Netflix - Anne Frank, Minha Melhor Amiga (Mijn Beste Vriendin Anne Frank) (My Best Friend Anne Frank)

2/03/2022 01:01:00 AM |

Aconteceram tantas coisas no período do nazismo que acho que nunca irão acabar com as ideias para filmes originais que se embasem em situações da época, e isso não é ruim, pois vemos produções de países diferentes, com o símbolo máximo apontado, mas que floreiam por outras ideias, outras situações, outros problemas, e até mesmo quando trabalham com temas que já vimos em outros filmes, como é o caso do clássico "O Diário de Anne Frank", sempre surgem algumas novas tramas capazes de contextuar e envolver, como pode ser vista agora no lançamento holandês da Netflix, "Anne Frank, Minha Melhor Amiga", que trabalha o envolvimento de Anne com Hannah antes de serem capturadas, e ainda as diferenças entre os campos de concentração, aonde alguns sobreviveram "melhor", enquanto outros não conseguiram esperar até a libertação. Ou seja, é um filme com um bom envolvimento, bem trabalhado na síntese que foi entregue, e que acabamos conhecendo um pouco mais de onde viveram as garotas durante o período do começo da segregação e o durante, e embora não impacte tanto quanto deveria, o resultado chama a atenção, mas ainda poderiam ter criado algo mais forte e dinâmico para que o filme ficasse mais amplo.

O que nos é mostrado na tela é um longa sobre a amizade real entre Anne Frank e Hannah Goslar. As duas, apesar de origens diferentes, continuaram sua amizade em uma Alemanha nazista. Frank era judia, já Goslar era considerada uma cidadã alemã. Apesar de ideologias impostas pela sociedade, Goslar continuou sua amizade sem preconceitos ou medos com Frank. O longa segue a visão de Goslar em torno de suas experiências e sua amizade com Frank, desde ao encontro entre as duas e o início de sua amizade, ao desencontro por conta de que Frank precisou se esconder e até ao encontro entre as duas, em um dos campos de concentração de Auschwitz.

Diria que o diretor Ben Sombogaart teve a melhor das intenções com seu longa para retratar mais os olhares e a consciência de Hannah sobre sua amizade, os conflitos que teve na época bem jovem, e claro as coisas que ocorriam no campo de concentração, porém ele poderia ter sido mais enfático em muitas situações, pois o filme acaba parecendo algo aberto demais para as devidas virtudes, e não foca em nenhum dos momentos que poderiam impactar mais, pois o ambiente em si já dava para verter mais da juventude das garotas, ou então ir mostrar mais durezas dos campos, pois da forma que ele acabou fazendo seu filme não entrega nem muito um, nem o outro, dando as devidas deixas de uma maneira fácil e quase sem vida, o que não chega a ser totalmente ruim, mas não vai além, o que acaba soando problemático. Ou seja, é uma direção de confiança na protagonista, mas que não conseguiu enfatizar nada pelas protagonistas serem simples demais, e assim o resultado ficou também simples demais.

E já que dei a culpa para a protagonista, diria que a jovem Josephine Arendsen precisava se jogar mais para que sua Hannah tivesse um impacto emotivo maior, pois ao invés de aparentar um ar de garota mais jovem, ela acabou ficando como alguém imatura de emoções realmente, e isso pesou muito, afinal não sentimos suas emoções, e a todo momento parece estar nas nuvens, o que é uma falha de estilo, já que não vemos nem sua força, nem suas virtudes para com o cuidado da irmãzinha ou então no meio de tudo, o que acaba sendo algo meio perdido, ou seja, precisava se expressar mais, e ter algo a mais para que o filme não dependesse dela, mas sim de suas interações. Já Aiko Beemsterboer acabou mostrando uma Anne Frank já avançada para a idade, cheia de vida, cheia de vontades amorosas, e com uma desenvoltura criativa forte para contrastar bem com a amiga, e com isso mesmo seus atos ficando apenas como uma memória do passado da amiga, entregaram bons momentos interessantes de ver, só que poderiam ter mostrado mais o outro lado da cerca mais vezes, e assim causar um pouco mais. Quanto aos demais, um ou outro destaque espalhado para as mulheres do campo, e alguns poucos bons trejeitos do pai da garotinha, mas nada que fosse impressionante para ser citado.

Quanto do visual da trama, posso dizer facilmente que a equipe de arte trabalhou para valer, pois conseguiram montar um ambiente de época bem trabalhado com toda a tensão dos judeus na cidade, pessoas preparando anexos escondidos, escondendo joias nos pisos, pessoas preparando as malas e sendo levadas e tudo com muita cenografia para mostrar detalhes, o cinema tradicional, carros da época, e quando vão para o ambiente do campo de concentração luzes, figurinos, latrinas, beliches, tudo muito bem representativo e forte, só exageraram um pouco na facilidade da parede que a moça consegue escavar fácil para ver a amiga, mas foi representativo ao menos.

Enfim, é um filme bem feito, mas que facilmente poderia ter sido muito maior em vários sentidos e representações, porém funciona no modo bem básico e serve como mais uma visão de como foi a época do nazismo para claro os judeus, sendo assim vale a recomendação. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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