E é bem fácil entender a opção da diretora Tatiana Huezo em entregar seu primeiro longa de ficção dessa forma, pois sempre fez apenas documentários, então é mais fácil criar um drama quase que documental sobre um povo do que inventar toda uma situação tensa em cima de algo, e aqui ela usou o livro de Jennifer Clement como base e não quis criar muito para tirar o sentimento das garotas de aprenderem a viver sua adolescência no meio conflituoso das montanhas de papoulas, aonde tudo gira em cima dos carteis e quem quiser que viva para eles. Ou seja, a diretora usou sim de sutilezas para mostrar a tristeza de cortar o cabelo para parecer um menino, o desespero da mãe pela primeira menstruação, o esconderijo ficando pequeno para ocultar quando ouvirem algo, e se estamos falando de ouvir todo o treinamento para escutar barulhos bem de longe, as diversas mudanças de professores na escola, e assim todo esse cotidiano de vida vai rolando e acontecendo, mas sem realmente explodir nada, o que é ruim de seguir. Claro que é notável toda essa beleza técnica, todo esse envolvimento para aprender a conviver a adolescência nesse meio pronto para explodir, já que ficou maiorzinha já é levada embora, mas poderiam ter criado algo a mais para o filme ter uma vida realmente, e não apenas ser algo "documental".
Diria que a escolha de elenco foi bem sutil para arrumar garotas que nunca atuaram, e que fossem bem simples de expressividade, pois nem tenho como falar que foram surpreendentes no que fizeram, pois não foram, apenas fizeram caras e bocas nas cenas mais tensas, se divertiram em cena, e choraram muito com o corte de seus cabelos no começo, ao ponto que diria que as garotas novas se entregaram bem mais do que as adolescentes, com olhares mais vivos e dinâmicas mais precisas, tendo claro o destaque maior para Ana Cristina Ordóñez González com sua Ana no começo e depois para ela já adolescente mas menos expressiva com Marya Membreño. Outro que tentou aparecer um pouco foi o jovem Julián Guzmán Girón com Margarito já jovem, mas quando botou pra jogo sua interpretação acabou podado. E dentre os demais daria apenas uma ênfase na mãe da garota, mas nada que fosse muito além.
Visualmente a trama foi bem feita, mostrando a exploração das montanhas com as pedreiras, o cultivo das papoulas com as colheitas de resinas para fazer o ópio, mostraram os carteis apenas como pessoas que ficam andando de carrões atirando, sem nenhuma grande ênfase, deram algumas cenas com os médicos vindo para a cidade necessitando proteção do exército, mas esse mesmo tem medo dos cartéis e se esconde, e claro toda a simplicidade das casas, as pessoas pegando as coisas que sobram das casas que sobram após as pessoas serem levadas embora, e tudo mais, ou seja, é uma trama bem simples, porém direta no que desejava mostrar.
Enfim, sei que muitos conhecidos vão adorar o longa, por ser um estilo completamente próprio de festivais, com nuances requintadas e simbólicas de uma vida sofrida e tudo mais que o pessoal ama nesse estilo, mas se você for do tipo que prefere algo mais comercial, mais ficcional fuja, senão a chance de dormir é bem alta, aliás o longa tinha de estrear no Mubi e não na Netflix, pois muitos vão dar play nele e irão parar na metade. E assim fica minha dica, e eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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