Uncharted - Fora do Mapa (Uncharted)

2/18/2022 01:39:00 AM |

É tão legal quando vou conferir um filme sem saber muito sobre ele, pois na maioria das vezes não me decepciono por acabar entrando no clima durante a exibição, e ir conhecendo tudo conforme foi planejado pela direção, e costumo recomendar sempre que façam isso, pois é a melhor forma de curtir uma trama. Digo isso com muita firmeza para o longa "Uncharted - Fora do Mapa", pois muitos irão conferir a trama por já terem jogado o game, e assim sendo acabarão esperando muitos personagens e situações que provavelmente não irão encontrar, afinal pela única entrevista que vi do longa, aqui quiseram fazer algo anterior ao primeiro jogo da franquia, para realmente conhecermos os personagens antes de serem grandioso exploradores/caçadores de tesouros. E é exatamente isso o que acabam entregando um filme eletrizante, cheio de boas sacadas, apresentando bem quem é cada um, como eles conhecem todas as coisas, e suas devidas desenvolturas em busca de um grandioso tesouro, com mapas, com dicas fora dos mapas, e principalmente com muitos vilões, trapaças e tudo mais que o estilo pede, porém ousando bastante na forma de desenvolvimento, pois mesmo nunca tendo jogado o longa, me senti jogando na telona, com um estilo formatado, personagens meio que lendo as dicas para o público do outro lado da telona, tudo sendo descoberto aos poucos sem grandes pulos, e claro tendo boas lutas, cenografias clássicas do estilo de filmes de tesouros e tudo mais, ou seja, o pacote completo para a nova geração entrar em cheio nesse gênero de filmes, que vai funcionar para os fãs do jogo, e que vai fazer os fãs de "Indiana Jones" rever a jovialidade que víamos nos anos 80/90 de busca de tesouros, pois os longas atuais de Indiana andam meio travados demais. Sendo assim, recomendo muito a conferida, e irei torcer para dar bilheteria, para aí darem sequências na saga fazendo uma franquia de sucesso nos cinemas também, afinal nos games já tem essa fama.

A sinopse nos contra que o esperto Nathan Drake é recrutado pelo experiente caçador de tesouros Victor "Sully" Sullivan para recuperar uma fortuna acumulada por Fernão de Magalhães e perdida há 500 anos pela Casa de Moncada. O que começa como um trabalho de assalto para a dupla se torna uma corrida ao redor do mundo para alcançar o prêmio antes do implacável Santiago Moncada, que acredita que ele e sua família são os herdeiros legítimos. Se Nate e Sully puderem decifrar as pistas e resolver um dos mistérios mais antigos do mundo, eles encontrarão US$ 5 bilhões em tesouros e talvez até o irmão há muito perdido de Nate... mas somente se eles puderem aprender a trabalhar juntos.

O diretor Ruben Fleischer é daqueles que erra atirando, não tendo medo de arriscar de forma alguma, e foi assim que fez quatro dos filmes que o público ou ama demais ou odeia completamente ("Zumbilândia", "Venom", "Caça aos Gângsteres" e "Zumbilândia - Atire Duas Vezes"), e assim quando assumiu essa obra que muitos morriam de medo de adaptar para as telonas, afinal é uma das franquias de jogos mais vendidas e amadas da história, muitos ficaram com os dois pés atrás, pois era a mesma certeza de que ele iria fazer algo totalmente despojado e pronto para fluir, mas que certamente não agradaria a todos, porém ele foi esperto demais de colocar boas sacadas, piadas jogadas em momentos de tensão para descontrair e fazer fluir a trama, não jogar toda a ação de uma vez deixando que tudo acontecesse e rolasse de acordo com o decorrer da trama, mas principalmente fez a base de todo bom jogo de videogame, que é deixar o público ir jogando, confiando no personagem, olhando ao redor para encontrar pistas, e não apenas fazer algo que fosse entregue diretão como um filme mesmo, e assim a trama de origem fluiu tão bem, fez com que quem nunca tivesse jogado ficasse com vontade de jogar, criou todo o misticismo clássico de filmes de tesouros para um crescente dentro da franquia, e que mesmo tendo vilões meio que bobos e não tão fortes, o resultado da proposta deles para com a trama acabou sendo funcional. Ou seja, a história foi bem contada, e o diretor soube encontrar a melhor maneira para que não ficasse sendo apenas um filme, mas sim um jogo na telona, com boas imagens, boas situações, e cenas empolgantes, com as devidas profundidades de ambientes que veríamos na tela com o controle nas mãos, fazendo com que queiramos jogar mais, e no caso, ver mais filmes da franquia.

Sobre as atuações, já falei no último filme de Tom Holland que ele finalmente atingiu uma maturidade suficiente para ser encaixado em qualquer tipo de filme, e aqui como o longa não precisava apenas disso, mas sim um conhecimento de saltos, de ser um garoto que desvenda bem mistérios, e tudo mais que ele fez muito bem em todos os seus filmes anteriores, a junção acabou sendo completa, ao ponto que de cara podemos nem acreditar tanto em seu Nate, soando meio que um ladrãozinho que tem boas perspectivas, mas que tem um bom coração, mas quando sai pulando para tudo quanto é canto, sai jogando o jogo desvendando aonde colocar as cruzes, vivenciando o momento mesmo como um jogador faria com seu player no game, ele entregou exatamente a perspectiva que precisava, e quando o barco parte a "voar" como é mostrado no trailer, ele já bota o coldre tradicional no corpo e pronto, temos o Nate que certamente os fãs queriam ver aparecendo, ou seja, os agentes do ator que preparem a agenda dele, pois agora terão de conciliar duas franquias de sucesso para todas as gravações possíveis, além claro de outros filmes "mais maduros" que ele deseja colocar no currículo também. Falar de Mark Wahlbelg é sempre se preparar para rir do seus estilo sério e caricato ao mesmo tempo, e aqui a figura meio falastrona, meio durona, meio encrenqueira de Sully caiu como uma luva em suas mãos, pois o ator soube dosar tudo que já fez de bom também em cena, e foi criando o personagem durante algo maior, que muitos dos fãs até podem reclamar de não ser o mesmo que sempre viram nos jogos, mas o que era preciso aqui foi muito bem colocado e com nuances suficientes para entregar o potencial do ator e do personagem, funcionando nas cenas mais rápidas, mas deixando ele mais como alguém que anda, que faz as negociações e entra menos nas lutas, o que é bem legal de ver acontecendo e funcionando com um ator bem experiente no caso. Dentre os demais personagens, Sophia Ali caiu bem na personalidade de sua Chloe Frazer, sendo bem desconfiada, mas com interações bem colocadas e dinâmicas prontas que valorizaram bem seus trejeitos, e sem forçar o estilo teve até alguns atos de destaque, mas não foi muito além. Já Tati Gabrielle pareceu inicialmente uma personagem meio estranha com sua Jô Braddock, mas vai num crescente tão imponente como a vilã da trama, brigando pelo tesouro até o fim, lutando bastante e tendo dinâmicas bem aceleradas e fortes que acabam chamando muita atenção, ou seja, fez bem as caras e bocas para ser forte e acaba agradando. Por fim, mas não menos importante, Antonio Banderas entregou seu Santiago Moncada com trejeitos meio que caricatos, fazendo suas dinâmicas de uma forma mais simples, e nem indo muito além, sendo mais daqueles empresários que mandam fazer por ele, e o resultado até cai bem dentro do possível.

Sobre o visual da trama conseguiram trabalhar muito bem o conceito de filmes de aventura, iniciando com alguns momentos bem colocados no bar que o protagonista trabalha fazendo os malabares clássicos de um bom barman, e claro leves roubos, depois alguns momentos no apartamento de Sully com muitos elementos marcantes de expedições, na sequência boas cenas em um leilão, aí vamos para uma ótima expedição pelos túneis de Barcelona com muitos detalhes, símbolos e todas as pegadas clássicas do estilo contando com armadilhas e boas referências, na sequência vamos para dentro de um avião gigante bem montado, depois fora do avião com tudo caindo pelos ares em uma cena bem emocionante e bacana de ter sido feita, alguns atos em um resort com toda a cenografia bem chique, e fechando toda uma ótima desenvoltura nos navios, sejam dentro deles com os barris de ouro, ou quando voando com toda a desenvoltura de cordas e claro boas lutas de espadas e tudo mais, mostrando sempre que a equipe de arte pensou claro nos diversos elementos "jogáveis" e com paisagens de fundo bem colocadas para dar o devido envolvimento que o jogo sempre teve, e assim funcionar das duas formas como já disse no começo.

Enfim, é um tremendo filmaço que não é perfeito, afinal o estilo de ação e aventura conta sempre com falhas no roteiro, situações que soam estranhas, e até atos que poderiam ser minimizados para uma continuidade mais fluida, porém é daqueles tão gostosos de ver, que o tempo passa voando e quando vemos já estamos querendo bem mais, e como disse no começo como fui sem esperar nada dele acabei curtindo demais, e vou recomendar com certeza para todos. Aliás, o filme tem uma cena logo no começo dos créditos finais, que dá a entender aonde a continuação do longa irá seguir, que muitos já falaram ser bem mais parecido com o que é mostrado nos jogos, então fique na sala. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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