Amazon Prime Video - A Máquina de Lembranças (Rememory)

2/07/2022 01:24:00 AM |

Costumo dizer que se apagamos uma memória nossa, sem ser por doença, é algo que nosso cérebro faz por segurança, afinal ficar remoendo algo muitas vezes não é algo bom, então criar uma máquina que vá fazer você lembrar exatamente o que aconteceu tal dia, e ver essa memória acontecendo é quase que algo criminoso de acontecer realmente, então minha torcida é que a ideia do longa "A Máquina de Lembranças" seja algo somente imaginário de um roteirista, pois creio que será algo não muito bacana de acontecer. Dito isso, o filme que estava já há muito tempo na minha lista da Amazon Prime Video, mas que por algum motivo tinha pulado ele, entrega uma trama bem simples, e que é desenvolvida meio como uma investigação de reencontro, primeiro do protagonista com a morte de seu irmão, querendo relembrar o que aconteceu realmente, e em segundo ponto que por vezes até sobressai, a busca por entender quem teria matado o inventor da máquina, e assim sendo o resultado até vai além, mas sendo deveras repetitivo pelo excesso de flashbacks, a melhor resposta é a que a esposa do inventor dá no final para tudo, e assim devemos fazer igual.

A sinopse nos conta que Gordon Dunn, um famoso pioneiro científico, é misteriosamente encontrado morto logo após a revelação de seu mais novo trabalho, um dispositivo inovador capaz de extrair, gravar e reproduzir as memórias não filtradas de uma pessoa. Após sua morte, a reclusa esposa de Gordon, Carolyn, mergulha mais fundo em seu próprio mundo privado quando um homem misterioso aparece alegando ser um conhecido do passado de Gordon. Com motivos questionáveis, ele pega a máquina e a usa para tentar resolver o mistério, iniciando uma investigação de memórias que o levam por um caminho de culpa, luto e traição até chegar a uma resposta inesperada.

Diria que o diretor e roteirista Mark Palansky quis conduzir sua trama com uma segurança realista em cima de algo inovador e criativo, mas que não obteve tanto sucesso, pois trabalhar um filme que envolva lembranças é sempre algo que exige uma constância dos momentos para que não soe exagerado e nem repetitivo, além claro de um elo surpreendente no final, e aqui ele repetiu tanto o material, trancou tudo sempre de forma tão direta, que em momento algum pensamos na hipótese entregue no fechamento, e isso é um problema mais pela nuance completa do que pela história em si, pois todo o mistério que o diretor segurou acaba sendo até um mistério para a própria trama. Ou seja, não chega a ser algo ruim de ver, muito pelo contrário, pois é um filme que causa algumas sensações, nos deixa tensos com todo o envolvimento e agrada bastante, mas poderia ser mais direto, causar mais em alguns atos e revelações, e surpreender bem mais, que aí sim o resultado seria incrível.

Sobre as atuações, é muito bacana de ver sempre a seriedade que Peter Dinklage entrega para seus personagens, e aqui seu Sam caberia muito bem como um investigador com a forma que entra na vida dos demais personagens, nas pegadas cênicas que força para marcar presença, e até mesmo nos elos e olhares tensos que desenvolve em sua busca, mas ficou muito omisso de força e envolvimento em alguns atos, parecendo que estava fazendo por fazer, por um ego próprio, e não como se tivesse um algo a mais, e isso acabou desapontando um pouco, porém é um problema acredito da montagem e do roteiro e não tanto do ator, que sempre é bom no que faz. Julia Ormond entregou facilmente a viúva indefesa que não pega no ar interesses das pessoas, e que desfalcada de senso se joga falando até demais para alguém que não conhece, e a atriz trabalhou bastante as emoções de sua Carolyn, sendo bem direta quando precisava, e principalmente se doando muito nos atos finais, sendo emotiva e bem colocada, o que acabou agradando bastante. Martin Donovan está morto desde o comecinho do filme com seu Gordon, mas apareceu tanto no filme que realmente precisou trabalhar muitas cenas suas, a maioria sentado e falando diretamente para a câmera, mas indo bem com um conforme meio que de um diário de viagens ou entrevistas, o que até soa estranho, mas bem colocado. Quanto aos demais, tivemos apenas algumas conexões e nada demais que surpreendesse, tendo destaque claro para Evelyne Brochu com sua Wendy, Matt Ellis como Dash, e algumas aparições meio jogadas de Henry Ian Cusick com seu Lawton, mas nada que chamasse alguma atenção mesmo.

Visualmente o longa tem uma estética simples, e se olharmos são poucas as locações usadas, tendo a casa do protagonista, com muitas maquetes e miniaturas, numa construção bem bacana de ver ele montando seu desfecho completo, a casa da viúva, aonde vemos cavalos e toda a ambientação da sala aonde ficam conversando, e a sede da empresa aonde rolou a morte, tendo ainda alguns momentos espaçados nas casas e nas memórias dos demais personagens, e claro a cena da batida, aonde tudo foi bem impactante, com suas devidas simbologias aparecendo a todo momento nas repetições, e claro uma máquina bem interessante, simples e eficaz, que qualquer um aprende a usar em segundos, ou seja, quase um celular.

Enfim, é um filme com uma proposta interessante, mas que repetiu demais tudo ao invés de ir direto ao ponto e dar mais resoluções para tudo, ficando algo meio que preso demais, mas que não é ruim de ver, sendo um bom passatempo para quem não viu ainda, afinal é um longa de 2017, então provavelmente muitos já deram o play, senão fica a dica. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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