Diria que o diretor e roteirista Austin Stark segurou demais sua trama, e exagerou demais na montagem com os dois atos rolando em paralelo o tempo todo, pois não causa nem em uma dinâmica, nem na outra, mostrando sim ambas as situações, todo o andamento futuro e suas consequências, mas sem um impacto para chamar a atenção, ao ponto que até mesmo a polêmica discussão de aceitar a doação e ir em um rumo ao invés do correto, acaba sendo simplória. Ou seja, todos os momentos do filme que parecem ter um estouro acabam ficando amornados nas transições de época, não evoluindo nenhum momento nem criando algo que fizesse o filme ser marcante, de forma que até conseguimos entender a ideia dessa brincadeira na montagem para ir mostrando consequências e situações, mas acabamos ficando esperando aquele algo a mais, e isso não acontece nem pela história em si, nem pelas atuações que são também mornas, e isso acaba desanimando um pouco.
Sobre as atuações, posso dizer que Kelsey Grammer entregou uma personalidade bem direta com seu Andre Boxer, com bastante cabelo em 2014 e já bem raleado em 2021, mas mantendo bem o estilo forte e direto, acertando em alguns atos e parecendo forçado em outros, porém sem grandes falhas, o que é bom de ver, mas talvez alguns atos com maiores problemas chamassem mais atenção, o que não ocorreu. Julia Stiles fez bem sua Jordan Taylor, com uma leve engordada nos 7 anos, e fazendo semblantes sempre meio que em dúvida do que está fazendo ficou parecendo inexperiente demais, o que é estranho para a função, mas a atriz soube segurar bem seus atos e até agradou em alguns bons momentos. Quanto aos demais, tivemos muitos conflitos que poderiam ter ido até além com a diretora do programa vivida por Janeane Garofalo, o maior doador do hospital e pai de um rapaz aguardando transplante vivido por Dan Hedaya, a enfermeira chefe bem imponente vivida por Patricia Floyd, o psiquiatra imparcial que Peter Kim entrega e o padre/advogado que Colman Domingo faz cheio de dinâmicas, mostrando ser um elenco que poderia explodir todos os atos facilmente, mas que preferiram deixar tudo no meio do caminho.
Visualmente o longa tem a maioria das cenas numa mesa de reuniões, mas contou com algumas cirurgias bem trabalhadas de transplante de coração, uma dinâmica de transplante de órgãos de animais, e até alguns atos mais familiares para tentar uma desenvoltura fora do hospital, mas certamente poderiam ter focado bem mais nas cenas tensas lá dentro, e até deixar de lado as "entrevistas" de alguns pacientes que soou mais falso e estranho do que algo próprio para o filme realmente.
Enfim, é um filme que tinha potencial para impressionar com o tema, mas que ficou muito morno em todas as situações, e assim não se desenvolveu como poderia. Claro que não é algo ruim de ver, pois acabamos conhecendo um pouco mais dos processos de doação, mesmo se tratando de uma ficção, mas certamente poderiam ter impactado em alguns atos e assim surpreendido mais. Ou seja, recomendo com tantas ressalvas que é melhor pensar um pouco antes de dar o play. Bem é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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