Já vi tanto filme diferente do diretor Sean McNamara que nem sei se posso falar que ele tem um estilo próprio, pois já fez filmes com animais, filmes natalinos, filmes de aliens, romances, animações e tudo mais, mostrando que não tem tempo ruim, chamou pra algo, ele está disposto a gravar, e isso ao mesmo tempo que muitos podem achar ruim, acaba sendo bom, pois vemos situações diferentes sendo bem encaixadas nas propostas, e aqui ele fez bem isso, pois usou a fantasia da sereia, colocou a tentativa de imortalidade de um rei egoísta, as diversas brigas entre religião (alma) e ciência (corpo/doenças), e claro que sobrou espaço até para colocar pitadas de romances, navegações, e tudo mais, mostrando que o diretor estava disposto a brincar com tudo o que tivesse a sua disposição, e usando bem a base do roteiro, acabou sendo criativo com cores, situações e impactando bastante com o luxo claro do mundinho fechado que era o palácio de Versalhes. Ou seja, o trabalho do diretor na trama é bem visto, ele não cria barrigas na trama, sendo 90 minutos direto de história, o que acaba sendo bem funcional, mesmo sendo bem fantasioso.
Sobre as atuações, o longa contou com um elenco bem encaixado, tendo Pierce Brosnan com uma cabeleira imensa para seu Luís XIV fazendo trejeitos bem clássicos da realeza, incorporando momentos marcantes e até sendo ríspido na medida certa, o que acaba agradando mesmo sendo um papel digamos "ruim" pelo que deseja. Kaya Scodelario veio tão diferente de personalidade e estilo para sua Marie-Josephe que nem pareceu aquela garota que fez tantos filmes de ação, pois deu estilo e envolvimento para a personagem, soou emotiva e bem colocada, e acabou indo muito bem em todas as cenas, até mesmo debaixo d'água (que ficou um pouco forçado, pois nem fechar a boca fechou para manter o ar lá embaixo) aonde soou ainda mais bela. William Hurt entregou um padre La Chaise bem encontrado, quase sendo um ministro direto do reino, acompanhando o rei em tudo o que faz, e trabalhando bons trejeitos singelos e bem colocados acabou chamando atenção em suas cenas. Benjamin Walker trabalhou seu Yves com um ar galanteador que acabou chamando bastante atenção, e criando as nuances com maiores ações puxa o olhar do público para seus momentos, o que é interessante, afinal não deveria estar como protagonista, mas como todo bom par romântico acaba aparecendo mais do que deve. Ainda tivemos boas cenas com a sereia vivida por Bingbing Fan, cheia de desenvolturas ágeis e bem marcantes de olhares, e a dama de companhia da protagonista vivida por Crystal Clarke foi bem carismática e empolgada ao ponto de agradar bastante em cena.
Visualmente o longa tem uma cenografia bem bonita com o palácio de Versalhes ao fundo, suas diversas fontes incríveis, pessoas com figurinos de época passeando para lá e para cá (as pessoas apenas passeavam?), todo o requinte da monarquia com seus grandiosos jantares e bailes, mas as principais cenas mais bonitas ficou no "aquário" que o rei montou para armazenar sua sereia, aonde um lugar aparentemente simples ficou gigantesco quando entram em mergulhos, ou seja, ficou meio irreal, porém bem interessante cenicamente, além disso tivemos cenas em alto mar na captura da sereia, e depois nas cenas finais ainda uma deslumbrante Atlântida que nem é usada a fundo no filme, mas ficou tão bonita que valeria uma continuação ali do filme. Ou seja, a equipe de arte teve um trabalho até que bem pesado para retratar o roteiro inteiro em cena, pois são tantos elementos visuais, tantas locações cênicas importantes e bem feitas, que até valeria uma certa menção nas premiações, mas dificilmente ocorrerá.
Enfim, é uma trama simples, bacana e até que bem feita, que até tem certos defeitos, mas que dentro de um passatempo completo acaba valendo o tempo dispendido conferindo a trama, que alguns até podem gostar mais, outros podem reclamar bem mais, mas que no fim das contas sendo bem rápido e sem enrolações acaba agradando bastante e vale a indicação. Sendo assim, fica a dica e eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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