Netflix - Sorte de Quem? (Windfall)

3/27/2022 07:26:00 PM |

Costumo dizer que alguns filmes são tão fechados em cena que nem parecerem ter alguma produção maior envolvida, ficando quase como uma encenação teatral com mais de um ambiente, aonde o diretor desejou mostrar um algo a mais e não conseguiu, deixando para que os artistas se expressem ao máximo para chamar atenção para o desenrolar da trama. E isso não é algo ruim, quando é bem feito, mas do contrário acaba sendo quase um remedinho para dormir com tudo o que ocorre, e digo que o longa da Netflix, "Sorte De Quem", só não é pior pelo bom fechamento escolhido, aonde temos alguma surpresa perante a tudo o que aconteceu, pois senão seria daqueles que eu reclamaria do começo ao fim do texto com tudo, pois é cansativo, não impacta nas dinâmicas, e facilmente daria para representar num teatro com poucas modificações, que talvez chamaria mais atenção também. 

A sinopse nos mostra um jovem homem que, após muita cautela e planejamento, decide invadir a casa de veraneio de um bilionário, já que não está na época dos ricos irem para tais locais. Tudo ocorre como planejado, ele entra na casa e aproveita o resto de tempo que tem da casa livre antes de saqueá-la. Ele vai atrás do que importa: dinheiro e coisas valiosas. É então quando vai para a o escritório do dono da casa que ele acha um pouco de dinheiro e mais algumas coisas. Mas quando está prestes sair, o dono da casa chega com sua esposa para um fim de semana romântico no local. É então quando os proprietários finalmente veem a presença de um estranho em sua casa. Mas o bandido não está ali para violência, então planeja que eles fiquem seus reféns, pedindo dinheiro para que o casal seja solto, mas certo dinheiro só chegará em 36 horas - e muitas coisas podem dar errado nesse meio tempo.

Diria que o diretor Charlie McDowell tentou fazer algo do estilo de Hitchcock, porém só existiu um Hitchcock e não tem como tentar se parecer com ele, pois é falha na certa, e aqui em seu longa faltou criar tensão em cima dos personagens, faltou colocar atitude nos protagonistas para que tanto o bilionário se tornasse insuportável, quanto o ladrão se desesperasse mais para entrar em conflito com tudo, e até mesmo a mulher em cena surtasse ou impactasse mais, ficando um resultado morno de intensidade e com dinâmicas demais para um texto simples, mostrando claro que alguns bilionários não ligam se estão acabando com a vida de alguém para chegar aonde desejavam, mas que também não tem medo de acabar com sua vida sendo arrogante, e assim o trabalho da trama até tem alguma desenvoltura para discutir o que é válido ou não para conseguir dinheiro nessa vida. Ou seja, é um texto básico demais, com atitudes básicas demais, e uma fluidez básica também, que até foi bem elaborado num grande pomar de tangerinas, numa casa rica de detalhes, mas sem grandes frutos para impactar realmente.

Sobre as atuações, gosto do jeitão meio largado que Jesse Plemons sempre entrega, mas aqui talvez precisaria de alguém com uma atitude mais forte e de impacto para que seu CEO bilionário causasse revolta e ânsia nos demais participantes das cenas, ao ponto que ele nem gastou muitos olhares e trejeitos nos atos, forçando o ar sempre para recair no mesmo estilo que faz em todo filme que está, e isso é ruim de ver acontecer. Jason Segel soube ter postura para que seu assaltante fosse chamativo nos atos, mas mesmo falando em determinado momento que estudou para estar ali, ficou parecendo ser algo tão aleatório que nem vai muito além na trama, mas soube dominar os olhares, foi criativo nos devidos momentos-chaves e chamou até um pouco a responsabilidade para si, o que ficou intrigante em algumas cenas. Já Lily Collins ainda deve estar se perguntando o que foi fazer no filme, pois quase na totalidade da trama seus trejeitos e atitudes pareceram inúteis para o longa, sobrando apenas seu final que dá um choque maior em tudo e agrada, mas faltou para a atriz uma frieza em alguns atos, um pouco de contraste cênico para tudo, e aí sim o resultado chamaria atenção realmente. Ainda tivemos a participação de Omar Leyva como um jardineiro, que entregou um pouco de expressividade para a trama nos atos que foi colocado, mas impactou mais o seu desespero do que realmente uma amplitude que o papel poderia dar, e assim ficou como apenas um secundário realmente para tudo.

Visualmente o longa tem um ambiente bem recheado de elementos cênicos, mostra uma fazenda gigantesca com um pomar de tangerinas (ou laranjas) gigante, com uma casa contando com vários chalés separados, cinema, piscina, sauna, além de uma sala simples de estética mas com nuances bem marcantes para todas as cenas, porém como disse poderia facilmente ser visto como uma peça que mudasse um ou dois ambientes, e funcionaria da mesma forma, então apenas gastaram o orçamento para chamar atenção mesmo.

Enfim, é um filme bem fraco, que mais cansa do que chama atenção, sendo daqueles que certamente iremos esquecer daqui alguns dias de sequer ter visto, então não tenho como recomendar ele para ninguém. Então vamos lá conferir o Oscar de hoje que ganhamos mais, e volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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