Se fiquei conhecendo o cinema tcheco através da diretora Agnieszka Holland com "A Sombra de Stalin", aonde vi um pouco das ideias de George Orwell, agora pelas mesmas mãos pude conhecer um pouco de um médico que se envolveu tanto com os nazistas quanto com os comunistas, bem no miolo dos partidos, e pasmem, seu próximo filme será a biografia de Franz Kafka, ou seja, é uma diretora ousada em cima dos temas, que gosta de trabalhar biografias, e que mesmo usando artifícios mais secos, sem florear muito o tema que está trabalhando, consegue ser explícita na sua ideia original e pesar a mão de acordo com o que o filme pede. Ou seja, aqui ela poderia ter focado tanto mais na vida do jovem enquanto foi aprendiz da famosa curandeira da vila, poderia ter trabalhado mais o julgamento e até mesmo toda a situação ali, mas preferiu focar no miolo da história do protagonista, e principalmente sem ir a fundo nos nomes fortes que mexeu, pois aí sim tudo teria um vértice mais forte, e iria muito além do que apenas um caso amoroso e cheio de lealdade, que até tem seu gracejo, mas não funciona bem como poderia. Sendo assim, a diretora comete o mesmo erro que vimos em "Mr. Jones", de ser simbólica demais e representativa de menos, o que é um peso imenso, mas veremos o que ela fará com Kafka em breve.
Sobre as atuações, Ivan Trojan foi bem direto no que precisava entregar para seu Jan Mikolášek, ao ponto que mesmo sem ter um carisma que fizesse o público se conectar a ele, todas suas nuances foram bem marcadas, seus atos chamaram a atenção, e claro suas consultas foram marcantes, principalmente por ser direto e quase como alguém extremamente bem entendido do que estava fazendo, o que é uma característica médica que ele nem deveria ter, mas sem dúvida alguma as melhores cenas ficaram a cargo de Josef Trojan, que é filho do protagonista, fazendo o papel de Jan jovem, aprendendo a profissão de curandeiro, servindo o exército e começando a sua sina com um aprendizado marcante, exibido e com tudo o que o papel precisava, ou seja, ambos deram um bom tom para o personagem e agradaram bastante. Agora quem trabalhou um carisma sem igual no papel de František Palko foi Juraj Loj, que além de se jogar completamente em tudo o que era necessário nas cenas, trabalhou de forma intensa em todos os atos e chamou muito para o seu papel desde o começo até o último ato, ou seja, foi perfeito no que fez. Quanto aos demais, vale destacar Jaroslava Pokorná como a curandeira que ensinou tudo para o protagonista, fazendo atos bem marcantes, e também Jirí Cerný como o advogado do protagonista, mas ambos com sínteses mais fechadas sem grandes chamarizes.
Sobre o visual da trama é até interessante ver todo o processo da análise da urina das pessoas, como identificar os problemas só no olhar do que tem ali dentro, que ainda até hoje é visto em exames, claro com muito mais tecnologia, tivemos todo o trabalho cênico da casa da curandeira bem montada de ervas e produtos, as cenas da Gestapo levando o protagonista para um interrogatório mais forte, e alguns bons atos numa prisão bem rudimentar, ou seja, a equipe artística mostrou serviço com muitos tons cinzas para criar uma certa tensão e funcionou.
Enfim, é um filme que tem alguns problemas técnicos dentro de um roteiro que não foca tão bem aonde deveria funcionar realmente, e com um protagonista que não chama tanta a responsabilidade para seus atos, ao ponto que não marca tanto, mas é uma história bem interessante e acaba valendo a conferida para conhecer um pouco mais dos personagens de outros países, e sendo assim vale a indicação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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