Diria facilmente que o diretor e roteirista Alejandro Hidalgo em seu segundo longa soube ser ousado sem soar apelativo dentro do estilo, e que conseguiu brincar com todos os elementos clássicos trazendo uma certa modernidade para um filme de exorcismo, ao ponto que a trama tem uma pegada mais séria, e também se deixa levar dentro de toda a insanidade que é o gênero de possessão. Claro que o filme poderia causar mais e assustar menos, que é aquele caso que arrepiamos por inteiro quando algo acontece, mas ao tentar isso no seu filme, o diretor entregou algo rápido demais, o que acaba fazendo o famoso susto gratuito, ou seja, ele trabalhou um elo mais dinâmico e causou um pouco menos, mas ainda assim temos cenas fortes que deram um bom tom para o filme, e fez o principal que foi de não tornar uma comédia as cenas, pois isso é o famoso desandar de tudo, o que não ocorreu.
Sobre as atuações, conseguiram trabalhar bem Will Beinbrink com seu Padre Peter Williams nas duas épocas só mexendo bem com seus cabelos, e o ator entregou um ar imponente, soube conduzir bem os olhares de seu personagem, e principalmente foi convincente nos atos mais tensos, o que acabou chamando muita atenção, só que nos atos mais calmos ele ficou meio sem atitude, o que é um leve desandar, o que poderia dar uma tensão maior, e melhorar, mas felizmente não estragou o estilo do filme. María Gabriela de Faria não só deu show com a maquiagem que colocaram em sua Esperanza, mas trabalhou tantos trejeitos, tantos movimentos corporais, tanta desenvoltura explosiva com o demônio no corpo, que nas cenas finais quando a vemos normal temos quase a certeza de ser outra pessoa, ou seja, a atriz se jogou por completo e acertou demais. O mesmo posso dizer de Irán Castillo com sua Magali, pois a atriz começou o filme toda incorporada, e depois ficou uma senhora bem tranquila e cheia de sutilezas, o que resultou em algo bem diferente de ver, além claro da sensualidade que jogou no começo ser de primeira linha, ou seja, foi muito bem no que fez. Ainda tivemos boas cenas de Joseph Marcel com seu Padre Michael Lewis, sendo forte nas imposições para expulsar os demônios, mas falhou um pouco no seu ato dramático, ao ponto que poderia ter ido mais além. Também tivemos mais dois bons demônios incorporados em Alfredo Herrera como Jesus possuído e Eloisa Maturen como a Virgem possuída, ao ponto que ambos se entortaram bem, trabalharam olhares e bocas bem fortes, e acabaram chamando muita atenção. E ainda tivemos algumas pequenas cenas bem colocadas de Hector Kotsifakis com seu Dr. Nelson e Juan Ignacio Aranda como o Bispo Balducci, não entregando tantas cenas, mas aparecendo bem nos atos que precisaram deles.
Visualmente a equipe de arte caprichou em todos os momentos, tendo desde as casas simples dos possuídos toda destruída com os pertences espalhados para todos os lados, e junto com uma computação gráfica (ou será que foram efeitos práticos de cabeças saindo das paredes?) bem imponente o resultado acabou surpreendendo bastante, mas sem dúvida alguma o grande destaque ficou para as cenas na prisão que o padre Michael até faz uma leve piada se iria precisar de água benta ou alvejante para entrar ali, pois tudo é muito sujo, muito antigo e com luzes de contraponto ficou ainda mais marcante do começo ao fim, tendo ainda muitos elementos cênicos bem usados, e claro as cenas com Jesus e com a Virgem ainda trabalhando com situações bem ousadas e marcantes, ou seja, a equipe de arte trabalhou e muito.
Enfim, não digo ainda que seja um filme perfeito de terror, mas foi anos-luz melhor que muita coisa que vem sendo lançada ultimamente, e assim acaba sendo uma ótima indicação para quem gosta do estilo, e como já falei irei torcer muito para a equipe ser corajosa e já engatar na construção da continuação. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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