com entes que já morreram, a clínica da psicóloga com todo um ar bem marcante com seu gravador de rolo, um polígrafo das antigas bem cheio de nuances, ou seja, um trabalho impecável da direção de arte.
Enfim, saí encantado com o que vi, e diria até que é um filme com praticamente nenhum defeito, mas mesmo não me cansando com ele gostaria de um pouco mais de dinâmica, mais shows do protagonista enganando mais pessoas, e até mesmo uma desenvoltura mais trabalhada no final, pois acabou rolando tudo muito rápido para o desfecho e enrolando um pouco demais no miolo, mas volto a frisar que é um filme incrível e que recomendo demais, e se tivesse notas pela metade daria um 9,5. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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