Em seu primeiro longa-metragem, o diretor e roteirista Adam Berg cometeu o mesmo erro que todos que querem fazer filmes de guerra e ação logo que começam a carreira: abusar da inteligência do espectador. Pois como falei no começo, a principal falha da trama é não posicionar direito o público do que está acontecendo, pois vemos já tudo sendo invadido, pessoas sendo raptadas, uma mãe e uma filha em um carro, e logo depois ela já em um trem, e depois tudo do antes vamos vendo aos poucos nas lembranças da protagonista, ou seja, acabamos não sabendo quem está contra quem, o que levou à guerra, nem o motivo principal da jovem ter virado um soldado, deixando tudo jogado e o público que decida se acredita ou não na situação completa, porém tirando esse detalhe ele fez boas cenas de explosão, cenas bem intensas de tiros, e claro o famoso desespero de soldados no meio do caos, o que acabou sendo imponente e bacana de ver, e claro mostrando que tudo está congelado, a sacada de patinadores foi bem elaborada e funcional. Ou seja, o diretor mostrou serviço com um orçamento apertado, trabalhou bem vários elementos do estilo, e acabou criando algo que até dá para curtir, porém poderia ter ido muito além com apenas alguns minutos a mais mostrando o começo da guerra, o estilo de convocação e tudo mais, que aí sim toda a imponência até o final funcionaria melhor.
Sobre as atuações, diria que Noomi Rapace ficou um pouco estranha com cabelos cacheados e ruivos, parecendo que o papel não era para ser dela e conseguiu entrar meio que de alguma forma não muito usual, mas a atriz que sempre faz bons olhares, e se entrega do começo ao fim para que sua Caroline Edh flua e seja bem imponente, agradando com trejeitos e desenvolturas com armas (afinal já fez tantos filmes empunhando que já age até naturalmente). O personagem de Jakob Oftebro, Nylund, é daqueles que conseguem nos confundir tanto que no final já nem sabemos se torcemos para ele viver ou morrer, pois tem atos que parece ir para um lado, logo em seguida tá contra, depois volta a estar a favor, parece morrer, depois surge na outra cena, e assim vai, de modo que seus olhares foram bem marcantes, e mostrou atitude pelo menos, mas poderiam ter falado para ele ir num rumo só que agradaria mais. Quanto aos demais, a maioria dos soldados do grupo até tem boas conexões, mas não vão muito além, tem Dar Salim um tom mais saudoso e cheio de força com seu Malik, Ardalan Esmaili mostrando com seu Karimi mais o desespero para conseguir falar com a namorada de outro batalhão por um rádio, sendo um despreparo imenso para alguém que tem de ficar escondido, e ainda o mais jovem do pelotão Erik Enge trabalhando bem seu Granvik com estilo próprio para que fosse marcante dentro de alguém que era para estar morto e preferiu se alistar do que fugir, ou seja, tem boas histórias no miolo de todos, mas nenhum chamou tanta atenção.
Visualmente o longa tem um bom estilo, chega a dar até frio com tanto gelo e vento para todos os lados, e que contando com muitas armas, tiros, explosões, os soldados vão patinando bem tentando sobreviver entrando em navios abandonados, piers, passando por mortos congelados na água, e muito sofrimento até chegar na base do outro lado aonde temos uma estrutura bem chamativa de vários andares com preparações de armas químicas, muitos soldados, helicópteros e tudo mais que deu uma grandiosidade para a trama.
Enfim, é um filme com uma pegada interessante, com boas cenas de ação e com um desenvolvimento que impressiona bastante, porém volto a frisar que faltou situar melhor tudo para que a trama toda tivesse um envolvimento por completo, mas ainda assim vale o passatempo, e fica sendo uma indicação para o pessoal que gosta de ver filmes de ação/guerra meio que diferentes do usual. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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