Telecine Play - Surto (Surge)

2/14/2022 10:02:00 PM |

De vez em quando resolvo dar o play em uns filmes que nem eu sei o motivo, que ao invés de relaxar após um dia cansativo, acaba deixando ainda mais nervoso e irritado com toda a situação da trama, pois tem uns que liberam tantos gatilhos de revoltas que olha era melhor ter ficado sem ver. E não digo isso do longa "Surto", que entrou em cartaz na plataforma do Telecine Play, por ser algo ruim, muito pelo contrário, sendo daqueles longas que transmitem a sensação do protagonista tanto pela atuação quanto pela câmera desenfreada que lhe segue, mas a reclamação é de pensar que tem de soltar uma loucura completa dessas de vez em quando também, sair quebrando tudo, explodindo e tudo mais para acalmar os ânimos, só não pode ir tanto às ilegalidades como o protagonista faz, pois aí o risco de não se dar bem é mais alto do que o acalmar realmente. Dito isso, o que posso falar como técnica, é que o longa tem um estilo que muitos vão ver esperando um algo a mais e não irão encontrar, pois não era essa a ideia, mas quem entrar no clima talvez surte junto com o protagonista, ou ache o longa maluco demais e pare na metade.

A sinopse nos conta que o calmo e recatado Joseph leva uma vida modesta em Londres, viajando entre seu apartamento solo e o aeroporto onde ele faz parte da equipe de segurança. Seu aniversário passa despercebido por seus colegas e é apenas um pouco comemorado por seus pais irritados. Algo parece estar fervendo em Joseph logo abaixo da superfície. São necessários apenas alguns incidentes estranhos para liberar seu impulso de fazer uma viagem imprudente, frenética e inacreditável pelas ruas da cidade, enquanto ele determina que limites e gentilezas não mais governarão sua vida.

Diria que o diretor e roteirista Aneil Karia foi bem efetivo em seu primeiro longa metragem, mas deveras afobado assim como o protagonista, pois tudo parece explodir na trama do começo ao fim, desde a cabeça dele até seus atos mais simples, e isso ao mesmo tempo que acaba sendo bacana e bem interessante, também acaba sendo maluco demais, pois quem não entrar no clima do longa e surtar junto com ele, irá achar tanto a ideia como o desenvolvimento do filme algo meio que fora da casinha, e isso que é bacana de ver, pois poderíamos esperar qualquer coisa do personagem, de seus atos, e até mesmo de qualquer pessoa ao seu redor, e com isso a câmera desenfreada pode olhar tanto para o personagem quanto para ao redor, pode surtar junto ou acalmar, e com essa fluidez maluca, o resultado acaba sendo completamente inesperado, e é justamente isso o que o diretor deseja, o surto e o reflexo dele, que é onde nossa mente trabalha, e assim o acerto vem.

Sobre as atuações, tenho de pontuar somente sobre o protagonista Ben Whishaw que se entregou completamente para seu Joseph, fazendo caras, bocas, dinâmicas, se jogando, pulando, chacoalhando, correndo, e tudo mais que se possa pensar num momento de surto, desde as coisas normais e comuns até as mais ilegais e malucas, aonde claro dificilmente se safa numa repetição insana, e assim praticamente entramos no mesmo clima e ritmo dele do começo ao fim surtando junto, o que é muito bacana como experiência, pois tem duas forma básicas de ver o filme, a de ir contra ele, e a de entrar no mesmo ritmo, e assim a loucura vai muito além, e funciona mais ainda, mostrando tanto a boa personificação que o protagonista entrega, quanto a ideia completa funcionando, e assim tudo se encaixa e agrada demais, ao ponto de querermos até mais dele. Quanto aos demais, vale apenas algumas citações para a mãe do protagonista vivida por Ellie Haddington com nuances fortes e bem emotivas, e também colocar os atos diretos com Jasmine Jobson com sua Lily, mas tirando claro o ato explosivo na casa dela, nem lembraríamos de ter aparecido, e sendo assim o filme se completa com muitos figurantes, alguns com um pouco mais de fala, mas nada que vá muito além do olhar descrente do maluco que está na sua frente.

Visualmente o longa passa pelo setor de vistoria de um aeroporto, alguns momentos em trens, o apartamento do protagonista, a casa dos pais, vários atos em trens, muita correria nas ruas, o apartamento minúsculo da companheira de trabalho, um mercadinho e uma loja, alguns bancos, e até mesmo um hotel aonde conhecemos bem o interior de um colchão e de tudo mais que tem ali, incluindo uma festa privada, sendo tudo muito representativo para mostrar a realidade dos atos, ou seja, posso dizer facilmente que nenhum momento foi criado, e assim o resultado acaba indo muito além, mostrando primeiro que a direção quis algo insano, e num segundo momento que a equipe de arte saiu mais correndo junto com os produtores para liberações do que realmente criando algo, e assim o resultado explosivo funcionou ainda mais.

Enfim, é um filme que friso ser bem mais fechado para um público menor, mas que quem curte esse estilo de loucura e frenesi, e entrar completamente de cabeça na ideia da trama vai acabar gostando bastante do que verá, mas também já adianto que muitos vão odiar, pois a história em si é bem básica de um surto explosivo aonde o protagonista sai fazendo tudo e muito mais, e assim é o famoso ame ou odeie, não tendo como ficar em cima do muro. E eu diria que adorei a ideia toda, porém quase surtei junto com o personagem, pois a vontade de explodir igual é bem alta, e sendo assim recomendo o longa com toda a certeza de gatilhos possíveis. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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