Telecine Play - Efeito Flashback (Flashback)

1/27/2022 12:32:00 AM |

Costumo gostar bastante de filmes que fazem viagens temporais, misturando buscas de memórias e talvez algumas mudanças nas vidas dos personagens, mas confesso que quando brincam com drogas e abstrações fico com um pouco de raiva pela loucura que acaba virando o filme, e com "Efeito Flashback", que entrou em cartaz no Telecine Play, o conflito de ideias, as situações cheias de efeitos piscantes, a bagunça da mente do protagonista é tão grande, que fiquei pensando que tipo de droga eu precisaria tomar para entrar completamente na mesma vibe dele e entender completamente a trama, pois não digo que não entendi o resultado final por completo, mas tenho ao menos uma boa ideia de tudo, só que é tanta confusão de ideias, tantas situações abstratas, que ao final nem sabemos bem quem é o que ou o que rolou, ou que época o protagonista está realmente. Ou seja, é um filme interessante de proposta, mas extremamente confuso e complexo, ao ponto de até gostarmos dele pela loucura toda, mas se gostamos realmente do que vimos, aí já é outra história.

O longa nos mostra que Fred é um jovem de quase 30 anos, com a vida adulta cada vez mais eminente, ele passa a se questionar sobre uma série de assuntos aleatórios que, por conta de sua instabilidade emocional, parecem ser extremamente relevantes. Em paralelo, ele tenta desvendar os mistérios relacionados ao sumiço de uma jovem mulher, uma droga chamada Mercury e a uma terrível criatura que o assombra desde a infância.

Como é um filme tão maluco, mas tão maluco, fiquei realmente preocupado com o tanto da droga que é mostrada no longa que o diretor e roteirista Chistopher MacBride ingeriu para fazer o longa, pois longe do filme ser algo ruim, mas é tão confuso e abstrato que ficamos pensando de onde pode sair tantos conflitos, sendo daquelas bagunças de trama que se você piscar já se perde completamente e fica preso num loop imenso sem saber como sair, ou seja, o diretor conseguiu criar uma trama cheia de ideias e sentidos, que só bem próximo do final conseguimos entender uma das partes da história, e algumas outras vamos pescando durante toda a exibição, ficando tudo razoavelmente explicado, ou ao menos com nuances que possamos entender. Sendo assim, diria que é daqueles filmes que até possuem uma trama simples para ser estudada, mas que foi tão trabalhado de idas e vindas, de quebras de tempo e psicodelias que nem sabemos no final se entendemos tudo, mas diria que com um pouco mais de tempo se consegue compreender bem a ideia.

Sobre as atuações, Dylan O'Brien amadureceu tanto nos últimos anos que logo mais deve encaixar personagens ainda mais impactantes, pois já entrega olhares fortes, nuances bem colocadas, e aqui seu Fred é daqueles que ficamos com raiva de ficar pensando demais, procurando coisas aonde nem sabe se existe, e fazendo sua mente e a nossa viajar demais, e se entregando por completo faz cenas bem malucas e interessantes de ver. A atriz Maika Monroe trabalhou também com muita intensidade nos olhares de sua Cindy, e a maquiagem brincou muito com seu rosto ao ponto de em alguns atos nem a reconhecermos direito, e isso deu uma perspectiva bem bacana e interessante para seus momentos, ou seja, agradou com o que fez. Ainda tivemos bons momentos de Emory Cohen com seu Sebastian meio maluco, meio agitado, mas bem colocado, tivemos Hannah Gross introspectiva demais com sua Karen, e parecendo até ser uma personagem perdida, mas no final tudo acaba se encaixando, e ainda tivemos Keir Gilchrist com um Andre mais maluco que tudo, se jogando forte nos atos com a droga, e nos atos calmos ficando meio que estranho, mas de uma maneira até que acertada. Quanto dos personagens mais secundários ainda, vale o destaque claro para a mãe do protagonista vivida por Liisa Repo-Martell pela forma estranha de suas cenas, e para Ian Matthews como um drogado/mendigo com chifres bem estranhos.

No conceito visual o longa é bem sujo e cheio de tantos efeitos psicodélicos, tantas mudanças cênicas com idades, cabelos, figurinos e tudo mais, que confesso que fiquei com dó da equipe de arte, do editor e da equipe de maquiagem, e nem tenho como falar do continuísta, pois esse morreu na metade do filme, afinal é muita coisa sendo colocada em tudo quanto é lugar, é objeto cênico importante em tudo quanto é cena, é personagem aparecendo diferente a toda hora, ou seja, colocaram a base na escola, numa zeladoria, num casarão abandonado, no escritório, num hospital, no apartamento do protagonista, mas esses lugares praticamente se entrelaçam a todo momento, o que dá um luxo a mais para o filme.

Enfim, é um filme que prende bastante, mas que é tão confuso de situações que não dá para indicar na certeza de que quem for ver irá curtir, pois como já disse piscou um olho já perdeu toda a nuance completa, e não vai entender mais nada, e assim a maioria vai acabar achando ele muito ruim. Ou seja, fica a dica para conferir com bastante calma, e se envolver com a bagunça completa, e depois refletir o quanto que o diretor tomou da droga para fazer tudo isso. Bem é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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