Em seu primeiro longa, o diretor João Wainer, soube ser bem direto nas ideias que João Cândido Zacharias adaptou do roteiro original criado pelos argentinos Mariano Cohn e Gastón Duprat, pois ainda não conferi o longa argentino, mas por tudo o que acabaram colocando na trama, conseguiram mudar muita coisa no texto para a realidade nacional, e ficou bem bacana toda essa interação, ao ponto que o filme teve vida própria e se não tivesse aparecido no final que era baseado em outro longa até acreditaria ser algo original, ou seja, o diretor soube criar tão bem o ambiente e as dinâmicas ali dentro do carro, com toda a interação personagem e voz de telefone, que consegue impactar e envolver, coisa que poucos fariam, e assim o resultado flui bem, e sendo bem curtinho funciona demais, mostrando o potencial de todos na frente e atrás das câmeras.
Sobre as atuações, já faz um bom tempo que falo do potencial de Chay Sued, e aqui com seu Djalma praticamente numa atuação solo, apenas brigando com uma voz proveniente do painel do carro, ele se entrega por completo, faz olhares e bocas marcantes para cada ato, dominando o ambiente, trabalhando toda a dramaticidade necessária para tudo o que rola, e que mesmo estando errado acabamos até com pena dele, ou seja, faz muito bem o papel marginalizado, mas passa também um pouco de humanidade na sua tentativa de sobreviver ao cativeiro, e aí entra o que o texto entrega também, se vamos defender ele ou o médico que o prendeu. Já Alexandre Nero está incrível em mais da metade do filme apenas como a voz do Dr. Henrique Ferrari, mas quando se materializa nas cenas finais está com a cara de maluco total, bem afrontado da sociedade psicótica atual, e com isso acabamos ficando com mais pena do ladrão do que do roubado, o que é muito maluco, e isso tudo se deve às atuações ótimas de ambos, pois poderia ser bem diferente, ou não, afinal cada um vai ter sua percepção da trama, e isso os atores e a direção deixou aberto para julgarmos.
Sobre o visual da trama, a base toda é dentro de um carro de luxo completamente blindado, com vidros polarizados, ou seja, sem dar para ver nada de dentro do carro pelo lado de fora, com os tradicionais bancos de couro, equipamento de multimídia, e tudo mais que já vimos, aonde o protagonista tenta sobreviver com a condensação da água de sua respiração, com o ar que o médico solta hora para congelar ele de frio, hora para suar horrores de calor e febre já que está ferido, algumas canetinhas da filha do ladrão que ele usa pra desenhar nos bancos, uma arma, e um grilo, ou seja, simples demais, e do lado de fora o tradicional bairro do Tucuruvi de SP, com as tradicionais pessoas que o protagonista ainda as descreve, mas que poderíamos ver acontecer na rua da nossa casa, ou seja, básico do básico, mas muito bem feito pela equipe de arte.
Enfim, é um filme para se refletir muito, que vamos cair no famoso conflito de defender bandido, do conflito dos direitos humanos, de quem está certo e quem está errado, mas que pra quem quiser a minha opinião eu acho que ambos estão muito errados, mas como o médico diz, hoje a justiça brasileira não resolve nada, entao é ver, se divertir com a ideia e a tensão alheia e torcer para não surtarmos a esse ponto, de nenhum dos dois lados, mas que recomendo o filme, isso eu recomendo e irei tentar ver o original para voltar aqui e comentar mais dele, então abraços e até logo mais.
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