Diria que o diretor colombiano Rodrigo Garcia foi tão preciso na direção escolhida, que vemos nitidamente o texto funcionando na tela, e não é qualquer texto, afinal o artigo do Washington Post escrito por Eli Saslow ganhou o Prêmio Pullitzer quando foi escrito, e Rodrigo pegou essa grande obra e intensificou de uma maneira imponente, cheia de nuances fortes e sacadas cômicas bem leves no miolo, que acabam fluindo demais durante toda a exibição, resultando em um filme que bate o sentimento de tristeza, bate a emoção por cada ato bem representado pelas protagonistas, e principalmente mostra como quem entra nesse mundo das drogas acaba desabando demais com tudo, ou seja, é daquelas tramas que vemos envolvimento demais de todas as partes, e que funciona de uma maneira tão fácil que não temos como reclamar de nada, apenas sentir e curtir.
Sobre as atuações, temos basicamente um show de Glenn Close e Mila Kunis do começo ao fim da trama, transbordando envolvimento e olhares dentro de uma dinâmica bem coesa e marcante por ambas, ou seja, o filme se faz valer com as atuações. Glenn Close fez com que sua Deb fosse cheia de dúvidas da filha, morresse de medo de qualquer recaída, trabalhando com confiança negativa até para cima da personagem, mas também entregando o carisma e o famoso amor de mãe, que não consegue ser dura na totalidade, e assim seus atos funcionaram bem demais, agradando bastante e claro chamando a responsabilidade cênica para si quando precisou. Da mesma forma Mila Kunis se entregou por completo, com uma maquiagem inicial que não conseguimos nem a reconhecer direito de tão debilitada, sem dentes, cabelo mal pintado, feridas para todos os lados, magérrima, mas não apenas de maquiagem se faz um personagem, e sua Molly foi incorporada com uma precisão cirúrgica, de tal maneira que ficamos desesperados com alguns de seus atos, com a maneira que se porta, com sua abstinência, ou seja, perfeita. Tivemos outros bons atores aparecendo em cena, mas não tenho como destacar ninguém, pois seria uma injustiça já que o filme é das duas e só.
Visualmente o longa em si é simples, mas muito simbólico, desde os elementos do quarto da garota, o alarme da porta num bairro seguro, toda a representação da derrota em um jogo e em um quebra-cabeça, a clínica e o hospital em si que para os pais parecem não estar fazendo nada já que o desespero bate, e claro os atos na casa abandonada mostrando toda a representação da degradação que os viciados acabam fazendo naquele meio, praticamente morrendo ali, ou seja, a equipe de arte ousou e foi muito representativa em todos os atos, fazendo valer cada elemento cênico escolhido.
A trilha sonora usa bem alguns elementos para marcar os devidos pontos da trama, dar um certo ritmo e emocionar em alguns atos, mas o filme acabou sendo indicado ao Oscar pela canção de fechamento dos créditos de Reba McEntire, "Somehow You Do", que é bem representativa pelo significado dentro da trama, então quem quiser ouvir e ler ela fica aqui o link.
Enfim, é um filme bem envolvente e comovente, que passa muita emoção nas expressivas interpretações das protagonistas, que conta uma história dura e forte (que até pensei que tivesse acabado diferente na hora do fechamento, e que vale muito a conferida, então aproveitem que entrou em cartaz no streaming e deem o play, pois recomendo demais. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
PS: Acho que poderia ter dado até uma nota maior para o filme, mas talvez se o fechamento fosse outro, pois a invertida ficou bonita, mas não causou como acontece na maioria dos casos.
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